Avenida Rebouças, esquina avenida Brigadeiro Faria Lima. Foto deste autor
Estas, que tanto são citadas na hora de se arrancar trilhos em diversas cidades, podem ter diversas origens - inclusive, a de se aproveitar leitos de ferrovias desfeitas.
As avenidas paulistanas, afinal, que origem tiveram? Vamos dar alguns exemplos. Claro, das que eu conheço.
Avenida Rebouças - o primeiro trecho, da Doutor Arnaldo até a avenida Brasil (no cruzamento com o córrego Verde), era parte do Caminho de Pinheiros; este, por sua vez, existe pelo menos desde 1560. Alguns dizem que era anterior, aberto em tempos imemoriais, com o nome dado peloa portugueses de "Trilha Tupiniquim". Faria parte do lendário Peabiru. Também foi chamado de "Caminho para Sorocaba". Seu percurso original era o seguinte: começava no Piques (hoje Praça da Bandeira), seguia pela atual rua Quirino de Andrade, subia pela atual rua da Consolação, entrava pela atual Rebouças e entrava pela atual rua de Pinheiros - como Caminho de Sorocaba, prosseguia pela rua Butantan e pelas atuais avenidas Vital Brasil e Corifeu de Azevedo Marques. Quanto ao nome da avenida Rebouças, que homenageia o engenheiro, ele vigora desde o final do século XIX. Não há, aparentemente, nenhuma relação do homenageado com a avenida.
Ela foi asfaltada em 1936. Logo depois, ela foi prolongada desde a avenida Brasil até a rua Iguatemi - atual Brigadeiro Faria Lima. Para isso usou-se o leito de duas ruas que já existiam, mas não se encontravam. Uma saía da Iguatemi e outra da avenida Brasil. O trecho que as uniu formou com as outras duas a continuação da Rebouças. Finalmente, nos anos 1940, depois da retificação do rio Pinheiros, ela foi construída sobre o pântano ali existente até a avenida Marginal, que, aliás, nessa época (1947) ainda não existia. Ali termina a avenida.
Avenida Brigadeiro Faria Lima - seu trecho inicial foi entregue no início de 1971, como a duplicação da já existente rua Iguatemi, entre a rua Amauri e a rua Pinheiros, onde a rua Iguatemi terminava. Alguns anos depois, ela foi prolongada até a rua Teodoro Sampaio. Em 1997, a avenida foi prolongada em Pinheiros e no Itaim. Em Pinheiros, a avenida foi esticada até a avenida Pedroso de Moraes, na esquina da rua Padre Carvalho, pela duplicação de ruas existentes no caminho e unidas entre si, como a rua Coropé. Já no lado do Itaim, todo o prolongamento, feito até o atual cruzamento com a rua Nova Cidade, foi aberto no meio do casario existente, com ampla demolição de uma faixa de terreno grande o suficiente para passar a nova avenida.
Avenida Sumaré - A avenida Sumaré original foi aberta em 1928, no lançamento de um grande loteamento que abriu também muitas outras vias locais. Foi construída praticamente toda ela sobre o córrego da Água Branca, desde sua nascente. A avenida, em terra, ia das atuais ruas Tácito de Almeida até a Professor João Arruda. A partir daí, só no mapa do loteamento, até a rua Turiassu. Na primeira metade dos anos 1950, o trecho entre a confluência das ruas Atalaia e Grajaú até a rua Tácito de Almeida recebeu calçamento com paralelepípedos. No final dos anos 1960, a avenida inteira foi asfaltada, com canteiro central entre a confluência das ruas Atalaia e Grajaú e a rua Turiassu, onde o córrego foi canalizado em toda a sua extensão. O trecho que tinha paralelepípedos continuou da mesma forma, até que, no final dos anos 1970, o trecho entre a confluência das ruas Teffé e Pombal e o início do trecho com canteiro central foi duplicado, juntando-se com uma nova avenida aberta entre as ruas Henrique Schaumann e a confluência das ruas Teffé e Pombal, cavada em meio a casas e sob um viaduto construído na avenida Doutor Arnaldo. Este trecho passou a se chamar Paulo VI, Papa morto em 1978.
O trecho entre as ruas Tácito de Almeida e Pombal e a rua Tácito de Almeida, que era o trecho final da avenida, foi renomeado depois como rua Olavo Freire. Já o trecho entre a Pombal/Teffé e a Grajaú/Atalaia passou a fazer parte da avenida Paulo VI. A avenida Sumaré, com isso, passou a ser somente o trecho alargado com canteiros no final dos anos 1960.
Avenida Pacaembu - Esta avenida foi construída sobre o córrego do mesmo nome nos anos 1930, desde sua nascente junto ao estádio do Pacaembu (que é posterior à avenida) até a linha férrea da E. F. Sorocabana, hoje parte da CPTM, na rua da Barra Funda, no local anteriormente conhecido como Largo do Arroz.
Avenida Doutor Arnaldo - Pelo que sei ela foi construída em 1887 para, saindo de um ponto da Estrada de Pinheiros próxima a onde mais tarde (1891) passou a sair a avenida Paulista, servir de acesso para o Cemitério do Araçá. Seu nome original era Estrada do Araçá, continuando além do portão e entrando com esse nome pela atual rua Heitor Penteado. Em 1897, a avenida já se chamava avenida Municipal, pelo menos até o final do cemitério, hoje na esquina da atual rua Cardoso de Almeida. No mapa de 1905, a avenida já aparece continuando até pelo menos o início atual da rua Heitor Penteado. No início dos anos 1930, com a morte do médico Doutor Arnaldo Vieira de Carvalho, um dos professores da Faculdade de Medicina que a partir de 1934 faria parte da Universidade de São Paulo, recebeu o nome de Doutor Arnaldo. Pouco antes, em 1928, a avenida havia sido esticada além da atual rua Heitor Penteado, até a rua Nova York, com a abertura do novo loteamento que deu origem a diversas ruas, inclusive a avenida Sumaré. Este trecho de 1928 até hoje é um trecho estreito em relação à larga avenida que foi duplicada em 1948, entre o seu início e a rua Cardoso de Almeida. Entre 1903 e 1966, a avenida teve trilhos de bondes entre a rua da Consolação e um pouco antea da esquina da rua Cardeal Arcoverde - onde acabavam abruptamente. O bonde retornava de ré.
Continua...
Me faz pensar qual a avenida que mais gosto na cidade, ou qual me desperta mais curiosidade... Num rápido escanear de lembranças, me vem à cabeça a avenida Celso Garcia. Sempre me intrigou, como uma avenida longa, desbravadora, rumando a Leste. Ela só decaiu ao longo das décadas, não tem muita esperança de mudar, mas simpatizo com ela...
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