domingo, 24 de outubro de 2010

E QUE SE DERRUBEM AS CASAS PAULISTANAS!

Este simpático chalezinho, na época já meio mal cuidado, ainda estava de pé em 1988, quando eu parei meu carro em frente a ele, na rua Domingos de Moraes, e o fotografei. Não muito tempo depois, foi demolido. Em seu lugar, hoje, existe uma agência do banco Bradesco. A foto foi reproduzida hoje no jornal O Estado de S. Paulo.

Neste domingo, o caderno Metrópole do O Estado de S. Paulo publica uma reportagem sobre o que se demole de casas no município de São Paulo e o que isso representa para todos os seus habitantes.

Depois, na página 3, como um complemento a isso, os reporteres Rodrigo Burgarelli e Rodrigo Brancatelli escrevem sobre a Vila Mariana e algumas casas que foram demolidas nas ruas Domingos de Moraes e Vergueiro.

Os exemplos dados - por fotos com o local anterior e o atual - são: na Vergueiro, o Instituto Ana Rosa (onde hoje está o conjunto de prédios do Lar Brasileiro) e duas casas geminadas no número 2024 da mesma rua (demolidas pelo metrô, sobrando somente os terrenos dos fundos, onde foram construídas duas lojinhas).

Na rua Domingos de Moraes, são mostradas a Villa Kyrial (no número 300), a garagem de bondes da Light/CMTC (onde hoje há um muro com o símbolo do metrô, junto à praça Teodoro de Carvalho), a chácara Conceição (em frente à rua dona Júlia), um chalet típico do início do século XX (am frente à antiga garage de bondes) e um quarteirão de casas entre as ruas dona Júlia e Lins de Vasconcellos. Todos esses imóveis foram demolidos e substituídos por ouras construções, com exceção do da garage de bondes.

Em termos de qualidade de vida, de estilo arquitetônico e de história, essas derrubadas - que ocorreram de 1950 a 1990 - foram desastrosas. A mais significativa delas foi a da Chácara Conceição, que teve não somente a casa demolida, mas também seus jardins imensos atrás dela, que ocupavam a área desde os fundos da casa até o córrego do Sapateiro, entre as ruas Sud Mennucci e Capitão Cavalcânti.

Para contar a história dessas construções antigas, o que elas representaram para São Paulo e o que se perdeu com isso, seria necessário mais do que um livro. Mesmo porque uma delas - a Villa Kyrial - já teve dois livros escritos somente sobre ela. Já sobre a Chácara Conceição, já escrevi em pelo menos duas postagens neste blog.

E vamos tocando a vida. Que venham mais edifícios horrorosos de apartamentos, parece que de forma alguma nossos governantes e muito menos as construtoras se importam mais com isso. Enquanto isso, os congestionamentos no trânsito e o excesso de passageiros nas vias férreas aumentam dia a dia.

Um comentário:

  1. Pode não parecer, mas tudo isso é péssimo para o Brasil inteiro. Basta lembrar que São Paulo é um espelho para o resto do país.
    Se um dia São Paulo começar uma boa política de preservações, bem estudada e bem fundamentada, com conceitos um pouco mais claros e dinâmicos, posso prever os reflexos benéficos que causará Brasil afora.

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