Carro abandonado em pátio ferroviário. Foto Eduardo Janeis
Até 1930, pelo menos uma notícia sobre as estradas de ferro brasileiras (ou relacionadas a ela) saía diariamente nos jornais.
Até 1950, pelo menos uma notícia sobre as estradas de ferro brasileiras (ou relacionadas a ela) saía semanalmente nos jornais.
A partir de 1970, não era tão fácil assim encontrar notícias sobre ferrovias brasileiras nos jornais.
A Revista Ferroviária, especializada em ferrovias no Brasil, começou a ser publicada nos anos 1940 e existe até hoje. Porém, até o início dos anos 2000 era mensal. Atualmente é bimestral.
Outras revistas especializadas em ferrovias em geral foram descontinuadas e já não existiam nos anos 1940.
O Guia Levi, guia de horários para publicar especificamente os dos trens de passageiros das estradas de ferro brasileiras, foi publicado mensalmente até 1984, quando foi descontinuado.
Até mais ou menos 1940, os horários dos trens das ferrovias, quando sofriam modificações, eram publicados nos grandes jornais.
A partir de 1956, começaram as desativações de várias linhas de passageiros brasileiras. Boa parte das linhas desativadas não saíram nos jornais, às vezes, nem em jornais da região onde estavam essas linhas. Exemplos: ramal de Água Vermelha, em São Paulo, desativado em 1962. Os grandes jornais foram publicando cada vez menos essas desativações. Há linhas que até hoje não encontrei notícia sobre sua desativação em local algum.
Os relatórios das empresas ferroviárias brasileiras eram anuais até o final dos anos 1960, publicando diversos dados sobre o ano anterior. A partir da formação da FEPASA, esses relatórios passaram a ser bastante incompletos e imprecisos. Foram distribuídos, não anualmente, até 1998. O último deles não tinha uma data sequer.
Até os anos 1980, qualquer pessoa sabia onde ficava a estação ferroviária da sua cidade, mesmo que ela estivesse desativada. Hoje em dia, pouca gente sabe o que é uma estação ferroviária na grande maioria das cidades que teve ou que ainda tem ferrovia.
As fotografias das ferrovias, tiradas por amadores, eram tomadas em muitíssimo menos vezes até 2000. Porém, quando mostravam funcionários das mesmas, você percebia o seu orgulho em ali estar. Hoje, os funcionários fogem das fotos.
Ao contrário do resto do mundo, o Brasil, hoje, não tem trens de passageiros, praticamente. Tem trens de curto percurso - trens metropolitanos, antigos trens de subúrbios - e de longo percurso, apenas os da Vale do Rio Doce nos estados de Minas Gerais, Espirito Santo, Pará e Maranhão.
O resto do mundo tem ferrovias que atuam como cargueiras e de passageiros de forma a ter uma participação bastante grande no modal de transporte e da infraestrutura dos países. Aqui, bom, aqui, não.
Atualmente, a maior parte das notícias que ainda saem nos jornais brasileiras é sobre a história de uma ferrovia, do abandono das mesmas e do atraso na construção das poucas que são construidas. Os acidentes são extremamente comuns, pela falta de manutenção nas linhas.
Poderia listar outros fatos, mas o que está escrito mostra o descaso com que é tratado um modal de transporte que, ao contrário do que pensam os políticos brasileiros, não é um transporte superado do século XIX. Afinal, a Europa, os Estados Unidos e praticamente todos os outros países do mundo estão aí para provar.
Para provar, basta saber que o Brasil tinha 38 mil quilômetros de trilhos operando, tanto para cargas quanto para passageiros, no ano de 1960. Hoje, de linhas em boas condições operando regularmente não tem nem 15 mil. Se tiver.
sábado, 15 de agosto de 2015
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