Foto: Blog do Aderlândio
"Lhes" escrevo para que possam ler o que, creio eu, seja uma proposição sensata para resolvermos dois problemas que atualmente ocorrem com a língua portuguesa. (Ih! Errei no início do artigo! Não se colocam pronomes oblíquos no início de frase!)
Claro que "voçê", que costuma escrever "escreve-se" e não escrevesse, que usa a horrorosa e errada expressão "de menor", que escreve "mantesse" em lugar de mantivesse, "seje" e "esteje" no lugar de seja e esteja, "farei-o" no lugar de fa-lo-ei, "haviam dois cães no jardim" em vez de havia dois cães no jardim, "fazem anos que nasci" e não faz anos que nasci, e muitas outras barbaridades como "o fiz em casa" ou "fiz ele em casa" e não fi-lo em casa, ou "lembro-me que ficamos zangados" e não lembro-me que tínhamos ficado zangados, que pode sair ganhando com a modificação.
Afinal, português é uma língua chata, não é mesmo? Tem muito cedilha, muitos acentos (e não "assentos"), verbos chatos de conjugar e principalmente pessoas que ficam na sua orelha ou no seu facebook corrigindo os seus erros.
E não pense que é somente você, que aprendeu português na escola, ou pensa que aprendeu e escreve pouco, pois não é escritor ou jornalista. Jornalistas e blogueiros também escrevem assim, principalmente na internet.
Até nas revistas em quadrinhos, que, pasmem ou não, até uns trinta anos atrás escreviam um português sem erros, hoje escrevem coisas de aterrorizar. As revistas em quadrinhos da Panini, por exemplo, escrevem coisas do arco da velha. E que não venham dizer que é o português das ruas, porque não é mesmo, exceto em alguns poucos casos. Uma nova moda agora se inicia nos textos de blogueiros ou mesmo de jornalistas em seus textos na Internet e até nos jornais em papel, que é suprimir a preposição "de" no meio das expressões. Erros de revisão? Não creio - estão errando demais, então.
Não pensem, também, que sou o suprassumo do português bem escrito. Também faço minhas lambanças de vez em quando, mas certamente não escrevo expressões como as que citei acima e mesmo outras, das inúmeras que eu não citei.
Recomendo fortemente (o americano adora escrever isso na língua deles, I strongly recommend) que seja votada com urgência uma lei que deixará todos os insatisfeitos com a língua portuguesa finalmente felizes e, ao mesmo, tempo, realizará outro grande sonho dos brasileiros. Ou seja, vamos transformar a língua inglesa, aquela dos Estados Unidos que tanto admiramos (embora também achemos que seja a fonte de todos os males, aqueles imperialistas bastardos). O inglês praticamente não tem acentos gráficos e, ainda por cima, praticamente não tem conjugação nos verbos, ou seja, lá, por exemplo, "nós fica" e "nós vai" não é errado! É correto! Não é uma maravilha?
Todas as palavras que foram aportuguesadas, como futebol, podem ser escritas e faladas a partir de agora como foot-ball. Todas as lojas e empresas que adoram colocar nomes em língua inglesa em seus nomes podem agora fazê-lo sem medo! Afinal, o que menos se vê hoje são empresas, grandes ou pequenas, com nomes em língua portuguesa!
Projeto de lei a ser votado em regime de urgência no Congresso em Brasília:
Artigo 1o) A partir de hoje, fica extinta a língua portuguesa, falada e escrita, no Brasil.
Artigo 2o) Portugal pode ficar com ela, se quiser.
Artigo 3o) Em 30 dias a partir desta data, quem estiver falando português nas ruas ou em público será preso em flagrante e responderá a processo.
Artigo 4o) Em 30 dias a partir desta data, somente o inglês, escrito ou falado, será tolerado em todos os rincões do País.
Artigo 5o) Quem não sabe falar ou escrever inglês, que se vire nestes próximos trinta dias para aprendê-lo.
Artigo 6o) Revogam-se as disposições em contrário.
Pronto. Em 30 dias todos os problemas do país estarão resolvidos e todos cantarão alegremente pelas ruas a música Imagine, de John Lennon.
sábado, 10 de outubro de 2015
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