7bro , 8bro
, 9bro e 10bro .
Meu maior problema sempre foi: o que era o português antigo? Como os livros mais antigos que li datam de meados do século XX, o português mais antigo que li datam dessa época.
Mais antigo, esqueçam. Houve os Lusíadas e outros textos, impressos ou escritos, mas, esses, estão fora da minha alça de pesquisa.
Lendo textos que datam de 1830 em diane, vejo o português sempre diferente. Pergunto se havia regras mesmo, ou se cada um escrevia como achava que devia. Letras duplas eram comum (além dos ss, cc e rr que ainda existem), bem como a colocação de h ente vogis (nos hiatos como Bahia, a única que sobrou).
Acentos nas palavras eram raros. Aliás, eles começaram a aparecer em profusão nas mudanças que Getúlio Varga decretou nos anos 1930 e 1940. O problema é que parece que as coisas iam e vinham, ou seja, parecia que se arreendiam de algumas mudanás e voltavam atrás, e depois voltavam atrás de novo. Era muito mais simples de se escrever as palavras sem acentos. Existiam o til, o acento agudo, o circunflexo, o acento grave, mas eram muito mais raros do que hoje. O til era muito comum.
Em textos escitos por meu avô Sud Mennucci em 134 e em 1935 apresentavam uma curiosidade: os de 1934 estvam escritos em um português muito mais parecido com o dos anos 1940 e os de 1935, com um português praticamente igual ao dos anos 1920. Teria havido um recuo nas decisões no final de 1934?
O atual "à" craseado com acento grave era escrito como "á", com acento agudo e não grave. A letra "c" no meio de palavras, como facto, acto, ainda usada em Portugal, praticamente desapareceu no Brasil. Havia várias delas.
E é curioso: a maioria das palavras que inglês ou italiano que hoje em dia continuam escritas com letras duplas (pp, dd, gg, ll, mm, nn e outras) tinham suas similares em português também com letras duplas - isto quando as palavras são similares. Obviamente, quando são de raízes diferentes, isto não se aplica, pois as plavras são completamente diferentes em outra língua. Essas letras duplas tinham pronúncia diferente da mesma palavra se fosse escrita sem a letra duplicada. Eram uma espécie de acento - mas sem acento. Quem tinha pronúncia diferente era a vogal seguinte. Em italiano é assim.
Exemplo: até os anos 1930 pelo menos, escrevia-se accordo, cavallo, estrella, communicação... somente para citar alguns exemplos. Temos hoje cavallo em italiano, accord em inglês, communication em inglês, stella em italiano.
As regras devem ter mudado inúmeras vezes, mas as mais recentes foram a do tempo de Vargas, a de 1971 e a atual - que ainda não está completamente estabelecida e com a qual eu não me importo muito, pois mais confundiu do que facilitou. Em 1971, por exemplo, lembro-me que desapareceu o acento diferencial e o acento agudo que virava grave quando a palavra era proparoxítona e a ela se adicionava o sufixo mente. Exemplo: rápido e ràpidamente. Já algumas das poucas palavras que mantiveram o diferencial foram por (preposição) e pôr (verbo) e pode (3a pessoa do singular do verbo poder) e pôde (terceira pessoa do pretérito perfeito do verbo poder).
Mas a questão do acento diferencial em alguns pontos era ridícula; três exemplos sempre citados eram as palavras fôr (futuro do subjuntivo do verbo ir) com for (por incrível que pareça, uma palavra que existe, mas que ninguém usa mais e que significava "para" - a preposição, aliás, como no inglês). As palavras mêdo e medo (nesta última, um indivíduo do povo dos medos, na antiga Persia), para seguir com a palavra tôda, que não podia ser confundida com toda - um pássaro que ninguém conhece. Em todos esses casos (e muitos outros), os acentos foram suprimidos.
Isoladamente, algumas palavras que me lembro de ter lido: assúcar (açúcar), chimica (química), pharmacia (farmácia), kilometro (quilômetro), jahu (jaú), scena (cena), theatro (teatro), Nichterohy (Niterói), Bethlem (Belém), venderão (hoje venderam, quando se trata da terceira pessoa do pretérito perfeito no plural) - esta substituição do "ão" pelo "am" deu-se em todos os verbos, mas a pronúncia continua sendo de "ão". Claro que quando se trata do verbo no futuro, "venderão", são palavras oxítonas e a escrita se manteve. Aliás, repare-se que o furuto do presente e o futuro do pretérito de todos os verbos são apenas uma modificação que ocorreu durante os séculos para um futuro antes composto: "eles hão de vender" para "eles de vender hão" e finalmente "eles "venderão". Ou seja, derivam das terminações do verbo haver no presente e no pretérito imperfeito do indicativo.
Finalmente, ei gostava de um dicionário que pertenceu ao meu avô e que ficou com minha mãe, para depois desaparecer, infelizmente: era um dicionário dos anos 1940, já com a ortografia de 1943 a 1971, mas onde cada palavra que era escrita diferentemente na ortografia imediatamente mais antiga aparecia escrita da velha forma, entre parênteses, ap's a palavra "nova" no dicionário. Hoje isto não acontece.
Tudo isto que escrevi aqui decorre de simples e constante observação de ortografia de textos que li durante anos. Há muito mais observações a se fazer e certamente muitas eu desconheço.
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