Douglas, você em sua estada aí no Paraíso Terrestre já há quase duas semanas, não sabe da novidade.
Sabe aqueles e-mails que a gente recebe e não acredita? Que ganhamos na loteria não sei onde e precisamos mandar a conta para receber o dinheiro? Aqueles milionários africanos que, perseguidos, decidem dividir a fortuna deles conosco? Recebi centenas deles nos últimos anos. Não deletei. Resolvi afinal responder a todos, e era tudo verdade! Nós é que somos desconfiados demais, as pessoas são boas e não más!
Com isso, recebi uma fortuna incalculável. Sou agora, de longe, o homem mais rico do planeta. Resolvi, então, aproveitar uma pequena parte desse dinheiro e fazer algo que sempre quis. Sabe aquela cidade onde você mora e na qual eu sempre meti o pau? Eu a comprei inteirinha. Sim, comprei toda a cidade de Guarulhos. Por que Guarulhos? Ora, por que eu cismei com ela. Feia e mal administrada, foi ela que escolhi. Existem tantas, afinal...
O que fiz então a partir do minuto seguinte à sua partida do aeroporto?
Comprei todos os imóveis da cidade, todos os terrenos, tudo. Demoli todas as construções. Todas, não - ficaram algumas. Todas as tombadas e as que você indicou que deveriam ser e ainda estavam de pé. Mantive o aeroporto, que, apesar de ser uma porcaria, causaria um caos na cidade de São Paulo sem ele. E fiz várias melhorias. O governo não precisará mais se importar em gastar dinheiro com sua ampliação e reformas. Quando v. voltar, encontrará um aeroporto totalmente reformulado e um dos melhores do mundo. O que o dinheiro não pode fazer?
Mantive a via Dutra para não prejudicar o tráfego entre São Paulo e o vale do Paraíba. Todos os terrenos vazios com as demolições em massa - aproximadamente 99% da cidade - foram gramados e arborizados. Algumas poucas avenidas foram mantidas. Não se preocupe com o seu apartamento. O prédio foi demolido também, mas conservei seus móveis e livros todos e transportei-os para a sua nova residência: o Palacete Sarraceni, que mandei reconstruir nos seus mínimos detalhes e que estão já acomodando seus móveis no exato local em que estava antes.
Também ficaram de pé a estação de Guarulhos da Cantareira, a Base Militar e o Shopping Center da antiga fábrica da Olivetti. Deixei também um hotel, o Ibis. E, claro, a Prefeitura - afinal, o prefeito continua sendo prefeito do que restou.
Reconstruí a linha do antigo Tramway da Cantareira e coloquei trens novos para ali circularem. As estações da base de Cumbica, Torres Tibagi, Gopoúva, Vila Augusta foram reconstruídas tal qual eram. O trem já funciona com locomotivas elétricas e carros TUE. Cada um com seus horários, pelo menos 20 por dia. A linha, no entanto, para na divisa de Guarulhos com São Paulo, pois o gênio do prefeito Malddad de São Paulo não deixou que ela entrasse pelo município da Capital. Não faz mal.
Demoli aquela ponte horrorosa estaiada e pintada com o nome da cidade sobre a Dutra também. Ela me irritava. Todos os rios e córregos que Guarulhos já teve a céu aberto e limpos um dia estão de volta em seus leitos e limpíssimos. Os poucos habitantes que sobraram pescam dourados e se divertem.
Ah, que maravilha é ser quaquilionário... até o tio Patinhas está com ciúmes de mim. Guarulhos passou de uma das cidades mais feias do Brasil e do mundo a uma das mais bonitas. Você vai gostar.
Estou agora pensando qual outra cidade vou recuperar. Depois lhe dou mais notícias. Qualquer dúvida que v. tiver ao voltar para casa, entre em contato comigo.
Seu amigo, Ralph.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
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Sensacional! Mas o que você fez com o meu prédio ?
ResponderExcluirDemoli, uai!! Eu falei no artigo! Não gosto de predios, v. sabe.
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