O trem cargueiro "atrapalhando" Sorocaba (Kelso Medici)
Chegou a vez de Sorocaba participar do festival dos trilhos do mal. Alguma alma "iluminada" resolveu pedir a retirada dos trilhos que passam pela cidade desde 1875. Como se eles não tivessem função alguma. Claro, querem fazer um anel ferroviário em volta da cidade para contorná-la.
Como sempre, a alegação é "dificultar o crescimento da cidade, perigo nas passagens de nível, barulho", sempre a mesma conversa. É o mesmo prefeito que há cerca de dois anos falou que não quer que a CPTM chegue até a cidade para "não transformá-la em cidade-dormitório da Capital". Curioso, em cento e trinta e sete anos isto não ocorreu. Por que ocorreria agora?
Com o anel ferroviário, de custo, claro, bastante caro, principalmente em desapropriações, os trilhos seriam obviamente retirados, o que evita que o transporte por trilhos de passageiros na cidade de Sorocaba (600 mil habitantes) e região seja implementado. Não me parece que isso seja obsoleto: afinal, São Paulo tem cerca de 250 km de trilhos, incluindo metrô e CPTM, e não considera isso obsoleto, tanto que está expandindo as linhas.
A estação de Sorocaba (ao centro), mais uma que virará museu ou centro cultural por falta de visão de seus governantes (Kelso Medici)
Curiosamente, o prefeito ainda afirmou que "os trilhos impedem, por exemplo, a construção da marginal direita da Av. Dom Aguirre", esquecendo-se que ao lado da ferrovia existe um Prédio histórico tombado em 1996 e localizado à margem do Rio Sorocaba, a Usina Cultural "Ettore Marangoni", que é hoje um espaço cultural.
O fato de Sorocaba ser uma cidade de "apenas" 600 mil pessoas não significa que ela seja "pequena". Ora, se compararmos com São Paulo, qualquer cidade brasileira é pequena. 600 mil habitantes requerem transporte decente e, hoje em dia, isso se dá por trilhos e não por avenidas, que se congestionam facil e rapidamente após sua entrega ao tráfego.
A CPTM, que continua afirmando que concretizar uma linha de trem rápido entre Sorocaba e São Paulo, vai descarregar os passageiros onde: no subúrbio, bem longe do centro, numa linha de anel ferroviário? Ora, por que não construir mais linhas férreas em vez de um anel inútil?
Mais um candidato, então, para o troféu "Trilhos do Mal": o prefeito de Sorocaba, que realmente pensa para o futuro: o futuro de outra cidade entupida de automóveis, ônibus e caminhões, por absoluta falta de opções. Parabéns a ele!
segunda-feira, 14 de maio de 2012
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Caro Ralph
ResponderExcluirA mesma coisa falam, ha muito tempo, em tirar os trilhos do centro de Juiz de Fora e com isto matar a possibilidade do retorno de um Xangai moderno. Veja que estes trilhos cortam o eixo longitudinal de JF, atendendo uma área densamente povoada e sem falar nos municípios vizinhos de Mathias Barbosa e Santos Dumont. Felizmente com as obras viárias que vão dar inicio a construção de dois mergulhões e três viadutos sobre e sob a via férrea certamente ficará enterrada , pelo menos para os próximos anos,a ideia de retirada dos trilhos, dando uma chance ao transporte de passageiros sobre eles.
Eu moro em Sorocaba, Ralph. A prefeitura atual tem esta vontade de tirar a ferrovia do Centro da cidade para atender à Zona Industrial e à Toyota, cuja planta se localiza a 17 Km da ferrovia e já demonstrou interesse em usar trens para escoar a sua produção.
ResponderExcluirDesde 1978, fala-se de um "ferroanel" para Sorocaba, mas nada foi feito desde então. O primeiro projeto previa uma linha ferroviária entre George Oeterer e Inhaíba, passando pela fábrica da Votorantim (que demandaria a desativação da Estrada de Ferro Elétrica Votorantim). Por outro lado, fala-se de VLT nos trilhos dentro da cidade desde 1989, sendo que já existem dois projetos para tal.
Ralph, para a prefeitura de Sorocaba, mobilidade urbana é bicicleta. A cidade investiu horrores para construir 90 Km de ciclovias, mas investiu pouco em sistema viário e quase nada em transporte de massa. Não se sabe o destino dos trilhos dentro da área urbana, mas não me espantaria da prefeitura tirar a ferrovia e botar uma enorme ciclovia em seu leito...
Eu sou estudante de Arquitetura e Urbanismo, e conheço muita gente importante em Sorocaba. Vou lutar pela implantação do VLT, usando os trilhos que ficariam ociosos; Sorocaba terá uma oportunidade única de ter um sistema de transporte limpo, eficiente e rápido a um custo reduzido, sendo que a estação do trem regional já está definido pelo Plano Diretor: será a 4 Km do Centro, em área de forte expansão urbana na saída para São Paulo, que haverá um terminal rodoviário e conexão pelo VLT (também já previsto no Plano Diretor).
A luta não será fácil. Tem gente que já defende uma nova avenida expressa no leito da ferrovia....
Eu concordo que os argumentos apresentados para a retirada dos trilhos não tem sentido. Poderiam usar para um metro de superfície (VLT p/ex, inclusive para Votorantim. Eu postei na página do deputado estadual que está à frente disso um vídeo do youtube mostrando um trem passando no meio de uma avenida junto com carros nos EUA que por sinal neste domingo dia 13 comemoraram o DIA DO TREM em grande estilo.
ResponderExcluirQuem é o deputado, Paulo? Gostaria de saber o nome,
ExcluirRalph e foristas:
ResponderExcluirO rebaixamento da linha como feito em Maringá-PR seria possível em Sorocaba?
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=516438
Não, não é possível.
ExcluirA linha ferroviária que corta Sorocaba passa sobre o Rio Sorocaba e mais quatro córregos, além de acompanhar o córrego Surupiri na área central. Assim sendo, o rebaixamento dos trilhos seria algo completamente inviável, do ponto de vista econômico.
Ralph, a ferrovia de Votorantim está desativada e coberta de mato e sujeira. O maior jornal da cidade defende o seu desmantelamento, pois o ramal não teria condições de receber um VLT por não haver espaço para uma segunda via e estações.
Evidentemente é possível. O problema é que o prefeito quer mesmo é tirar os trilhos, ele não parece estar preocupado com mante-los para um possivel VLT ou trem regional. E vem a pergunta feita pela magistral resposta do MP em Ribeirão Preto, já citada neset post: Há algum plano para tudo isto? Ou somente fazer a variante a um custo ainda não sabido e construir uma avenida sem projeto e sem custo? Alguém calculou o custo de rebaixamento? Da poluição ambiental com novas avenidas? Etc. Tudo nas coxas.
ResponderExcluirEu me esqueci de escrever o que estava pensando no hora, ou seja, o primeiro parágrafo do meu comentario acima deveria ser "evidentemente é possível, mas depende do custo". Se ele é alto por causa dos córregos, bom, em São Paulo será mais alto ainda, quando vemos que o louco deo Kassab quer afundar a linha férrea também...
ExcluirEles vao se arrepender principalmente no que se refere a história da cidade. Mas quem está preocupado com a 'história'?
ResponderExcluirEstava vendo uns documentos hoje e já se falava em "ferroanel" e "avenida no lugar dos trilhos" desde 1964 em Sorocaba... Ou seja, essa história não é de hoje.
ResponderExcluirInfelizmente, Sorocaba não pensa no futuro. As autoridades fazem obras paliativas que não tem grande efeito no trânsito da cidade, a cidade perdeu uma oportunidade de implantar um corredor BRT numa avenida (com potencial de crescimento) para plantar um monte de árvore num evento "ambiental" e elegeu a bicicleta como solução para a mobilidade urbana (apesar das "n" ladeiras que temos). Está sendo gerada uma futura "mini-São Paulo misturada com Porto Alegre" (cidade que não tem mais espaço para nada e que também não pensa no futuro) no interior paulista.
CPTM ? Deus me livre. A propósito, porque tudo nesse estado tem de ser feito em relção a capital ? Por que toda essa centralização em um estado que tem um interior gigantesco ? Por que não "ligar", primeiro, grandes cidades do INTERIOR com esse tal "trem rápido" ? Abraços.
ResponderExcluirFuuuuuuuuu, por que não a CPTM? Porque tem acidentes? Toda empresa tem. Vai melhorar. De qualquer forma, independente de que empresa for, concordo com v. que hoje em dia e já há muito tempo o sistema de trens de passageiros centralizou-se somente na Capital e o resto nunca deveria ter acabado. Devia ter é sido substituido por coisa melhor e não foi. E já está mais do que na hora de se implantar um monte de trens entre um monte de cidades no interior. Por que não fazem? Um dos motivos é a falta de vontade mesmo. Outro é o lobby das empresas de onibus.
ExcluirOlá Ralph,
ResponderExcluirO "tom" da minha mensagem pode parecer faísca política.
O governo do estado de SP nunca fez grandes obras de mobilidade urbana nas grandes cidades do interior. Você consegue imaginar o Alckmin anunciando um VLT para Campinas, por exemplo ? Eu não. Nem em sonho.
Eles poderiam fazer ($$) um VLT em Campinas ? Claro que sim. Eles poderiam fazer ($$) um VLT em Sorocaba ? Claro que sim. Sorocaba ajudaria ? Claro que sim.
Mas sabe como é. O governo estadual é um lugar tão distante do interior, você já reparou ? E o nosso magnífico pacto federativo, então, que está derretendo os municípios ?
Vai ver, caro Ralph, o que resta aos administradores das cidades do interior do estado, por exemplo, é isso: arrancar o que sobrou.
Voltando ao ponto, o governo estadual do PSDB está lá pra beneficiar a capital do estado, e só.
Se, daqui a cinquenta anos o PSDB estiver governando esse estado, o Vale do Ribeira e a Alta Paulista ainda serão lugares pobres. É a lógica mercadológica deles, a da "demanda", a lógica da centralização. No caso da Alta Paulista, um detalhe cruel: a região foi transformada, literalmente, em um imenso Carandiru. E a próxima região do interior que vai se transformar em um imenso Carandiru será o Vale do Ribeira, com a mesma máquina pública, já deficitária e, claro, sem nenhuma contrapartida, como é praxe desse governo estadual.
Realmente, caro Ralph, é falta de vontade. Vinte anos depois, o PSDB ainda não levou o INTERIOR pra dentro do governo "estadual". E eles nem fazem questão. E ainda: são HIGIENISTAS.
Pobre caipira.
Abraços.