quinta-feira, 15 de outubro de 2015

O ESCÂNDALO DO VLT DE CUIABÁ

Carros do VLT de Cuiabá em testes na fábrica em Zaragoza, na Espanha (www.olhardireto.com.br)

Como quem acompanha o assunto ou mora na região de Cuiabá e tenta se manter informado sobre a cidade já sabe, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da capital matogrossense teve as obras paralisadas quando estava pela metade e assim permanece já há mais de um ano; por outro lado, já teria consumido todo o valor previsto para a sua execução.

A obra ligava Cuiabá a Várzea Grande, cidade vizinha. Era uma obra estadual e fazia parte do plano de obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014. Antes dela, porém, já se sabia que o VLT não seria entregue até o início do torneio. Nota: a cidade teve um estádio novo construído especialmente para abrigar os três jogos - sim, três jogos - da Copa e não tem nenhum time de futebol de expressão há anos e anos. O estádio está às moscas, sendo utilizado apenas para um ou outro jogo de equipes de fora que ganham para levar os jogos para lá.

Mas, afinal, por que as obras pararam?

A Assembleia Legislativa do estado aprovou a obra em 2011 com um custo previsto de mais de um bilhão de reais. Esta foi contratada pelo governador da época, Silval Barbosa, que hoje está preso há um mês. A Polícia Federal descobriu um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro em seu governo.

O atual governador, Pedro Taques, interrompeu o contrato, cujo consórcio vencedor era conhecido já um mês antes da abertura dos envelopes na licitação.

O deputado Romoaldo Junior alega que a obra fora aprovada por uma "euforia de momento" em 2011 e que "pode ter sido um erro" a construção do VLT, visto haver alternativas mais baratas, como os corredores de ônibus" (BRTs), que poderia ter sido construído pela metade do preço.

O que ele não disse, nem talvez saiba, é que a manutenção de um BRT é bem mais cara do que a de um VLT. E mais: VLTs são muito mais confortáveis para passageiros do que os BRTs, que têm trepidação constante, pois o asfalto ou concreto dos pisos rapidamente se desgastam. principalmente em cidades muito quentes como Cuiabá.

Finalmente, tudo isso está sendo investigado pelo Ministério Público Federal e pela Promotoria Estadual. A Assembleia convocou uma CPI. O presidente desta comissão contratou uma empresa de auditoria para analisar o contrato desta e de outras obras para a Copa. Só que a empresa era uma empresa fantasma.

É por aí. A cidade e o povo que se danem. É incompetência por todos os lados.



Um comentário:

  1. Lamentável que a repetição de roubos e incompetências como essa tenham se tornado tão corriqueiras que poucos se indignam. Mais inaceitável é que ninguém vai preso ou tem bens confiscados para repor aos cofres públicos o dinheiro gasto numa obra que, sem estar terminada, não serve para nada.
    Já não é mais tolerável que o Brasil, sendo um país rico, mantenha boa parte de sua população pobre e mal atendida pelas ações e omissões dos (ir)responsáveis.

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