domingo, 24 de agosto de 2014

A TRAGÉDIA DA ESTAÇÃO DE BOTUCATU

Lixo no piso interno da estação, exatamente sobre o símbolo da lendária Sorocabana
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Eu não vou a Botucatu há muitos anos - infelizmente -, mas amigos meus vão. A última foi do Daniel Gentili, ontem. As notícias são péssimas para quem gosta de história, memória, conservação de patrimônio e principalmente ferrovias: a estação de Botucatu gastou dinheiro para iniciar o restauro de sua bela estação construída em 1934 e parou. Deu no deu, no que se apresenta hoje.
Interior da estação
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Eu não sei se é culpa da Prefeitura, do governo estadual, do federal ou de qualquer outro órgão estatal ou privado: o fato é que o nosso dinheiro está sendo jogado fora e nossa história - a de nossas cidades, nosso Estado, nosso país - está acabando.

Vejam as fotografias que Daniel tirou da estação, por dentro e por fora, e tire suas conclusões.

O e-mail que ele me escreveu dizia o seguinte:

Ha cerca de um ano ou mais a estação de Botucatu começou a ser restaurada, mas... parou no meio do caminho e
continua abandonada.
No pátio, tudo virou sucata
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Em 2009 estava abandonada, porém tinha um tapume nas portas e janelas o que dava certa proteção....depois do início da
‘restauração’ foi retirado...agora esta tudo aberto entra quem quer... drogados, mendigos etc..

Tudo que era de metal (guichets,proteções etc..) foi roubado.

Até algumas belas portas de mais 80 anos foram surrupiadas.

Começaram até pintar a estação de cor cinza, o que é um absurdo, como restauração, pois o acabamento externo é uma espécie de cimento com algum corante imitando granito.

Foi interrompido graças ao meu amigo **** do Centro Cultural que interveio junto aos "restauradores".

Uma restauração ‘dentro do figurino’ acho que nunca vai ser feita; custaria muito caro. Acho que até uma ‘meia boca’ não vão fazer.

Infelizmente são coisas de brasileiros.

As fotos não estão com boa qualidade... foram tiradas
com um celular meio fraquinho...(o meu), mas acho que para registro nos seus arquivos servem...

Obrigado pela atenção

Daniel Gentili

6 comentários:

  1. É o que sempre comento nessas ocasiões: depois o brasileiro vai pra Europa se extasiar com prédios antigos...

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    1. Prezado Ralph. O restauro da estação encontra-se em andamento, e está sendo feita em etapas, via ProAC, com captação de recursos da iniciativa privada. É um processo que é demorado, infeizmente, pois demanda aprovação do projeto, captação dos recursos, execução e aprovação das contas antes de se solicitar novo auxilio. Na primeira etapa, foi executado todo o restauro do telhado, higienização da fachada, retirada e armazenamento dos remanescentes dos vitrais originais, além do restauro e armazenamento das portas (que o seu "amigo" disse que foram "roubadas"...) A tal "pintura cinza", na verdade é uma técnica de restauro: foi aplicado um material visando a reintegração e homogenização da argamassa raspada, e posteriormente será retirado o excesso com hidrojateamento de pressão controlada. A segunda etapa de restauro já foi aprovada, e irá se iniciar em breve, visto que já estamos finalizando a captação dos valores. Peço que informe-se melhor antes de sair replicando textos sem embasamento. Já é dificil trabalhar nesta área com tão poucos incentivos, e textos como este, só ajudam a dificultar nossas ações. Atenciosamente. Arq Guilherme Michelin

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  2. Caro Michelin: não sei quem é você nem que apito toca. Já conheço a história de diversas ex-estações no Brasil inteiro e mesmo outros tipos de construções onde isso que está acontecendo em Botucatu acontece. Já o fato de se deixar aberta a estação - que v. diz estar em reforma - para qualquer pessoa entrar e tirar fotografias é um problema, mostra realmente que não estão cuidando seriamente da coisa. Meu "amigo" é meu amigo mesmo, sem aspas. Desculpas como "aprovação do projeto, captação de recursos, execução e aprovação das contas" são meras desculpas para as obras não andarem no Brasil. Se você diz que as obras estão andando, a mim, pelas fotos, não parecem - sem contar que já há pelo menos três anos fala-se da restauração dessa estação e o que se vê é nada. Cada mes e ano que se passa o custo aumenta, pois a degradação aumenta. Este país é uma piada. Por outro lado, eu gostaria muito de ver a estação restaurada e o mais rápido possível. Não escrevo estes textos para acabar com elas, mas para tentar salvar o que resta da ferrovia no Brasil. Boa sorte.

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  3. A explicação dada pelo distinto arquiteto em comentário sobre aquilo que o post mostra é mais uma clara demonstração do grau e do nível de comprometimento diante da verdade que certas pessoas possuem. A primeira reação explicativa em afirmar que “tudo se encontra em andamento” é a retórica defensiva que primeiro subsidia a precária lógica de quem não aceita os fatos como são, mas como melhor lhes parece justificar algo inexplicável. Graças a boa iniciativa dos gestores públicos preclaros de sua diligente preocupação conhecedora dos valores que definem aquilo sobre o que mais se debruçam do que efetivamente conhecem, os resultados não alcançados são sempre lançados sobre os ombros do outro, não raramente da tão demonizada quanto conveniente "iniciativa privada" Aquela que serve tanto à solução quanto ao "atraso" justificado é coadjuvante na hora da fita cortada, conquanto protagonista por nada que se completa... Entremeios, soma-se a uma série de fatores que são sempre a culpa do sistema, do outro, da burocracia, disto e daquilo, não bastando jamais o mérito de se assumir as próprias deficiências advindas da falta clara e definitiva de um mínimo planejamento sobre etapas. Ou o tempo necessário que, afinal, decorrem da responsabilidade deste mesmo gestor público que toma a iniciativa a resolver. Segue-se um arrazoado de "explicações técnicas", sempre superior, lançado do panteão da auto suficiência em detrimento da perspectiva temporal ou cultural do que se trata. Vencida a escorreita palestra, volta-se sem qualquer cerimônia ou impessoalidade o discurso contra um "amigo" colocado assim entre aspas é remetido a uma condição deselegante de julgamento por alguém que se dirige a um terceiro sem sequer conhecê-lo. Sendo assim talvez não se importe de receber, também, de um terceiro, forma crítica sobre seu "comentário" do qual observo que a desgastante técnica de diminuir o mérito de uma manifestação é o primeiro passo para que futuramente a mesma e seu autor também sejam alçados a culpados inclementes pelo que as fotos mostram, além da famigerada iniciativa privada e da vitimação burocrática, ambas inimigas do grande amigo chamado tempo. Na verdade esta transferência já ocorre ao final de sua “opinião” ao gestor do blog, a quem o distinto "arquiteto" atribui a má contribuição ou colaboração deste espaço pelo fato de expor a realidade como é e não como deveria ser ou parecer aos olhos da sociedade, sociedade esta que ultimamente tem acreditado mais no que lhe dizem e não no que deveria saber, porque nada sabe e tudo se considera bem informada desde que abandonou valores culturais, religiosos e de linguagem para viver de "Google" e tablets.
    Na medida em que a realidade – ainda que contrastante com a verdade em sua totalidade (não tenho porque duvidar do exposto...) – seja parte de um todo, esta parte, definitivamente, não presta um desserviço a inglória luta! Pelo contrário: o que a verdade liberta somente incomoda àquilo que mentira disfarça. Sendo uma verdade (conforme defendida pelo arquiteto), somada a realidade, (exposta por um cidadão), fica assim esvaziada a critica lançada pelo reclamante, que atribui aos fatos ( soma da verdade com a realidade), contribuir com as dificuldades inerentes do segmento para o qual empresta seus predicados profissionais. Não deveria sê-lo...
    Resta, pois, considerar que, muito antes do "entendimento" de que o que vemos aqui seja uma demonstração de "informação sem embasamento", prefiro a compreensão de que a crítica adestrada do distinto profissional em defesa das informações que julga inexistirem ao largo da realidade evidenciada pelas fotos e relatos, deveria ser trocada pelo conhecimento diligente e construído em torno do que efetivamente este patrimônio representa de valor aproveitando para deixar um pouco de lado a soberba em torno da qual geralmente faltam espelhos e sobram dedos que apontam.

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  4. Somente para completar, apoiando em grau, gênero e número a resposta do Sr. Ralph Giesbrecht, gostaria de dizer en passant que NÃO SOMOS IDIOTAS! O discurso do "arquiteto" deveria ser melhor projetado...Tem janelas demais e portas de menos...Mas, das poucas existentes, JÁ ESTAMOS DE SAÍDA! Obrigado. Next.

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  5. Olá Ralph,.sou de Botucatu e conheci Daniel Gentili nos anos 70. Sou fã do trabalho dele mas infelizmente não consegui me comunicar com ele para parabenizá-lo por esse trabalho maravilhoso que me remete ao tempo em meu pai era ferroviário e eu só viajava de trem.Caso tenha oportunidade repasse a ele meus cumprimentos.Obrigada.

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