Diário de Penapolis
Tem sido realmente difícil entender como este país tem progredido tanto nos últimos, digamos, cinquenta anos. Houve períodos de semiparalisia, mas o fato é que houve progressos.
E é difícil de acreditar, quando se lêem coisas como as que tenho lido nos últimos dias. Uma delas fala sobre o descalabro do monotrilho de Poços de Caldas. Outra, sobre um acidente entre um trem e um automóvel em Penápolis, SP. E também sobre o fato de uma visita da presidente da República às obras da Trannordestina ter sido cancelada em cima da hora por terem descoberto que as obras estavam praticamente paralisadas.
Há muito mais exemplos. Vou me ater a estes três. No caso do trem em Penápolis, é certo que um dos motivos foi o de não haver sinalização no cruzamento da linha com a rua. É um absurdo não existir esta sinalização, principalmente porque, até 20-30 anos atrás, tudo o que era cruzamento ferroviário tinha ou avisos de cruzamento, ou cancelas. Hoje, isso praticamente não existe mais, pois concessionárias e prefeituras brigam entre si, cada uma afirmando que o problema é da outra parte. Mas o que realmente me assunsta é que as pessoas, na falta de sinalização ou cancelas, perderam o bom-senso de olhar para os lados quando vêem à frente uma linha ferroviária. É o mínimo que se pode esperar de um cidadão que tenha carteira de motorista.
No caso da Transnordestina, suponho que uma pessoa específica tenha preparado toda a viagem para a Presidente. Visto horários de vôos, pessoas participantes, etc. Mas se esqueceram, pelo visto, de avisar as empreiteiras e - pior - de conferir se realmente estavam trabalhando naquele ponto das obras. Aí, alguém descobriu (antes da viagem) que havia um problema. Por que não conferiu isto alguns dias antes? Por que anunciou a viagem à imprensa sem conferir isto? E, pior, por que a empreiteira está com as obras paradas? A isto, ninguém até agora deu a resposta. O fato é que a Transnordestina somente teve até agora cerca de quinze quilômetros entregues - o que, para um ferrovia, não é coisa alguma. Deveria estar pronta em 2006. Depois, em 2008. Depois, em 2010, 2012... hoje, já falam em 2014.
E, por fim, o monotrilho de Poços. "Talvez o projeto mais antigo inacabado do país, completou 30 anos, em 20 de agosto de 2011, e ainda não apresenta sinal de solução para a conclusão. A empresa detentora da concessão municipal, por 50 anos, até 2031, a J Ferreira Ltda, executou menos de um terço (8 km) dos 30 km previstos. Ao final da concessão, o patrimônio do modal seria revertido ao município. Da inauguração, logo após dada a concessão, o monotrilho de Poços de Caldas, que era o único a funcionar no país no sistema ferroviário de transporte de massa, circulou poucas vezes. Oito anos depois, encerrou sua presença nas vias públicas da cidade". O trecho entre aspas foi tirado de uma reportagem de hoje, de Nairo Alméri (Notícias S. A.). O fato é que, depois disso, segue o artigo, houve brigas entre a Prefeitura e a empresa. E nada foi resolvido depois de anos e anos sem funcionar e com uma parte acusando a outra.
Por que essas coisas somente acontecem no Brasil? Será que ocorrem em outros países de economia considerável? Parece que o Brasil é hoje a sexta economia no mndo, né? Como?
Tirem suas próprias conclusões.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
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Ralph, creio que você quis dizer Transnordestina, e não Transamazônica. A Transamazônica é do tempo do Médici e, naquela época, o pau comia se a empreiteira tivesse deixado tudo vazio... :)))
ResponderExcluirEstava em Poços no exato dia que o Senna morreu, 1º/05/1994. Nunca voltei a essa cidade muito graciosa. Será que o monotrilho a que se refere é um que sai do centro e segue junto a uma avenida principal? Tô com a sensação de que andei nele em um pequeno trecho (não sei se me confundo), mas mesmo na época me parecia uma coisa subdimensionada, que mal serviria para um uso turístico, que dizer de um uso com transporte urbano. Será que é isso mesmo? Valeu!
ResponderExcluirA capacidade do Monotrilho previsto para a linha 15-Prata, que é considerado o maior do mundo para carruagens com largura de 3,1 m (standard), e comprimento da composição total de ~90 m e com 7 vagões, é de ~1000 pessoas, concorrendo com o BRT e o VLT são considerados de média demanda, contra para a mesma largura, porém com comprimento de ~132 m e com 6 vagões é de ~2000 pessoas para o Metrô, e com comprimento de ~170 m e com 8 vagões é de ~2500 pessoas para os Trens Suburbanos, significando com isto que a capacidade do metrô e dos trens suburbanos são no mínimo o dobro do monotrilho, trafegando na mesma frequência, sendo considerados de alta demanda.
ResponderExcluirComparativos: A capacidade é expressa em número de passageiros por hora por sentido (p/h/s), assim BRT, VLT, Monotrilho – 4000 a 25000 p/h/s, enquanto Metrô, Trens suburbanos – 20000 a 60000 p/h/s.
Estão previstas plataformas centrais para saídas de emergência em todo seu trajeto, obrigatórias para esta função, não deslumbrei em nenhuma das postagens de pesquisei, porém constam na especificação que iram existir, além das escadas retráteis!!! (de uso duvidoso).
A largura padronizada dos carros para os três são de 3,1 m (standard). Não confundir com os trens suburbanos espanhóis da CPTM-SP e alguns da SUPERVIA-RJ de 2,9 m que possuem uma plataforma (gambiarra) em frente ás portas para compensar o vão.
O monotrilho da linha 15-Prata, com ~24 km, Ipiranga, Cidade Tiradentes irá trafegar em uma região de alta demanda reprimida na zona Leste, com migração de parte da linha 3-Vermelha (a mais saturada do sistema) maior do que as linhas 4-Amarela, 5-Lilás e a futura 6-Laranja, e já corre o risco de saturação, além de ser uma tremenda incógnita, quando ocorrer uma avaria irá bloquear todo sistema, pois ao contrário que ocorre com os trens do metrô em que o chaveamento é simples, nos monotrilhos a mudança das carruagens para a via oposta se da de maneira complexa, com grandes distâncias entre si entre as estações, além de trafegarem em média a 15m do piso.
A melhor opção seria o prolongamento da linha 2 Verde, com bifurcação em “Y” na estação Vila Prudente, com a previsão da futura linha para Vila Formosa, e até São Mateus e a partir daí seguir em VLT, até a cidade Tiradentes, (Após as obras começadas, a estação terminal será na estação Ipiranga da CPTM), Vila Prudente basicamente será uma estação de transbordo.
Nem conseguiram acabar com o caos da estação da Luz, e já estão "planejando" outros inúmeros transbordos na nova estação Tamanduateí com as linhas 10 Turquesa, 2 Verde, e os monotrilhos Expresso ABC e Expresso São Mateus Tiradentes, com um agravante, de que as plataformas da estação Tamanduateí são mais estreitas que a Luz, e não satisfeitos, já prevendo a expansão em linha reta em monotrilho, é assim nas linhas 2 Verde e o projeto da linha 6-Laranja com transbordo obrigatório caso os usuários desejem prosseguir viagem, fazendo que os usuários tenham que fazer múltiplos transbordos provocando enorme desconforto.