A estação original de Guaxupé, poucos anos antes de se tornar um grande entroncamento de linhas
Guaxupé, Minas Gerais: de 1904 a 1913, sua estação ferroviária foi apenas o terminal de uma linha da Mogiana que saía de Casa Branca, SP. A partir de 1912, passou a ligar a estação a Guaranésia; a partir de 1914 a Muzambinho, e a Tuiuti (e por conseguinte à linha da E. F. de Muzambinho que terminava ali), em 1915 a Biguatinga, por outro ramal, e em 1922 a Passos no mesmo ramal que passava por Guaranésia e outras cidades do sul de Minas.
Portanto, em dez anos, o futuro da cidade estava moldado. Em 1916, já com boa parte da região acima sendo atendida, a Mogiana via acontecer um verdadeiro caos na estação, que recebia gente de inúmeras cidades por quatro linhas diferentes. Não havia acomodações aos passageiros que baldeavam para o ramal de Tuiuti, o de maior movimento na época (Nota: a estação de Tuiuti teve o nome alterado para Jureia em 1944). A aglomeração de pessoas causava empurrões am mulheres e crianças; e por incrível que possa parecer, a maior parte dessas pessoas na estação era de... curiosos, gente que corria para ver as manobras dos trens e locomotivas, complexas por atenderem a quatro destinos diferentes no mesmo pátio.
A Mogiana passou a receber reclamações constantes por causa disso. Notícias de roubos no meio da multidão pioravam a situação. Além disso, os passageiros dos trens se queixavam que a Mogiana pegava água para servir a eles nos trens, e na própria estação, de um córrego próximo (o ribeirão Guaxupé), que por sua vez recebia dois afluentes poluídos por esgotos, bem próximos à coleta dessa água. Esta era visualmente suja.
Como a Mogiana lidou com isto, não se sabe exatamente. O que se sabe é que o prédio da estação só foi aumentado nos anos 1930.
Assim foi até 1962, quando dois dos ramais mineiros foram extintos (Tuiuti e Biguatinga). Sobrou o terceiro, que, na prática, passou a ser apenas a continuação da linha que saía de Casa Branca. O trem de passageiros que ligava Casa Branca a Passos foi extinto em 1977.
A estação de Guaxupé hoje é de propriedade da Prefeitura e tem vários departamentos que servem à cidade. Os trilhos do pátio e das linhas foram arrancados. Os leitos que dali saíam e chegavam viraram avenidas. Vários depósitos que havia ali e que eram servidos pela ferrovia foram fechados. Alguns ainda podem ser vistos às margens da avenida.
Para quem for da região e tiver acesso aos armazéns da Cooxupé, até hoje as "gavetas" onde entravam os trens da Mogiana para carregar café estão lá, mas os trilhos foram tampados com concreto, e hoje são os caminhões que entram para carregar e descarregar.
ResponderExcluirNa edição do Estadão, de 11.04.1916, página 4, Notícias de Minas - Guaxupé:
ResponderExcluir"Tráfego Mutuo - Tem causado satisfação a notícia de que brevemente a Companhia Mogyana inaugurará o tráfego mutuo com a Rêde Sul-Mineira em Tuiuty; para isso as tarifas da Companhia Mogyana foram elevadas na sua rêde sul-mineira e resta-nos que esta situação não fique estacionaria pagando-se mais sem o tráfego mutuo.
Acreditamos que o engenheiro fiscal federal, aqui residente, já tenha dado os passos para que sejam defendidos os interesses do publico.
Estação - Sabemos que a Companhia Mogyana, attendendo às necessidades do publico, vae melhorar a estação desta cidade tornando a plataforma mais ampla, impedindo assim a agglomeração de curiosos junto dos carros; é um grande melhoramento, visto como as pessoas sensatas terão onde ficar sem aperto e os inconvenientes terão que se haver com a polícia que assim terá como entrar em acção."
Mais notícias sobre o tráfego mútuo, a estação de Guaxupé e a construção do ramal de Passos na edição do Estadão de 12.05.1916, página 5, Notícias de Minas:
ResponderExcluirhttp://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19160512-13653-nac-0005-999-5-not