terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

FERROVIAS PAULISTAS - O FIM ESTÁ PRÓXIMO?

Estações sem linhas: típico no interior. Foto Mario Favaretto
Todas as menções que faço no meu site www.estacoesferroviarias.com.br levam em conta as ferrovias que existiram antigamente. Embora todas as ferrovias que já existiram no país sejam citadas em cada folha de cada estação ferroviária (tipo: Estação da Luz, São Paulo Railway, 1867-1946; E. F. Santos a Jundiaí, 1946-1975; RFFSA, 1975-1994; CPTM, 1994-2014), a estrutura do site é baseada nas linhas originais das ferrovias originais.

Se eu usasse a FEPASA como referência, na verdade, complicaria as coisas, pois quando esta empresa foi formada, civersas linhas já haviam sido extintas; vejam, por exemplo, que na formação da FEPASA (novembro de 1971), ela foi formada por cinco ferrovias que pertenciam ao Estado de São Paulo (Paulista, Mogiana, Sorocabana, E. F. Araraquara e E. F. São Paulo a Minas e mais o espólio da E. F. Bragantina, desativada quatro anos antes).

Fora estas cinco, ainda existiam a RFFSA, que era, em São Paulo, a junção da três estradas de ferro (Santos-Jundiaí, Noroeste e Central do Brasil) e ainda existia a E. F. Campos do Jordão, que não se uniu a nehuma delas, embora fosse estadual. E ainda havia a E. F. Perus-Pirapora, particular.

Das onze ferrovias citadas acima, a EFPP, a Bragantina, a SPM, a EFCJ, a Noroeste, a EFSJ e a EFA - sete, portanto - foram sempre o que foram. Não compraram, não haviam se juntado a outras (exceçãozinha: a EFSJ, ainda no tempo da SPR, adquiriu as linhas da Bragantina. Porém, quando a SPR tornou-se EFSJ, a a Bragantina foi separada e ficou com o governo do Estado).

Ficam, então, a Sorocabana, a Paulista, a Mogiana e a Central do Brasil, que, em São Paulo, haviam adquirido várias outras ferrovias precursoras a elas. E. F. Barra Bonita, Cia. do Vale do Rio Dourado (Douradense), E. F. de Jaboticabal, E. F. de Morro Agudo, Cia. Rioclarense, Cia. São Paulo a Goiaz, Ramal Férreo do Rio Pardo, E. F. de Cravinhos, Southern São Paulo Railway, Cia. Ytuana, Cia. Funilense. E. F. Lorena a Piquete, E. F. de Bananal e possivelmente outras que não me vêm á cabeça agora.

Afora estas, a E. F. Itatibense e a E. F. Resende a Bocaina terminaram seus dias sem ser adquiridas por ninguém.

É de espantar a quantidade de fusões e compras que ocorreram desde os primórdios ferroviários em São Paulo.

Quando houve a privatização da RFFSA e posteriormente da FEPASA, várias das linhas que sobravam se juntaram, na esperança governamental que isto melhorasse o desempenho das linhas, abandonadas em grande parte no final dos anos 1990. O que ocorreu foi bem diferente: pelo menos em São Paulo e sem entrar na discussão em outros estados, senão prolongar-nos-emos demais no assunto, as "malhas" vendidas, que caíram inicialmente nas mãos da Ferroban (toda a FEPASA), da MRS (EFSJ e Central) e da Novoeste (a Noroeste). Poucos anos depois, isso já estava tudo mudado, a ALL apareceu e comprou a Novoeste e parte da Sorocabana, depois toda ela e a Paulista, a EFA... A Mogiana foi parar nas maõs da FCA, aí agora vem a Rumo...

Se o problema fosse somente troca de donos ou de nomes, mas não: a situação é caótica, não há manutenção, vários trechos foram completamente abandonados (ramal de Piracicaba, SPM, Alta Paulista, ramal de Juquiá... e o governo fica olhando, apenas.

Trens de passageiros nem sonhar, mesmo nas linhas abandonadas (a Alta Paulista e a Santos-Juquiá dariam excelentes linhas, com poucas reformas e bastante público potencial para usá-las). As exceções em tudo isso foram a Campos do Jordão, que começou a ser radicalmente melhorada (nunca esteve parada) há quatro anos atrás e a CPTM, que usa os trechos urbanos das antigas linhas da Sorocabana, Central e EFSJ, fazendo um bom serviço em conjunto com as linhas do metrô paulistano.

Porém, para recuperar as linhas do interior, que estão abandonadas e mesmo usadas, há muito o que fazer. E não está sendo feito. Tristeza. A infraestrutura brasileira NÃO agradece. O povo brasileiro só tem a perder com o que acontece, todos vêem, somente não vê quem não quer.

Enquanto isso, algumas prefeituras do interior lutam para estabelecer trenzinhos de brinquedo, vaporeiras anacrônicas de fins de semana. Sobra apenas comentar que a ABPF faz um excelente trabalho na ferrovia Campinas-Jaguariúna, que um dia foi a linha da Mogiana e hoje somente é usada por ela. Mas, graças a Deus, é uma instituição privada. Já a E. F. Perus-Pirapora, com um trecho pequeno, vinha sendo bem administrada por uma associação que nos últimos meses parece ter perdido o rumo.

4 comentários:

  1. Realmente, Ralph, eu que sou de Osvaldo Cruz (Alta Paulista) sinto na pele o descaso com nosso trecho ferroviário (Bauru - Panorama), onde trilhos já estão pendurados em enormes valetas e todo lastro levado pela total falta de manutenção e descaso completo da ALL. Eu sempre digo: Enquanto temos os trilhos aqui, ainda temos esperança. Mas, pelo andar da carroça, vejo que falta pouco para que "saqueadores" comecem a vir com maçaricos e levar os trilhos, a exemplo do que vi há anos atrás em que levaram todos os postes telegráficos....... é lamentável.

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  2. Ralph, sou morador de Americana e nesse texto você comentou sobre o ramal de Piracicaba. Mas como seria possível hoje pensarmos em trens de passageiros para aquela cidade, já que em muitos trechos não há mais trilhos e em outros as cidades já invadiram o antigo leito?

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    1. Marcelo, todas as linhas teriam de sofrer adaptações para voltar a ter trens. Repare, porem, que e citei apenas dois ramais para esta possibilidade na minha materia de ontem. Abraços

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