terça-feira, 12 de março de 2013

POBRE BAURU


Leonardo Bloomfield, fotógrafo de ferrovias, admirador de trens e antigo funcionário da RFFSA, escreveu, para a foto acima de sua autoria, que mostra o pátio da estação de Bauru por volta de 1960: "Esta foto fui eu tirei da janela do meu quarto, num pequeno hotel que me hospedava sempre em Bauru, e de onde eu controlava o movimento ferroviário. A linha a esquerda é da Sorocabana, com destino a Rubião Júnior e Botucatu, para São Paulo. A do meio é da Paulista, rumo a Marília e Panorama. E a em curva, é da Noroeste. Infelizmente nada mais disto existe. Já foi tudo depenado e o mato tomou conta".

Bauru, Estado de São Paulo, foi por muito tempo chamado de maior entroncamento ferroviário do Brasil. No duro, não era. Mas era um entroncamento raro, que reunia três ferrovias diferentes e grandes: Noroeste, Paulista e Sorocabana. Bauru cresceu muito por causa dele.

A Sorocabana chegou primeiro, em 1905, construiu uma estação mirradinha, mas típica dessa ferrovia em termos de arquitetura, estaçãozinha de fazenda. Embora por muito tempo Bauru tenha sido a estação terminal da linha-tronco dessa ferrovia, ela jamais amploiu o prédio. A linha-tronco, a partir dos anos 1930, passou a correr de Botucatu para Presidente Epitácio e, em 1939, a Noroeste resolveu construir uma estação só para as três ferrovias.

A Paulista, que também tinha a sua estação, nenhuma grandiosidade mas bem maior do que a da Sorocabana, também largou seu prédio ali para fins administrativos após 1939.

Hoje, os três prédios, as três estações continuam lá. A única realmente abandonada é justamente a maior, a da Noroeste. Este prédio tem vários andares e era também onde ficavam os escritórios centrais da E. F. Noroeste do Brasil. Em 1993, acabaram os trens de passageiros que dali saíam para o Mato Grosso, mas ficaram os que chegavam de São Paulo pela antiga Paulista - FEPASA, então. Em 2001, melancolicamente, tudo acabou. O prédio já estava abandonado.

Hoje, poucos trilhos, poucos desvios. Poucos trens, até. Todos cargueiros, da ALL. As três linhas da antiga ferrovia ainda estão ali, mas é tudo passagem apenas. Chegam da linha da Paulista e da Sorocabana e entram para a Noroeste. Para a Alta Paulista, não mais. Uma tristeza. Tudo no abandono, tudo uma enorme sujeira.

Um comentário:

  1. Realmente um relato fiel da atual situação não só de Bauru, mas acredito que de quase todas os pátios ferroviários das cidades do Brasil, o que inclui suas estações abandonadas, filas as vezes enormes de vagões e locomotivas ao relento, enferrujando, desvanecendo-se.

    ResponderExcluir