V-8 com trem de passageiros em Vinhedo - 1996 - foto Vanderley Zago
Em 1996, ou seja, há dezessete anos, a FEPASA já era uma empresa com seu destino traçado. Deveria ou ser privatizada ou ser dada quase de graça para a RFFSA para pagar as dívidas do BANESPA feitas por governos irresponsáveis. O governador Mario Covas, tão endeusado por parte da imprensa paulista, se fazia de responsável, mas, pelo menos neste caso específico, o que ele determinou foi algo lastimável: o fim da FEPASA, de uma forma ou de outra.
Hoje, há gente que venera a memória da "grande FEPASA", ao contrário do que acontecia nesse não tão longínquo ano de 1996. Olhando hoje, porém, vemos claramente que a situação das ferrovias paulistas não era nem de perto a desgraça que é hoje - embora também não fosse nem de perto o que era a época pré-FEPASA, ou seja, antes de 1971.
Eu já caminhava pelos trilhos e ainda via estações funcionando mais ou menos como antigamente, algumas em condições bastante razoáveis (Torrinha, Rincão) e outras em estado lastimável - mas funcionando (Boa Vista-velha, Brigadeito Tobias), outras ainda vendendo bilhetes de trens de longa distância nas bilheterias centenárias (Luz, Sorocaba, Julio Prestes). Porém, fora estas, ainda havia outras, mas posso dizer que eram bem raras. Boa parte delas, grandes e pequenas, haviam sido fechada nos últimos vinte e cinco anos, aos poucos. As que eu citei nominalmente foram as que eu vi naquele início de pesquisas ferroviárias, quando eu havia partido do nada em termos de conhecimento, nesse mesmo ano.
Carro-restaurante entre Luz e Rio Claro - 1996 - autor desconhecido
Mostro aqui duas fotos colhidas ao acaso nos últimos dias no Facebook. Uma, não sei o autor. A outra, sim - basta ler suas legendas para saber. É interessante. Na da composição passando pela estação de Vinhedo, a V-8 prateada que ali aparece havia sido acabada de ser pintada naquela nova cor. Como, se a FEPASA estava para desaparecer e iso não era mais segredo para ninguém? Pois é. Havia facções dentro da empresa que lutavam contra sua extinção, com boas intenções ou mesmo somente para manter seus empregos.
A outra fotografia mostra um carro-restaurante da FEPASA na ex-linha da Paulista entre a Luz e Rio Claro. Vejam que ainda havia carros-restaurantes e que sua aparência era bastante razoável, danco a impressão de limpeza.
Afinal, ainda corriam trens nas maiores linhas de São Paulo: de São Paulo para Presidente Epitácio, de São Paulo para Santos, para Barretos e para Panorama, de Campinas para Araguari, em Minas Gerais, de Santos para Juquiá e também para Embu-Guaçu, além dos trens metropolitanos da já existente mas ainda longe de ser eficiente CPTM.
Isso tudo acabou quase de uma só pincelada nos dois anos seguintes. Houve uma sobrevida de três anos ridículos, para inglês ver, até 2001, mas que foi simplesmente vergonhosa. Nem tenho vontade de escrever sobre ela hoje.
Hoje, temos o que temos. Temos o que vemos. A CPTM, que era então bem pior do que as cenas aqui mostradas em trens de longa distância, hoje, é muito boa, enquanto os trens de longa distância desapareceram para sempre.