Anúncio do jornal O Estado de S. Paulo - 29/6/1924
Eu sempre fui muito ligado à Vila Mariana, onde moravam minha avó e mais um bocado de parentes. Nos anos 1950 e 1960, eu ia pelo menos uma vez por semana à casa de vovó ou da tia Angélica com meus pais. Por algumas vezes, passava a semana no meio das férias na casa de vó Maria. Bastava subir a rua Capitão Cavalcanti a pé, para o lado da Domingos de Moraes, que já achava por ali um verdadeiro shopping center de lojas, andando pela calçada.
Perigoso para uma criança? Não naquela época. Ao contrário do bairro do Sumaré, onde eu morava, que de perigoso também não tinha nada, onde eu precisava andar muito para chegar de casa até achar alguma loja, banca de jornais ou padaria, e só lá pelas bandas da Cardoso de Almeida, depois das ruas Professor João Arruda, Wanderley e Caiuby.
Voltando à tranquilidade da Vila Mariana, existia, um pouco mais longe da casa de vovó, mas muito próximo à casa de tia Angélica, o largo Ana Rosa, que tinha era maior do que é hoje, visto que o alargamento da rua Vergueiro, por volta de 1970, tirou-lhe pelo menos um terço do tamanho e fez desaparecer a fonte luminosa que ali existia.
Anúncio do jornal O Estado de S. Paulo - 18/10/1924
Na esquina da Domingos de Moraes com a avenida Conselheiro Rodrigues Alves existia ali, tanto numa rua como na outra, uma série de pequenas construções, que serviam de residências ou lojas. Hoje, no mesmo local, não existe qualquer residência, mas lojas e bancos em imóveis que não devem ser os originais, ou, então, em prédios bastante reformados.
Em 1924, e sabe-se lá desde quando, existia nessa esquina um enorme terreno que seguia até a atual rua Fabrício Vampré, com uma construção bastante grande, que havia servido a um seminário da Sociedade Brasileira de Educação. O terreno e o imóvel pode ser visto no desenho acima, publicado nos jornais em 29 de junho desse ano. Jamais vi alguma fotografia desse edifício. O local era chamado de Villa Kotska, cujo nome homenageava o Santo Estanislau Kostka, um polonês que viveu no século XVI. (Nota: existe hoje uma Villa Kotska em Itaici, Indaiatuba, SP, mas que, segundo a história por eles contada, não tem nada a ver com a vila do mesmo nome que existiu na Vila Mariana até 1924).
Anúncio do jornal O Estado de S. Paulo - 16/1/1925
Os donos tentaram vender o imóvel para outros usos. Porém, não devem ter dado sorte, pois, em 18 de outubro do mesmo ano, já estavam vendendo um loteamento no terreno, chamado de Villa das Jaboticabeiras. Pelo que se viu nos mapas deste loteamento, eram 47 lotes. Em janeiro de 1925, restavam apenas 19 a serem vendidos.
O bairro nos dias de hoje - Google Maps
No anúncio, há indícios que no local onde surgiu a atual rua Fabricio Vampré existia outra chácara, das Jabuticabeiras, que deu nome ao loteamento. Prometia-se que por todo o bairro havia jabuticabeiras. Estarão estas árvores ainda lá?
Vejam também que a imobiliária FV foi a responsável pelas vendas dos lotes. Seria também ela a dona do imóvel original, ou do da chácara das Jabuticabeiras, já que a rua principal recebeu depois esse nome - Fabrício Vampré?