sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
POR QUE PRESTIGIAR AUTOMÓVEIS SE HOJE ELES SÃO CONSIDERADOS A FONTE DE TODOS OS MALES?
A indústria automobilística é uma das maiores, se não a maior, do Brasil. Todos ficamos loucos para ter um carro, principalmente um carro novo. Com um automóvel novinho passeamos orgulhosos em frente às casas dos vizinhos. A mulher, o marido e os filhos ficam contentes.
Pois é. Muito legal, não? Pena que somente nós mesmos gostamos dos automóveis. Os outros os detestam e dificultam o que podem para prejudicar-nos.
Mas quem são os outros? Ora, os governos, que até abaixam o preço dos impostos para que você possa comprar um carro e aquecer a economia. Que bom. Só que eles se esquecem, nessa hora, que os automóveis são o maior fator de poluição do ar das cidades. Para construir uma ferrovia nova, por exemplo, que transporta cargas muito mais economicamente do que os caminhões, ou que proporcionam uma viagem muito mais agradável do que qualquer outro meio de transporte, eles exigem milhões de licenças ambientais, que causam atrasos sine-die na construção das linhas. Já para liberar carros e mais carros, caminhões e ônibus, muito mais poluentes que locomotivas diesel ou elétricas, eles não exigem licença alguma.
Construir sistemas viários decentes de forma a facilitar o trânsito de automóveis, eles não conseguem. Peguem o exemplo de São Paulo, por exemplo. Cheia de ruas tortuosas e com pouco bairros com ruas em forma de quadriculados, a cidade não dá vazão em suas ruas geralmente estreitas demais ao fluxo de veículos. Os sinais luminosos não são nada sincronizados. Você sai de um sinal que acaba de ficar verde e chega ao sinal seguinte, fechando no vermelho.
Os "outros" - os governantes - também não se preocupam em saber que quem tem automóvel possui-o exatamente para que ele o leve de um lugar para outro. Mas os estacionamentos são proibidos em praticamente todos os locais nas ruas. Ou são cobrados por hora, dificultando quem precisa deixar seu automõvel junto ao meio-fio por mais de uma ou duas horas. Por causa disso, o preço dos estacionamentos particulares são caríssimos. 20 reais pela primeira hora na avenida Faria Lima é piada.
Aí, eles - os outros - resolvem reduzir o leito carroçável dos automóveis e caminhões para fazer faixas exclusivas para ônibus. Está bem, é a prioridade para o transporte coletivo, que tira veículos particulares das ruas. É justo. Só que o espaço para os carros é barbaramente diminuído. Como é diminuído também para que se coloquem faixas para bicicletas. E para motocicletas. Aliás, estes dois últimos tipos de veículos citados são os que mais desprezam e descumprem as normas, cruzando faixas de pedestres a qualquer hora e situação, andando na contramão e sobre as calçadas. Mas são hoje, principalmente as "bikes", os meios de transporte preferidos pelos sonhadores. O risco de vida de quem dirige motos e bicicletas é altíssimo, eles que andam entre os carros. Mas não faz mal, pois é moda e eles são rebeldes. Não querem regras para cumprir.
Porém, se metade dos motoristas das cidades deixarem seus carros em casa para tomarem transporte ´público, este entrará em colapso. Não terá lugar para todos.
Pergunto: por que se força a venda de automóveis se eles são tão prejudiciais assim? Só para dar emprego a mais gente? Realmente, parece conversa de doido.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Ralph,
ResponderExcluirAcho que não se trata de culpar os carros.
Gosto de transporte público e adoro carros, eles não tem culpa de nada.
Se o país tivesse crescido harmoniosamente teria espaço para todos os tipos de transporte.
A culpa, como sempre, é do poder público.
Na verdade, não estou culpando os carros. O que faço é discutir: se se vendem tatnos carros inclusive com incentivos do governo, por que de outro lado se colocam tantas dificuldades ao tráfego deles? Uma das impressões que tenho hoje é que as pessoas tentam convencer outras que "se todos andassem de bicicleta, tudo estaria resolvido"! E outras mais.
ResponderExcluirConcordo totalmente! Tenho carro, e tento usá-lo com moderação, ele geralmente não é minha primeira opção de locomoção (por pior que seja nosso transporte público, principalmente entre bairros da capital paulista e cidades do ABC)...
ResponderExcluirParece que os "outros" têm raiva de transporte sobre trilhos!
Até o fura-fila de SP é sobre rodas!
Bondes como na Alemanha acho que nunca teremos!
E querem fazer um trem-bala só "para inglês ver", enquanto que várias linhas "comuns" que existiam para o interior, litoral e outros Estados foram eliminadas ao longo do tempo!
Gosto de bicicletas, mas, realmente, é coisa de "sonhador" hoje, infelizmente...
Perfeito, Ralph, irretocável o seu artigo. Penso que nossa única solução seja investir maciçamente em transporte público com qualidade. Não sou muito fã das bicicletas, pois do ponto de vista da segurança, elas podem tornar o trânsito ainda mais inseguro e estressante. Qualquer um pode comprar e conduzir uma bicicleta. Seus condutores não passam por cursos de formação, as bicicletas não têm placas de identificação e são veículos silenciosos e de pouca visibilidade e pela observação diária é muito fácil ver ciclistas desrespeitando as normas de circulação.
ResponderExcluir