sexta-feira, 6 de abril de 2012

CASA BRANCA

A estação de Casa Branca - a "velha" - em 2008

Outro dia, conversando com amigos, saiu o nome de Casa Branca. Cidade que conheço, embora estando lá não frequentemente. O suficiente, entretanto, para gostar muito dela. Simpática, pequena, agradável e calma, agradaram-me bastante as minhas sempre curtas estadas em Casa Branca.

Pelo que li sobre ela, já foi mais importante e movimentada no passado. Um dos principais centros da Mogiana, de lá saía o ramal de Mococa, que levava a São José do Rio Pardo, Mococa e Guaxupé. Grandes armazéns de café, que trouxeram anos de glória à cidade, até hoje estão lá, infelizmente abandonados. Mas houve tempos em que houve que se construir uma estação auxiliar na entrada da cidade, a qual chamaram de Papagaios, dado o enorme movimento de cargas que sufocava a estação principal. E esta ficava na parte mais alta da cidade, longe do centro, e para alcançá-la com mais facilidade, foi construída uma linha de bondes, puxados a burro, dois deles, que levavam pela rua principal os passageiros da praça central à estação. Na volta, o bonde descia sozinho, e os burricos eram soltos das rédeas para também sozinhos retornarem à estrebaria na rua de trás. Eram, realmente, outros tempos.

Mas o tempo passou, e os trens da Mogiana acabaram, a própria Mogiana acabou. Antes disso, porém, a estação foi transferida para fora da cidade, para o Desterro, para uma melhor facilidade de circulação dos trens. Depois acabou o ramal de Mococa, foram-se os trilhos; foi-se Papagaios, demolida; foram-se os trens de passageiros, a estação velha virou sede da Prefeitura e a estação chamada por muito tempo de estação nova ficou às moscas, foi incendiada e saqueada. Depois reformada.

Acabou-se o movimento de Casa Branca. Mesmo assim, uma amiga dizia que embora não conhecesse a cidade, gostava dela. “Acho que deve ser algo relativo ao nome da cidade - sonoridade, ou semântica - porque eu também sempre senti algo especial por Casa Branca... nunca estive lá, quer dizer, passei por ela uma vez, numa viagem de trem quando ainda era bebê, só que cresci ouvindo meu pai falar que estava escalado para levar um trem para Casa Branca, ou que tal composição estava partindo de lá, enfim... de tal modo que se entranhou na minha cabeça esta estação em particular, tanto que quando vi fotos dela há alguns meses, no estado de abandono, parecia que as imagens não batiam. Acho que acabei criando uma Casa Branca particular...”, Um grande amigo, o Rodrigo, por sua vez, comentava que tinha “um gosto especial por esta cidade. Quando tive meu primeiro contato com o trem, em Evangelina, creio que em 1978, lembro-me que o maquinista me disse que o trem em que eu estava ia para Casa Branca. Bem, durante anos e anos eu falava que queria morar em Casa Branca. Essa era a minha Canaã... engraçado... coisas de criança”.

E então eu me recordei do velho Jorge, já falecido, um senhor que embora nascido em Porto Ferreira, cresceu em Casa Branca. Foi enterrado lá. Na sua cidade. Casa Branca, da qual ele sempre falava quando eu conversava com ele e ele dizia que “isto me faz lembrar um caso que aconteceu comigo quando eu morava em Casa Branca...” e lá ia ele contando mais uma história, que eu ouvia e não anotava... uma pena. Aécio, seu genro, quando ouvia essas histórias e dizia que “eram conversa para fazer lagartixa cair da parede”... O velho Jorge ria e continuava contando.

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