Trem dos escoteiros da RVPSC - Folha da Manhã, 12/2/1959
O ano era 1959. Acidentes na linha da Paulista, Santos a Jundiaí e Central do Brasil deixaram, em janeiro e em fevereiro, diversos passageiros sem transporte ferroviário para o interior paulista e para o Rio de Janeiro. Os jornais noticiavam e era notícia importante. Em poucos dias os problemas eram arrumados e tudo voltava ao normal.
Apesar de já existir transporte rodoviário e de diversas estradas de rodagem já haverem sido asfaltadas nessa época, o trem ainda era confortável e tinha o horário, principalmente na Companhia Paulista, estritamente cumprido, com punições para os maquinistas e outros eventuais funcionários responsáveis quando isso ocorria.
Acidente em Taubaté na linha da EFCB - Folha da Manhã, 14/1/1959
As empresas faziam os anúncios e os jornais cumpriam sua obrigação de anunciar os problemas porque isso fazia diferença.
Os tempos eram outros. Se não fosse, o que faria, por exemplo, dezenas de escoteiros partirem para Porto Alegre da estação Julio Prestes numa composição da RVPSC - Rede de Viação Paraná-Santa Catarina e não de ônibus?
Foram-se esses tempos. Evoluímos? Não. Embora o transporte aéreo e por ônibus seja muito melhor do que naquela época, os trens não se tornaram obsoletos: o que ocorreu foi que nossos inteligentes governantes federais, estaduais e municipais, que a partir de 1961 tornaram-se donos de toda a malha ferroviária brasileira, com a emcampação da última que sobrava, justamente a melhor delas, a Cia. Paulista de Estradas de Ferro, decidiram entrar pela contramão de todos os outros países da Terra: abandonar as ferrovias à sua própria sorte.
Acidente em Louveira na linha da CP - Folha da Manhã, 14/2/1959
Primeiro os trens de passageiros, "deficitários". Depois, as cargas, por absoluto desleixo. Finalmente, em 1998, entregaram as concessões - sem trens de passageiros - à iniciativa privada, que está terminando de acabar de vez com as ferrovias, de tão mal que tratam as vias permanentes e o material rodante, ao passo que o imobiliário, que ficou nas mãos do governo, vai virando poeira: estações, armazéns, oficinas. casas de turma, etc.
Acidentes com cargueiros acontecem e em diversos casos as vias permanentes não são recuperadas (a linha é abandonada) ou recuperadas como o nariz. Em diversos casos os vagões acidentados permanecem tombados ao lado da linha por meses e meses.
E deu no que deu: aeroportos não dão conta da demanda, linhas aéreas também não e se tornam cada vez mais deficitárias, rodovias congestionadas e com acidentes frequentes...
Tudo isso ocorre enquanto Europa, Ásia, América Latina e até a África continuam utilizando seus trens para cargas e passageiros.
domingo, 1 de setembro de 2013
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Dureza! Vergonha total!
ResponderExcluirComo dizia Joelmir Betting: "Alguém deve estar errado: o Brasil, ou o resto do mundo..." Sinceramente, fico com o resto do mundo...
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