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quarta-feira, 8 de junho de 2011

FIAÇÃO AÉREA

A casa no Bexiga tem à sua frente fios e mais fios. A cena é comum em São Paulo. No Bexiga, no entanto, as árvores não são tão comuns.

O violento vendaval de ontem na Grande São Paulo trouxe à tona um velho problema: a incompetência da Eletropaulo para atender às quedas de energia, mesmo quando não são tantas assim.

Ontem, pelo que vi, li e ouvi, foram "tantas assim", sim. Porém, até este momento que escrevo - 18:40 do dia 8 de junho - diversas regiões da Capital e algumas cidades da área metropolitana continuam sem eletricidade. Não chove mais desde a madrugada de hoje. O dia foi de sol, embora bastante frio.

A rádio Bandeirantes entrevistou um funcionário da Eletropualo. Deve ter sido algum gerente ou diretor, não sei. Uma das coisas que ele falou foi que "o call center da Eletropaulo funcionou bem, diante da quantidade imensa de telefonemas". E que a quantidade de ligações chegou a ser a mesma de um mês inteiro. E mais: que nenhum call center do mundo conseguiria atender a todos numa situação destas, onde, para fazê-lo, o tamanho do call center teria de ser trinta vezes maior do que é. E, finalmente, que isto é inviável.

Bem, deixe-me analisar aqui com meu cérebro nem tão privilegiado e minha falta de conhecimento do assunto.

Primeiro, se o call center é muito pequeno porque não se pode fazer um 30 vezes maior, não seria o caso de se desmembrar as concessões para que a área seja menor facilitando a ação de call centers que, juntos mas de empresas separadas poderiam atender melhor e ser maiores do que são hoje?

Segundo, considerando-se que a maioria dos casos acontece por quedas de árvores e de galhos, não é o caso de se colocar a fiação subterrânea, hoje existente em apenas parte do centro velho de São Paulo e de algumas poucas ruas e avenidas? Com relação a isto, sei que é muito caro se enterrar a fiação e também que li, há menos de um mês (não guardei a reportagem) que a Prefeitura tem um plano de fazer esta canalização de fios que deveria cumprir um certo número de quilômetros de fiação (e consequentemente de ruas) por ano. E que este plano não está sendo cumprido.

Supõe-se que não esteja sendo cumprido por que não se quer gastar dinheiro com isto. Ora, se não está sendo cumprido por isto, por que se fez o plano? Supostamente, há valores no plano. Ou seja, isto se chama de falta de compromisso.

Não sei que parte deve ser feito pela Eletropaulo e/ou pela Prefeitura, visto que outras concessionárias (telefones, tv a cabo) também se utilizam hoje do espaço aéreo para fiações e que, portanto, teriam de participar também com a "subterranização" de fios.

Se a Prefeitura tem dinheiro para enterrar uma linha de trem inteiro, como diz que quer fazer com a linha da CPTM que corresponde a parte das antigas E. F. Santos a Jundiaí e E. F. Sorocabana, por que não poderia gastar em algo muito mais prioritário como o é o enterramento da fiação elétrica, telefônica, etc?

E mais: diversas ruas da Capital tiveram este enterramento feito pelos proprietários dessas ruas (vide, por exemplo, rua Oscar Freire), que bancaram o serviço. Será que não há outros logradouros em que isto não poderia ser feito também pelos proprietários? Finalmente, é sabido que diversas regiões da cidade são áridas em termos de árvores nas ruas. Que tal deixar estas regiões para o fim em termos de necessidade do eneterramento e privilegiar as que têm árvores?

O fato é que as que têm árvores são as regiões mais ricas - podem conferir esta afirmação. Então, estaria a prefeitura não querendo ser acusada de favorecer as regiões ricas se fizer a tal canalização? Como se isto não fosse facilmente comprovável.

Daqui a pouco, se não tomarmos cuidado, a Eletropaulo e a Prefeitura vão estar derrubando as árvores existentes para evitar a queda delas e de seus galhos. Sabe como é, no Brasil tudo é possível.

E a pergunta: por que a Eletropaulo não faz esse enterramento para economizar na manutenção e obras que tem de bancar sempre que chove e venta? Alguém já comparou os valores de cada um para conferir quanto isto representa quando colocamos os custos de um contra os de outro?

E, finalmente, como a Eletropaulo vive dizendo que o tráfego de São Paulo dificulta o deslocamento das turmas de consertos de fios (óbvio), por que ela não abre mais centrais para guardar seus caminhões, em vez de centralizá-los em poucos estacionamentos próprios? Isto não facilitaria as coisas?

Senhores, a Eletropaulo é um lixo mesmo. E é exatamente por isso que vai continuar fazendo tudo igual, ainda mais respaldada por uma prefeitura que é também altamente incompetente. E por aí vai.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A ESTAÇÃO E CIDADE DE VINHEDO VISTA DA ALEMANHA

Carro da antiga Cia. Paulista virando poeira ao lado do museu de Vinhedo. Foto de janeiro de 2011. O que se pensar de um museu desses?
Recebi hoje um e-mail da Alemanha que me deixou muito feliz. Transcrevo-o abaixo sem colocar o nome da remetente, a qual não conheço e não sei se lhe interessaria ter o nome divulgado aqui. Depois mando, se ela me o permitir.

Bom dia, Ralph,

antes de mais nada, parabéns pela tua page sobre estacoes ferroviárias. Uma maravilha histórica, num país onde infelizmente a memória é desprezada e pisoteada. Com isso, são contribuicoes como a tua que fazem com que o interessado pelo menos consiga algum material para tentar entender um pouco da sua própria história.

Anexo uma foto que tirei em janeiro do corrente em Vinhedo. Tenho também foto da estação, ou melhor do que sobrou do prédio. Uma tristeza imensa de ver aquele abandono todo.

O meu interesse na ferrovia tem a ver com a minha história familiar, onde penso que o advento da ferrovia teve um papel preponderante, não obstante ninguém diretamente ter trabalhado nem na construção nem posteriormente no funcionamento.

Meu bisavô foi o primeiro pastor luterano que de fato fincou pé no interior do Estado de São Paulo, sendo o fundador de inúmeras comunidades e escolas. O seu envio ao Brasil em 1869 pela Missão da Basiléia tinha por objetivo atender espiritualmente os imigrantes de língua alemã cuja maioria nessa época encontrava-se nas fazendas de café.

Interessante observar que justamente nessa época começa a construção da estrada de ferro no interior do Estado, com o que, depois de o primeiro endereço dele ser lá pelos lados de Limeira, em 1874 encontro carta datada de "Rocinha, Estação Cachoeira".

Ao visitar essa estação em janeiro, chamou-me a atenção que, de fato, alguns prédios (penso que deva ser o que restou) apresentam características bem antigas e, se dependesse de mim, todo aquele pedaço, inclusive a estação seria tombado e tratado com o devido respeito.

Não deixa de ser um contrassenso em si mesmo o fato de em Vinhedo existir um Museu do Imigrante, uma construção caríssima e - a meu ver - totalmente destituída de sentido, pois o que existe dentro do prédio que se chama de Museu são apenas fotos antigas ampliadas para posters e, se for ver corretamente, tudo muito recente para se falar alguma coisa sobre Imigrantes. De fato, o que me pareceu ser antes o fato, de que algum político de plantão, descendente de algum imigrante mais recente,
resolveu assim fazer uma homenagem a si mesmo. Mas isso é mero palpite, uma vez que nada, mas nada mesmo encontrei naquele museu sobre imigração alemã de meados do século XIX, sendo que sei que por lá ainda hoje há descendentes desses imigrantes. Mas sobre sua história nada se sabe oficialmente.

Interessante é que aqui na Alemanha acaba-se encontrando muito mais material sobre esse Brasil do século XIX do que no próprio Brasil. No momento estou a ler o relatório de viagem de J. J. Tschudi, que em 1858 visitou como cônsul suíço para assuntos de imigração todas as colônias nas fazendas de café onde houvesse imigrantes de língua alemã. Interessantíssima história e não deixa de ser interessante também os seus comentários sobre a necessidade de uma estrada de ferro para escoamento do café e suas consideraçoes sobre a relação da futura ferrovia com a abolição dos escravos.

Desejo-te um excelente dia. Caso queira a foto da estação de Vinhedo,
terei prazer em enviá-la.

Grande abraço

Minha resposta está abaixo. Havia muito que responder, mas tentei ser bastante resumido em meu texto:

Obrigado por suas palavras com relação a meu site. É, museus no Brasil são assim mesmo - não vou dizer todos, mas 99% deles. O brasileiro ainda não percebeu que museu, para ser bom e atrair pessoas, precisa ser um senhor museu, e não um lugar que apenas junta "velharias". Não adianta algo que o sujeito visita, fica dez minutos (quando muito), e quando tem dúvida sobre algo, pergunta à pessoa - geralmente uma só - que "toma conta" do museu e a resposta é "não sei, estou aqui só para tomar conta".

Eu me recordo de duas vezes isso ter acontecido: uma na antiga usina elétrica de Emas (Pirassununga), onde existe um museu da região, e eu perguntei ao sujeito mal vestido que estava lá algumas coisas e ele me respondeu "desculpe, não sei nada, sou só faxineiro aqui". E olhe que o que mais tinha no museu era poeira... tudo extremamente empoeirado.

A segunda vez foi em Porto União, SC, onde havia uma moça - devia ter uns 18, 19 anos e, sinceramente, era uma das mulheres mais lindas que já vi, e que respondeu quando perguntei algo: "não sei, só tomo conta aqui, ainda sou estudante"... fica difícil. Não que beleza signifique necessariamente cultura ou interesse na área, mas acaba decepcionando mais ainda quem pergunta...

Acho, no entanto, que o conceito de pesquisa, cultura e preservação aqui está mudando rápido, para melhor, mas falta muito ainda a percorrer. Uma das coisas que se precisa eliminar é a concorrencia - o ciúme que uma associação tem da outra... não sei se isso existe na Europa também...

Obrigado, e mande por favor as fotos de Rocinha.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

SUD MENNUCCI E O RECENSEAMENTO DE 1940


Quem deu a chefia do Estado de São Paulo para o Recenseamento Geral de 1940 para meu avô Sud Mennucci sabia o que estava fazendo. Ele provavelmente sorriu como um bebê quando vê um doce ao receber a notícia.

Depois de vinte anos sem se fazer o recenseamento, Getúlio Vargas tomou esta nova contagem como algo muito sério para o Brasil. Ele não estava errado. E, pelo menos em São Paulo, entregou o serviço para quem entendia do assunto e, não somente isso, gostava de viajar e, antes de viajar, conhecia com a palma da mão o que ia ver. Sud viajou para boa parte das cidades-sede do censo e promoveu-o como se fosse a sua vida em jogo. Não é esta uma afirmação vazia. As notícias da época e seus relatos e entrevistas a jornais, as fotos que ele e seus colegas tiraram dessas viagens, muitas delas guardadas no seu belo arquivo, provam tudo isto.

A cada viagem sua, os jornais promoviam a epopéia. Afinal, viajar por um Estado onde metade dele não tinha ainda nem trinta anos de povoamento era realmente algo desafiador. Não acredito que meu avô conhecesse todos esses locais, apesar de viajar muito. No papel, sabia muito sobre eles. Conhecia a geografia e a hidrografia de cidades próximas e das muito afastadas como se as tivesse conhecido in loco. Era sopa no mel.


Para muitas delas ele foi de trem, meio de transporte ainda principal e mais confortável, confiável e rápido da época. A fotografia acima foi tomada da frente da antiga estação ferroviária da cidade de Ourinhos - Sud, seus amigos, colaboradores, curiosos e puxa-sacos aparecem nela.


Para uma ou outra, de avião - mais veloz que o trem, é verdade, mas caríssimo e ainda não tão confiável. As fotografias tomadas na pista do aeroporto de Araçatuba mostram um desembarque de meu avô saindo do avião, cercado de curiosos (acima) e descendo a escada de acesso à pista passando no meio de um túnel de gente. Avião se esperava na pista mesmo. Bem diferente de hoje em dia, quando na maioria dos aeroportos a gente não tem vista para a pista por questão de segurança dos passageiros... leia-se terrorismo (mesmo assim, é bom lembrar que viajei de Ponta Grossa a São Paulo em 1993, portanto somente 17 anos atrás, e esperei o avião na pista. O prédio estava abandonado!!!).


Muitas fotografias foram tiradas também dos escritórios locais. Nesta, acima, o carro do recenseamento aparece estacionado em frente ao escritório da cidade de Rio Claro.

Sem computadores, os resultados levaram anos para serem publicados. Porém, em 1941, já se tinha uma ideia do que havia sido contado e catalogado. Sud adorava dar explicações e entrevistas para os jornais, falar do crescimento das cidades paulistas, etc. Não conheço a organização do censo de hoje, mas não duvido que a empolgação por fazê-lo seja muito menor do que naqueles tempos de - ainda - grandes descobertas.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

COLONIZAÇÃO PAULISTA: A OBRA QUE FALTA

Casa-sede da colônia militar de Itapura, estabelecida em 1858 e ainda de pé em 2006 (Foto de Ismael Gobbo)

Houve um tempo em que, em teoria, a Capitania de São Paulo (antecessora da Província e do Estado de São Paulo) ocupava uma imensa parte do que viria a ser o Brasil. Também em teoria (porque os limites dos mapas hoje feitos apenas mostram os limites dos Estados atuais que se formaram naquela época), englobava não somente São Paulo, mas também Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Tocantins.

Isto vigorou até 1853, quando o último dos Estados (na época, províncias) se separou - o Paraná. Cem anos antes (1748), a Capitania de São Paulo, que por sua vez era a sucessora da Capitania de São Vicente, foi extinta quando perdeu as capitanias de Mato Grosso (a original) e de Goiás: a Corte decidiu que, devido a ter ficado com território muito pequeno (território este que ainda englobava São Paulo para o sul, até o Uruguai), não havia mais motivo para se mantê-la. Ela passou, então, a fazer parte da Capitania do Rio de Janeiro.

O erro foi corrigido apenas 17 anos depois: a Capitania foi restaurada em 1765, pois o Rio de Janeiro, já capital do Vice-Reinado, não tinha como governar uma área tão grande. A primeira capital (provisória) da Capitania restaurada foi Santos, voltando logo em seguida para a cidade de São Paulo. A ordem do Morgado de Mateus, novo governador, era: povoar a província com urgência. Realmente, durante seu governo e de seus dois sucessores, foram fundadas várias cidades como Campinas, Araraquara, Piracicaba e outras, além de ter sido construída uma estrada moderníssima para o porto de Santos (moderna para a época): a Calçada do Lorena.

A Província (a partir de 1822, da Independência), no entanto, foi avançando muito lentamente para oeste. As terras para lá (no sentido oeste) de Araraquara eram ainda virgens. No final do século XIX, já em plena República, o já Estado de São Paulo tinha suas cidades do seu então extremo oeste ainda em Avaré, Bauru e Rio Preto, cidades com infraestrutura precaríssima e distantes de tudo.

No então "sertão desconhecido, povoado por bugres", apenas alguns aventureiros se infiltraram durante o século XIX, tendo constituído vilas minúsculas e pouco duradouras. Um dos mais famosos foi João Teodoro, que muito tempo depois foi agraciado com o nome de uma estação ferroviária da Sorocabana (1917), que gerou um município que, em 1939, teve o nome alterado para Martinópolis. Houve outros aventureiros, em geral gente que imigrou de Minas Gerais, como ele mesmo. Diversas cidades de São Paulo foram fundadas no século XIX por mineiros que "voltavam" às origens - afinal, os fundadores das cidades mineiras mais antigas eram paulistas - os emboabas.

Fora isto, a rivalidade com os países do Prata também gerou uma tentativa tímida de povoamento por parte do Império, como a fundação de duas colônias militares - Itapura e Avanhandava. As duas desapareceram rapidamente, quando a ameaça paraguaia foi reduzida a nada, com a derrota acachapante sofrida pelo Paraguai em 1870. A casa da colônia de Itapura ainda existe, mas a outra, de Avanhandava, já era ruínas no longínquo ano de 1886.

O mesmo tipo de desbravamento tardio se deu no Paraná e em Santa Catarina. Somente nos anos 1950 São Paulo, Paraná e Santa Catarina estavam totalmente desbravados. O mairo colonizador, o que acelerou muito o processo lento até fins do século XIX, foi a ferrovia. Ou melhor, "as": Paulista, Sorocabana, Noroeste e E. F. Araraquara.

A história que conto acima é um retrospecto extremamente resumido do que foi a conquista do oeste paulista. Porém, essa história ainda não foi contada por ninguém em conjunto, com detalhes que devem ter sido maravilhosos e trágicos ao mesmo tempo. Procura-se alguém que junte os retalhos de história e faça uma obra magnífica como essa.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O GRANDE REFORMADOR


Um "livro" com 71 páginas, escrito a máquina de escrever e terminado no dia 28 de fevereiro de 1934 na localidade de Córrego das Agulhas foi um presente ao meu avô Sud. Uma "história infantil", segundo a autora, escrita em letras azuis, do tempo em que a fita da máquina era azul. Não era cópia com estênsil de mimeógrafo a álcool, como aqueles que usei nos anos 1970 na faculdade de Química. Nem sei se havia estênsil nessa época, anos 1930.

Parece edição única. Meu avô o leu. Claro, pois aparecem as correções. Ele corrigia tudo o que lia, até as cartas que recebia da esposa - que deveria ficar bastante chateada com isso, principalmente porque minha avó era também professora. É verdade que escrever a máquina produzia uma enorme quantidade de erros, pois, ao contrário do computador, máquina de escrever, depois de datilografado, não havia como corrigir.

Meu avô pregava nessa época a reforma da educação rural. Depois de suas apresentações pelo interior de São Paulo em 1930, lançou o livro A Crise Brasileira de Educação, onde defendia suas ideias em relação à Escola Rural. Sem entrar no mérito do assunto, o fato é que Sud divulgava suas ideias como podia: isso incluía visitas in loco a cidades do interior de São Paulo, artigos em jornais, em revistas, até no ainda nascente radio, palestras, livros — em 1934, ele já tinha, além da Crise, pelo menos um livro mais sobre o assunto.

Já havia passado duas vezes pela Diretoria Geral do Ensino — ou a Secretaria Estadual da Educação com outro nome. Não havia conseguido mudar praticamente nada, as passagens não foram muito longas. Suas ideias iam contra uma maré muito forte, a da industrialização: ele não era contra ela, mas sabia que a sua chegada levaria a um êxodo rural mais rápido do que havia acontecido até então. Havia pouco tempo.

Numa de suas peregrinações pelo interior ganhou este livro. O título era "O Grande Reformador". Uma alusão a ele, claro. Se não fosse, não seria ele que ganharia a edição única. A dedicatória do livro, que dele fazia parte (não era escrita a mão), dedicava-o aos quatro filhos de Sud: Astrea (minha mãe), Aécio, Lélia e Mévia. Não havia dúvidas.

Quem escreveu o texto de mais de 70 páginas foi Odette do Amaral Carvalho. Desde que o encontrei, não encontrei ninguém com esse nome. Não sei se esta pessoa ainda vive, acredito que não. Era, provavelmente, uma professora do interior, de Córrego das Agulhas, quase que 100% de certeza no Estado de S. Paulo, e sem nenhuma referência a ele que eu tenha encontrado até hoje. Um bairro rural? Uma fazenda? Um sítio?

O livro continua por aqui. Será ficção ou realidade? Ou uma ficção muito próxima de uma realidade vivida pela autora? Como era a localidade em que ela vivia e onde, muito provavelmente, ensinava?