quarta-feira, 14 de maio de 2014

BRASIL - O PREÇO DA MÁ FAMA


Com a aproximação da Copa do Mundo, aumentam, e de forma que já beira o insuportável, os comericias na televisão cujo tema é o maior torneio do mundo. Parece, realmente, que cada brasileiro é um imbecil que só pensa na Copa nesta época do ano (de quatro em quatro anos), seja ela em que lugar for.

A impressão que se tem é que ele esquece as mulheres, os carrões, os desodorantes, os relógios, a cerveja... só se lembra de futebol.

Eu já fui parcialmente assim. Porém, eu tinha doze-treze anos de idade. Ainda gosto de futebol, mas Copas do Mundo começam a me irritar, ainda mais quando o país está na situação que está, com greves, economia estagnada, violência, hospitais públicos caindo aos pedaços, a infra-estrutura indo para o buraco, estradas ruins, ferrovias piores, aeroportos insuficientes, portos marítimos entupidos, a corrupção no governo e em empresas particulares desenfreadas, a cracolândia paulistana usando e abusando do (não) direito de fazer o que quiser, direitos humanos protegendo bandidos, assassinatos comendo solto, incentivo ao racismo e à luta de classes, pelas cotas sociais e outros motivos.

E o resto.V. sabe qual é o resto, com certeza. Vai desde erros crassos de português até assassinatos por causa de... nada.

Exceto, lógico, se você for filiado ao PT ou for comunista, um regime que já provou ser uma catástrofe em todo lugar em que foi implantado até hoje. Se V. está nesta classe, achará que tem o melhor governo do mundo, que jornais só mentem e que o Brasil está melhorando a olhos vistos. E que construir doze estádios é mais importante do que todo o resto, mesmo que a maioria deles venha ser inútil após o término do torneio e que reformar hospitais não é prioritário.

Agora, como o Brasil está no centro da visão mundial justamente por ser sede de uma Copa, fato que se consolidará daqui a pouco menos de um mês, quando começam os jogos, a imprensa mundial cai matando sobre o país. País, que, segundo eles, é um país absurdo.

A Inglaterra, com sua imprensa e principalmente o Financial Times (não é essa a revista que mete o pau em quem não segue a sua linha de pensamento em termos de economia? Se não for essa, desculpem minha ignorância e memória fraca, mas há uma revista inglesa lida no mundo inteiro que faz exatamente isso), vem, desde que o país deles não foi o escolhido para as olimpíadas de 2016 perdendo para o Rio de Janeiro, metendo o pau em tudo que é assunto referente ao Brasil.

O ator americano Robin Williams é um dos que mais despreza nosso país em suas opiniões. Como todo artista, seja da Globo ou de Hollywood, acha, claro, que é o dono da verdade.

Recentemente um repórter dinamarquês esteve aqui por alguns meses, no nordeste e mais precisamente no Ceará e saiu metendo o pau no que viu. Disse coisas do arco da velha em uma carta publicada, claro, quando ele já estava de volta indignado no seu país confortavelmente instalado

E alguns dias atrás a França, através de uma revista de esportes reconhecida, segndoo a informação que me passaram, como uma das mais sérias do mundo, respeitada até pela FIFA (Nossa!!!!!), publicou uma reportagem em que espinafra o Brasil em todos os assuntos, dizendo uma catarata de assuntos em que, para ela, são absurdo no mais alto grau. A maioria dos assuntos ao qual me referi no terceiro parágrafo deste artigo foi citado pela revista (e o que me impressionou foi os franceses dizerem que o governo dá dinheiro para as prostitutas aprenderem inglês e "atender bem" aos turistas, mas não fez a mesma coisa comos motoristas de táxi que, para piorar as coisas, ainda roubam os turistas incautos com tarifas absurdas e ilegais - generalizando isto, o que claramente é um erro da parte deles. Ou preconceito).

Hoje li alguns palpites dados plos dirigentes chineses para "endireitar" nosso país - pode até ser mentira, coisa de Facebook, mas as sugestões são válidas, de qualquer forma.

Por outro lado, querem saber? Praticamente tudo o que eles escrevem, franceses, americanos, dinamarqueses e ingleses, está infelizmente correto. O país vai muito mal mesmo. O fato de ainda restar algum patriotismo em mim deixa-me extremamente zangado com tudo isso, mas sou infelizmente obrigado a dar a mão à palmatória.

O que não entendo, porém, é o conflito de interesses. Se o mundo todo (ou a parte mais influente) acha mesmo tudo isso, o que é que todas essas multinacionais estão fazendo aqui? Ou, se não estão aqui, por que negociam conosco, pobres tupiniquins perdidos aqui do outro lado do Atlântico e (quase todo) ao sul do Equador?

Por que não tiram seu dinheiro daqui, já que, em princípio, aplicar suas fortunas num local desses deveria ser considerado como prejuízo certo com perda total?

E a FIFA e o Comitê Olímpico Internacional, eram eles tão ingênuos para não saber no que daria tudo isso, uma Copa e Olimpíadas na nossa bagunça eterna? Ou foram atraídos pela corrupção que geraria frutos para eles e agora acham que tudo isso não valeu a pena? Em outras palavras, desde que nasci vejo a bagunça que é o Brasil, onde o planejamento é coisa rara e onde todas as obras atrasam, por um motivo ou por outro. Será que os nossos tão inteligentes e cultos "amigos" europeus e anglo-saxões não aprenderam isso depois de observar-nos tão atentamente e interessadamente durante quase duzentos anos de independência?

Falar mal dos outros estando do lado de fora é fácil. Principalmente quando eles não aplicam o que se fala. Não deveriam ter posto dinheiro aqui, a julgar pelo que pensam o que isto é e pelo que realmente somos. Mas põe. Reclamam agora por que?



Um comentário: