quarta-feira, 18 de abril de 2012

CIDADES SATURADAS

Barreiras de predios já existiam nos anos 1950 em São Paulo...

É, acho que ninguém vai apresnder, mesmo. Nos últimos dias tenho visto inúmeras tentativas de se expandir as áreas para construção de edifícios residenciais e/ou comerciais em diversas cidades brasileiras. Paulistas, principalmente.

Acho que o exemplo da cidade de São Paulo não está sendo visto pelos nossos dirigentes políticos, muito menos pelas construtoras e menos ainda pelo povo em geral.

Na capital paulista, a investida é contra uma área no nobre bairro de Vila Nova Conceição, bem em frente à judiada mas arborizada praça Cidade de Milão e o Parque Ibirapuera. Também se arreganharam as unhas contra os velhos depósitos ao longo das linhas da antiga E. F. Santos a Jundiaí - neste caso, por que em vez de se demolir tudo e construir torres, não se reforma sem aumentar as áreas construídas, o que já existe? Isto evitaria a geração de toneladas e toneladas de entulho e também a construção de barreiras de edifícios super-populosas. Seriam, como se diz, para aproveitar a infraestrutura de transportes à beira de casa. Para que? Os transportes atualmente existentes estão saturadíssimos. Vão construir linhas adicionais no percurso? Claro que não. Não há espaço para tanto.

Em São José dos Campos, fala-se em liberar nais áreas para construção e também o gabarito de altura dos novos edifícios (leia-se número de andares). Em Bertioga, a liberação de terrenos quase virgens à beira da praia. Em Embu (hoje chamado, sabe-se Deus por que, de "Embu das Artes"), querem agora a construção de corredores industriais no meio das florestas tombadas. Para que?

O exemplo de São Paulo-Capital, repito, realmente não foi assimilado.

E ainda há a velha ladainha: "construção dá emprego e fabricar automóveis também". Certo, não posso negar. No entanto, estas duas linhas industrias estão começando a sufocar as cidades. Que tal, como já falei aqui uma vez, parar com a construção de novos prédios e reformar o que já existe? Será que isto também não geraria ou manteria o emprego?

Para cada encheção de saco que existe hoje para construir uma linha férrea (transporte sobre trilhos, sabidamente o melhor transporte que existe), são liberados zilhares de automóveis nas ruas pelas fábricas que não precisam pedir licenças ambientais.

Não estarei vivo daqui a cinquenta anos. Será que as cidades estarão melhores? Ou estarão saturadas e semi-abandonadas, com ruínas de edifícios aqui e acolá e servindo de moradias para drogados que, indo a coisa do jeito que vai, sem nenhum controle da praga (um dos candidatos a prefeito de São Paulo afirmou uma frase lapidar outro dia: ele teme que os centros de atendimento a usuários de crack se tornem manicômios. E por isso, não se faz nada? Por causa de uma possibilidade de insucesso, risco que existe em qualquer empreendimento que seja?), o número de drogados tente a aumentar cada vez mais.

E digam o que disserem, quem é usuário de crack nunca se cura... infelizmente.

2 comentários:

  1. Aqui em Sorocaba, já ocorre isso que você colocou no texto, Ralph: vários empreendimentos imobiliários estão pipocando em toda a cidade enquanto o Centro e a Zona Leste estão cada vez mais deteriorados. Há uma região no Centro, perto do terminal rodoviário, que pode-se chamar de "Cracolândia sorocabana": casas abandonadas, bêbados enchendo o saco e drogados mendigando numa rua completamente deteriorada; meus pais já moraram nesta região em 1979 e era um dos melhores lugares para se viver em Sorocaba.

    Outro ponto a ser notado é a necessidade de investir muito mais em infra-estrutura, sendo que seria possível reaproveitar os espaços já existentes para evitar uma expansão da mancha urbana e adotar uma maior densidade demográfica (benéfico para o meio ambiente). Felizmente, os vereadores de Sorocaba estão analisando um projeto de lei que visa o aumento anual de 15% no IPTU para imóveis desocupados/abandonados no Centro. É imóvel abandonado no Centro sorocabano é o que não falta.....

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  2. É Ralph, a lógica do dinheiro normalmente vai contra o bom senso e principalmente contra as boas práticas na construção de cidades e mesmo de civilizações. Eu já pensei muito nessa questão do limite e o que percebemos é que em lugares ditos mais evoluídos tem-se o belo costume de prever o futuro, planejar, e cumprir o planejado, antes do pior acontecer ou, melhor, para que o melhor aconteça. No Brasil, simplesmente esperamos o pior acontecer e seguimos a vida. Então, num futuro prevejo que a cidade vai parar de vez e aí sim virão as mais absurdas medidas (como aquela de proibir garupa nas motos para evitar assaltos...) porque nada vai ajudar numa situação limite, apenas algo igualmente absurdo. Tenho a mesma aversão por esse frenezi de construção aliado ao crescimento desenfreado da frota de veículos. Densificar é sempre bom, o que costuma exigir construções novas, mas no caso de Sao Paulo, chega neh, essa cidade nao pode mais crescer nem densificar, o maximo que pode acontecer é redistribuir a população, mas sabemos que isso aqui vai entupir com mais e mais gente e com mais e mais carros, até tudo explodir. SInceramente, ultimamente eu venho até pensando que mesmo migração interna para Sao Paulo deveria ser desestimulada, um pais desigual desse tamanho não pode concentrar tudo em um lugar só. Aqui tem melhores salários então o país inteiro vem pra cá. Agora no nordeste tem tb uma ondinha de construções e de exploração, o que tem elevado salários e levado gente daqui pra lá...a lógica do dinheiro. Se formos seguir apenas ela, tudo vai explodir. Em alguns países voce nao pode simplesmente sair de sua cidade e estado e ir pra outro trabalhar onde bem quiser, porque tem-se essa consciencia de que voce deve contribuir para o crescimento e bem estar de sua regiao, se pensa em um equilibrio entre as regioes, entre riqueza. Bem, eles são bem mais equilibrados que nós nesse quesito...enfim, aqui as desigualdades sao imensas, uma das maiores do mundo, entao continuaremos a produzir desigualdades como Sao Paulo.

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