Mapa do ano de 1947 (IBGE)
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No terceiro capítulo desta série, tendo como base os rascunhos dos pareceres dados a petições de prefeitos e do povo dos municípios paulistas nos anos de 1934 e 1935 pela Comissão das Divisas Municipais, explicada no artigo que foi o primeiro capítulo e feitos por meu avô Sud Mennucci, apresenta-se um parecer sobre Embaú, distrito de paz disputado na época pelos municípios de Cruzeiro e de Cachoeira Paulista.
No início do parecer, escrito em 11 de março de 1935, Sud admite que "nada é mais confuso" do que este caso, inclusive citando que "não sabe mesmo se ainda existe o citado districto, mesmo depois de haver lido attentamente os dois decretos 6.447 e 6.448".
Ele tinha razão. Não entendia como uma "comarca nova, criada e constituida de um districto de paz e de parte de outro (termos textuaes do decreto no. 6.447) fique implicito que ha dois districtos e que, portanto, a parte equivale a um todo." - este autor manteve o português da época nos trechos transcritos e também confirma que as frases e palavras grifadas também o foram no original.
Tentando explicar o que ninguém entendeu até aqui, o outro decreto, de no. 6.448, estabelecia o desmembramento do distrito de Cruzeiro para Cachoeira (Paulista). Tudo seria muito simples se o decreto não determinasse, como fez, a transferência de um município para outro, da "parte do districto de paz de Embahú que fica á margem direita dos rios Embahú e Branco, os quaes determinaram, nesse local, a divisa natural dos dois municipios. A Comissão não chega a entender que, depois desse decreto, ainda subsista o districto de paz de Embahú, pelo simples motivo que essa povoação, em sua quasi totalidade, passou para o municipio de Cachoeira. Para Cruzeiro ficaram algumas casas e o cemiterio da villa. De maneira que seria muito boa vontade concordar em que existe um districto de paz de Embahú, na comarca de Cruzeiro. Seria um districto de paz sui generis, que teria a séde no... municipio vizinho.
"Este ponto de vista é o comum de todos. A propria Repartição de Estatistica e Archivo do Estado o entendeu, pois, no seu novo volume da Divisão Administrativa e Judiciaria do Estado, em confecção na Imprensa Official, declarou supprimido o districto de paz de Embahú.
A decisão vem no final do parecer: "Entretanto como do ponto de vista juridico, é possivel que subsista o districto de paz de Embahú, no municipio e comarca de Cruzeiro, a Comissão suggere que o art. 1o. do seu Projecto de Decreto, de fls. 7, seja redigido de forma a eliminar todas as duvidas, isto é, que o districto passe para Cachoeira, transferido de Cruzeiro. No mais, mantem integralmente a sua proposta, que lhe parece em condições de resolver, definitivamente, a questão."
Entenderam?
Hoje, realmente o bairro rural de Embaú pertence a Cachoeira Paulista. Não sei se ainda é distrito. Aliás, Embaú, originalmente, era maior do que Cruzeiro, que somente surgiu por causa de se necessitar um entroncamento na linha da Central do Brasil para a linha da E. F. Minas e Rio, que ia de lá até Três Corações.
A linha da Central original passava por Embaú, mas na verdade no posto telegráfico que levava esse nome e estava às margens do rio Paraíba do Sul, relativamente longe da sede do distrito. O posto na linha, ao lado do qual também nasceu uma povoação que se manteve pequena é hoje decadente, principalmente por causa da retirada dos trilhos que por ali passavam, em 1968, quando retificaram a linha férrea entre Cachoeira Paulista e Cruzeiro. Uma dessas localidades, entendo que se chama Embauzinho hoje em dia. Acho que é o posto.
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segunda-feira, 25 de agosto de 2014
domingo, 17 de agosto de 2014
A HISTÓRIA SECRETA DOS MUNICÍPIOS PAULISTAS - PARTE II
Parte do município de Cruzeiro em 2014 e o distrito (ainda o será hoje?) de Itagaçaba, do outro lado do rio Paraíba e com uma ponte apenas de passagem para o centro da cidade. Não cresceu muito, realmente. (Google Maps)
.
Como apresentado em um artigo publicado neste blog há dois dias, meu avô, Sud Mennucci, participante da Comissão que estudava a redistribuição, criação e extinção de municípios em São Paulo, escreveu uma série de pareceres, alguns referentes a eventualmente alterar modificações já feitas pela Comissão em 1934, outros, para fazer as originais.
Os pareceres abaixo referem-se ao município extinto de Jataí e às cidades de Cruzeiro e de Cachoeira Paulista. São três, em datas diferentes. Todos escritos e assinados por meu avô naquela época. O primeiro data de 18 de janeiro de 1934:
"Como se vê do memorial dos moradores do distrito de paz de Itagaçaba, município de Jataí, têm estes toda a razão no que se refere á incapacidade de Jataí a continuar como séde do município. Faltam-lhe todos os requisitos para isto:
1o - As rendas, que, em 1932, de acôrdo com o relatorio oficial, publicado pelo Departamento de Administração Municipal, não atingirem a rs. 3:500$000;
2o - a população, que é de 5.003 almas para todo o município, das quais apenas 53 na séde;
3o - o numero de predios, que não chegam a 20, na séde, quando a lei organica de 1917 exigia, no minimo, 100."
No texto acima, a extinção de Jataí já estava praticamente decidida. É interessante notar que, comparando-se com o artigo sobre outras cidades, reproduzido no artigo de dois dias atrás, o português de época apresenta algumas variações. Ele era de 1925. "Distrito", que aqui se escreveu como "distrito", foi escrito como "districto" em 1935, ou seja, houve uma reversão de algumas palavras ao termo antigo. Meu avô não errou: ele seguia estritamente o português da época e seguia as modificações com extremo rigor. Itagaçaba, por sua vez, é a parte ao sul do rio Paraíba no atual município de Cruzeiro. Mas, continuando com o texto:
"Não se explica a manutenção de um municipio nessas condicões. Mas, os moradores de Itagaçaba já não têm razão quando pedem que a séde seja transferida para esta última localidade. Embora muito mais desenvolvida do que Jataí, tambem não possue os requisitos indispensaveis. Falta-lhe a população de dez mil habitantes, pois êles reconhecem que o municipio tem apenas 5.003, somando os dois distritos. E a renda é a mesma para todo o municipio.
"A solução, portanto, tem de ser outra, isto é, a solução que propôs esta Comissão no processo acerca da elevação de Cruzeiro a comarca; a) suprimir o municipio de Jataí; b) anexar o distrito de paz da séde do municipio e comarca de Cachoeira, de que dista apenas seis quilometros pela estrada estadoal Rio-São Paulo; c) anexar o distrito de paz de Itagaçaba ao municipio de Cruzeiro, a cuja sede fica fronteiro, separado apenas pelo rio Paraíba. Pela Comissão (a) Sud Mennucci."
Em 22 de fevereiro de 1935, portanto, pouco mais de 13 meses depois, foi emitido outro parecer por Sud:
"É justamente a solução mais absurda a que se propõe neste processo para o caso intrincado dos districtos de paz de Jatahy e Itagaçaba, que formavam, até maio de 1934, o municipio de Jatahy, e pertencem hoje ao municipio de Cachoeira. (...) Mas Itagaçaba fica a 12 kms. de Jatahy e está localizado em frente á cidade de Cruzeiro, de que está separado apenas pelo rio Parahyba. A solução era, como não se tem cansado de o repetir esta Comissão, a sua annexação a Cruzeiro. Solução racional em todo o sentido: entre Cruzeiro e Itagaçaba ha tres balsas funccionando diariamente para o transporte de passageiros (e ha uma velha ponte, sempre promettida, sempre atacada, e sempre... protelada)."
Notar que o português volta a ser o anterior a 1934, como no caso do artigo anterior publicado dois dias atras.
"Dos dois districtos, Jatahy e Itagaçaba, não ha grau de comparação entre o primeiro e o segundo. Itagaçaba tem muito maior população ( séde conta cerca de 600 habitantes) e o povoado, em virtude de sua posição fronteira e uma grande cidade commercial como Cruzeiro, está em franco florescimento.
"Jatahy é um arraial em ruínas. A população do agglomerado mal chega a 100 almas. Não tem elementos para sustentar uma unica escola publica.
"Pois, é o escrivão deste districto que propõe a extincção do districto de Itagaçaba e sua annexação a Jatahy
"A solução, a ser razoavel, seria a inversa. Mas nem a reciproca cabe no caso. Porque entre Jatahy e Itagaçaba nunca houve estrada de rodagem que merecesse esse nome. Havia e ha um caminho de cabritos montezes por onde só passam cavaleiros atarefados, que não têm outro recurso. E nessas condições, annexar uma a outra dessas duas povoações seria sempre, em qualquer sentido, cometter a injustiça cuja repetição abusiva, pelo Estado inteiro, determinou, da parte do Governo, fosse nomeada a Commissão que dá este parecer.
"A Commissão, depois de examinar a questão propõe o seguinte
PROJECTO DE DECRETO
Art. 1o - Fica extincto o districto de paz de Jatahy do municipio e comarca de Cachoeira, passando as suas terras a pertencer ao districto de paz da séde.
Art. 2o - É annexado ao municipio e comarca de Cruzeiro o districto de paz de Itagaçaba, óra, pertencente ao municipio e comarca de Cachoeira.
Art. 3o - A divisa entre os municipios de Cachoeira e Cruzeiro, na parte a leste do rio Parahyba, passam a ser as seguintes: começam no rio Parahyba, onde faz barra o corrego de Dona Fausta, sobem pelo rio, até a barra do ribeirão do Alegre, continuam por este acima até encontrar a antiga estrada de rodagem que de Jatahy vae a Itagaçaba e vão deste ponto em recta até a barra do ribeirão do Paiol no rio Itagaçaba, já nas divisas do municipio de Silveiras.
Art. 4o - As divisas internas entre o districto de paz de Itagaçaba e o da séde do municipio e comarca de Cruzeiro, a que aquelle passou a pertencer, far-se-á, como até aqui pelo rio Parahyba, em toda a extensão da area municipal. (...)"
Outro parecer foi redigido pela Comissão em 15 de março de 1935 referindo-se ao mesmo assunto do de 22 de fevereiro, com as mesmas exatas conclusões, para, ao que parece, confirmar "na marra" uma possível oposição de partes interessadas em diferentes modificações. Mas o que foi escrito nestes pareceres prevalece até hoje, basicamente, salvo modificações mais recentes de pouca importância.
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Como apresentado em um artigo publicado neste blog há dois dias, meu avô, Sud Mennucci, participante da Comissão que estudava a redistribuição, criação e extinção de municípios em São Paulo, escreveu uma série de pareceres, alguns referentes a eventualmente alterar modificações já feitas pela Comissão em 1934, outros, para fazer as originais.
Os pareceres abaixo referem-se ao município extinto de Jataí e às cidades de Cruzeiro e de Cachoeira Paulista. São três, em datas diferentes. Todos escritos e assinados por meu avô naquela época. O primeiro data de 18 de janeiro de 1934:
"Como se vê do memorial dos moradores do distrito de paz de Itagaçaba, município de Jataí, têm estes toda a razão no que se refere á incapacidade de Jataí a continuar como séde do município. Faltam-lhe todos os requisitos para isto:
1o - As rendas, que, em 1932, de acôrdo com o relatorio oficial, publicado pelo Departamento de Administração Municipal, não atingirem a rs. 3:500$000;
2o - a população, que é de 5.003 almas para todo o município, das quais apenas 53 na séde;
3o - o numero de predios, que não chegam a 20, na séde, quando a lei organica de 1917 exigia, no minimo, 100."
No texto acima, a extinção de Jataí já estava praticamente decidida. É interessante notar que, comparando-se com o artigo sobre outras cidades, reproduzido no artigo de dois dias atrás, o português de época apresenta algumas variações. Ele era de 1925. "Distrito", que aqui se escreveu como "distrito", foi escrito como "districto" em 1935, ou seja, houve uma reversão de algumas palavras ao termo antigo. Meu avô não errou: ele seguia estritamente o português da época e seguia as modificações com extremo rigor. Itagaçaba, por sua vez, é a parte ao sul do rio Paraíba no atual município de Cruzeiro. Mas, continuando com o texto:
"Não se explica a manutenção de um municipio nessas condicões. Mas, os moradores de Itagaçaba já não têm razão quando pedem que a séde seja transferida para esta última localidade. Embora muito mais desenvolvida do que Jataí, tambem não possue os requisitos indispensaveis. Falta-lhe a população de dez mil habitantes, pois êles reconhecem que o municipio tem apenas 5.003, somando os dois distritos. E a renda é a mesma para todo o municipio.
"A solução, portanto, tem de ser outra, isto é, a solução que propôs esta Comissão no processo acerca da elevação de Cruzeiro a comarca; a) suprimir o municipio de Jataí; b) anexar o distrito de paz da séde do municipio e comarca de Cachoeira, de que dista apenas seis quilometros pela estrada estadoal Rio-São Paulo; c) anexar o distrito de paz de Itagaçaba ao municipio de Cruzeiro, a cuja sede fica fronteiro, separado apenas pelo rio Paraíba. Pela Comissão (a) Sud Mennucci."
Em 22 de fevereiro de 1935, portanto, pouco mais de 13 meses depois, foi emitido outro parecer por Sud:
"É justamente a solução mais absurda a que se propõe neste processo para o caso intrincado dos districtos de paz de Jatahy e Itagaçaba, que formavam, até maio de 1934, o municipio de Jatahy, e pertencem hoje ao municipio de Cachoeira. (...) Mas Itagaçaba fica a 12 kms. de Jatahy e está localizado em frente á cidade de Cruzeiro, de que está separado apenas pelo rio Parahyba. A solução era, como não se tem cansado de o repetir esta Comissão, a sua annexação a Cruzeiro. Solução racional em todo o sentido: entre Cruzeiro e Itagaçaba ha tres balsas funccionando diariamente para o transporte de passageiros (e ha uma velha ponte, sempre promettida, sempre atacada, e sempre... protelada)."
Notar que o português volta a ser o anterior a 1934, como no caso do artigo anterior publicado dois dias atras.
"Dos dois districtos, Jatahy e Itagaçaba, não ha grau de comparação entre o primeiro e o segundo. Itagaçaba tem muito maior população ( séde conta cerca de 600 habitantes) e o povoado, em virtude de sua posição fronteira e uma grande cidade commercial como Cruzeiro, está em franco florescimento.
"Jatahy é um arraial em ruínas. A população do agglomerado mal chega a 100 almas. Não tem elementos para sustentar uma unica escola publica.
"Pois, é o escrivão deste districto que propõe a extincção do districto de Itagaçaba e sua annexação a Jatahy
"A solução, a ser razoavel, seria a inversa. Mas nem a reciproca cabe no caso. Porque entre Jatahy e Itagaçaba nunca houve estrada de rodagem que merecesse esse nome. Havia e ha um caminho de cabritos montezes por onde só passam cavaleiros atarefados, que não têm outro recurso. E nessas condições, annexar uma a outra dessas duas povoações seria sempre, em qualquer sentido, cometter a injustiça cuja repetição abusiva, pelo Estado inteiro, determinou, da parte do Governo, fosse nomeada a Commissão que dá este parecer.
"A Commissão, depois de examinar a questão propõe o seguinte
PROJECTO DE DECRETO
Art. 1o - Fica extincto o districto de paz de Jatahy do municipio e comarca de Cachoeira, passando as suas terras a pertencer ao districto de paz da séde.
Art. 2o - É annexado ao municipio e comarca de Cruzeiro o districto de paz de Itagaçaba, óra, pertencente ao municipio e comarca de Cachoeira.
Art. 3o - A divisa entre os municipios de Cachoeira e Cruzeiro, na parte a leste do rio Parahyba, passam a ser as seguintes: começam no rio Parahyba, onde faz barra o corrego de Dona Fausta, sobem pelo rio, até a barra do ribeirão do Alegre, continuam por este acima até encontrar a antiga estrada de rodagem que de Jatahy vae a Itagaçaba e vão deste ponto em recta até a barra do ribeirão do Paiol no rio Itagaçaba, já nas divisas do municipio de Silveiras.
Art. 4o - As divisas internas entre o districto de paz de Itagaçaba e o da séde do municipio e comarca de Cruzeiro, a que aquelle passou a pertencer, far-se-á, como até aqui pelo rio Parahyba, em toda a extensão da area municipal. (...)"
Outro parecer foi redigido pela Comissão em 15 de março de 1935 referindo-se ao mesmo assunto do de 22 de fevereiro, com as mesmas exatas conclusões, para, ao que parece, confirmar "na marra" uma possível oposição de partes interessadas em diferentes modificações. Mas o que foi escrito nestes pareceres prevalece até hoje, basicamente, salvo modificações mais recentes de pouca importância.
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quarta-feira, 3 de outubro de 2012
A SIMPÁTICA CIDADE DE ALEM PARAIBA, MG
8:30 da manhã de domingo. Passando em frente ao hotel, onde eu estava postado no terceiro andar, vagões do trem de bauxita seguem vazios para serem carregados em Cataguases. Sentido para a direita da foto.
Minha visita à pitoresca e bem-cuidada cidade de Além Paraíba, onde cheguei no sábado, dia 29 último, e saí no dia 30 pela manhã, é mostrada aqui em algumas fotografias que tirei na manhã deste último dia, após um tour pela cidade. Ela fica às margens do rio Paraíba do Sul e, para quem vai de carro de São Paulo e da região de Barra do Piraí para o norte de Minas e a Bahia, passagem obrigatória. Ali acaba a BR-393, que vem de Volta Redonda, e começa (de novo) a BR-116, que segue até o norte do País.
Bonita casa, certamente dos anos 1920 ou 30.
Como em muitas cidades mineiras, especialmente onde passam e passavam os trilhos da desaparecida Estrada de Ferro Leopoldina, os trilhos passam pelas ruas próximas ao centro da cidade, antes com comboios curtos e trens de passageiros, hoje com comboios bem mais longos e sem passageiro algum. A seguir, fotos tomadas por mim.
A avenida arborizada. A pista da esquerda, que não dá para ser vista pois há um córrego no centro, divide a pista com a linha férrea.
Café da manhã no hotel.
Lá vem o trem.
A locomotiva passa em primeiro lugar, claro. Segue para a direita. Ao fundo, uma bela praça arborizada.
A rotunda de Porto Novo do Cunha, já sereramente arruinada. Em alguns pontos o telhado desabou. A contrução data de 1871.
Esta bela casa está dentro do pátio da rotunda e ainda é utilizada pela Prefeitura.
Outra casa muito simpática e antiga.
A pequena estação da Leopoldina tem o nome da cidade. A Leopoldina começava aí e seguia para o norte de Minas, passando pela cidade de Leopoldina, Cataguases, Ubá... Hoje esse prédio está fechado, depois de ter sido museu por algum tempo.
A estação de Porto Novo do Cunha, do outro lado da cidade em relação à estação da Leopoldina e a cerca de 2 km das oficinas onde estã a rotunda. Aí acaba a linha da Central (que em final dos anos 1960 passou para a Leopoldina). Belíssimos prédios, também de 1871, um deles em ruínas: era a estação de passageiros propriamente dita. O outro, em razoavel estado, era o armazem. No meio ainda passa o trem, sem parar.
Bela casinha. Atrás, o rio Paraiba do Sul. Ao fundo, os morros, no Estado do Rio.
A parte urbana da cidade. A cidade circunda os morros.
Minha visita à pitoresca e bem-cuidada cidade de Além Paraíba, onde cheguei no sábado, dia 29 último, e saí no dia 30 pela manhã, é mostrada aqui em algumas fotografias que tirei na manhã deste último dia, após um tour pela cidade. Ela fica às margens do rio Paraíba do Sul e, para quem vai de carro de São Paulo e da região de Barra do Piraí para o norte de Minas e a Bahia, passagem obrigatória. Ali acaba a BR-393, que vem de Volta Redonda, e começa (de novo) a BR-116, que segue até o norte do País.
Bonita casa, certamente dos anos 1920 ou 30.
Como em muitas cidades mineiras, especialmente onde passam e passavam os trilhos da desaparecida Estrada de Ferro Leopoldina, os trilhos passam pelas ruas próximas ao centro da cidade, antes com comboios curtos e trens de passageiros, hoje com comboios bem mais longos e sem passageiro algum. A seguir, fotos tomadas por mim.
A avenida arborizada. A pista da esquerda, que não dá para ser vista pois há um córrego no centro, divide a pista com a linha férrea.
Café da manhã no hotel.
Lá vem o trem.
A locomotiva passa em primeiro lugar, claro. Segue para a direita. Ao fundo, uma bela praça arborizada.
A rotunda de Porto Novo do Cunha, já sereramente arruinada. Em alguns pontos o telhado desabou. A contrução data de 1871.
Esta bela casa está dentro do pátio da rotunda e ainda é utilizada pela Prefeitura.
Outra casa muito simpática e antiga.
A pequena estação da Leopoldina tem o nome da cidade. A Leopoldina começava aí e seguia para o norte de Minas, passando pela cidade de Leopoldina, Cataguases, Ubá... Hoje esse prédio está fechado, depois de ter sido museu por algum tempo.
A estação de Porto Novo do Cunha, do outro lado da cidade em relação à estação da Leopoldina e a cerca de 2 km das oficinas onde estã a rotunda. Aí acaba a linha da Central (que em final dos anos 1960 passou para a Leopoldina). Belíssimos prédios, também de 1871, um deles em ruínas: era a estação de passageiros propriamente dita. O outro, em razoavel estado, era o armazem. No meio ainda passa o trem, sem parar.
Bela casinha. Atrás, o rio Paraiba do Sul. Ao fundo, os morros, no Estado do Rio.
A parte urbana da cidade. A cidade circunda os morros.
quarta-feira, 28 de março de 2012
TRAGÉDIA EM POTENCIAL
Nestes dois últimos dias estive em São José dos Campos novamente, a trabalho. Logo no início, visitando um apartamento na manhã de ontem, tirei essa fotografia que aparece no alto desta postagem.
A avenida que aparece embaixo é a Cassiano Ricardo, principal avenida do bairro do Aquarius, hoje o bairro chic da cidade. Ou melhor, é aquele bairro que faz esse ponto de qualquer cidade ficar igual a qualquer outra cidade. Esses bairros não têm identidade. Porém, há alguns edifícios bonitos (dentro do que posso achar bonito em edifícios que detesto). Tudo novo, moderno...
Há vinte anos atrás não existia nada nesse bairro. Aí vieram os condomínios de casas e logo em seguida os edifícios. Os trambolhos. Hoje é já quase uma muralha de prédios. Os nomes deles, assim como o do bairro, são sempre em língua estrangeira. Inglês, francês, italiano, espanhol... até latim (Aquarius, nome que pelo menos em uma placa tem acento agudo no segundo a, absurdo se se pensar que é latim). Nomes em português são minoria. Português é coisa de pobre...
O Aquarius se estende do outro lado da avenida citada acima, também. Menos... menos no ponto em que aparece essa "mancha verde" com árvores, cupinzeiros e vacas (que, nesse dia, estavam láááá do outro lado - dá para ver olhando o tamanho grande da foto). Esse terreno é muito bonito. Antiga fazenda, disseram-me que pertence (não sei se a história é verídica) a um sujeito que desapareceu e, como não acharam o corpo, não podem declará-lo morto e nem abrir investário. O terreno é cobiçadíssimo, mas invendável. Pelo menos por enquanto.
E por enquanto, ele fica aí, virgem. Serve de paisagem para quem olha do décimo-primeiro andar de um apartamento, como era o meu caso. O terreno mais atrás é a várzea do rio Paraíba do Sul. Além dela, o arvoredo esconde o próprio rio. Logo em seguida, o bairro de Urbanova. Lá no fundão, as montanhas que dividem São Paulo de Minas.
Bela paisagem. Vamos mantê-la assim? Como fizeram com o Banhado, uma vista fantástica que se vê do centro de São José? Essa "mancha" é, como diz o título, uma tragédia em potencial.
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quinta-feira, 4 de agosto de 2011
ME ENGANA QUE EU GOSTO

)
Notícias dos últimos dias fazem uma verdadeira apologia dos "trens turísticos" no Brasil. Pelo menos três prefeituras estão engajadas na introdução do que chamam muitas vezes de "um grande salto para o turismo da cidade".
Bobagem. Uma dessas iniciativas está na cidade de Paraíba do Sul, próxima a Três Rios, no Estado do Rio, às margens do rio Paraíba. A "maria-fumaça" (a imprensa e os adoradores de trens turísticos adoram este termo para as locomotivas a vapor ou vaporeiras) com dois ou três carros de madeira reformados vai trafegar entre a estação principal (já desativada desde os anos 1980) e os distritos de Werneck e de Cavaru - que já tiveram suas estações também e que milagrosamente ainda estão de pé.
Este trenzinho - chamado de Trem do Caminho Real, nome bonito mas de pouso significado - já circulou de cerca de 2003 a 2007, mas a sua administração era totalmente irresponsável: nunca se sabia quando ele iria andar. Conheci várias pessoas que foram para lá em finais de semana e que jamais conseguiram pegá-lo, pois sempre havia uma desculpa para que ele não trafegasse.
Iniciativas deste jeito têm probabilidade de dar certo quando se envolvem associações de preservação ferroviárias sérias na sua operação - e no Brasil há pouquíssimas deste calibre, embora as associações sejam numerosas. Prefeituras sempre se envolvem com politicagem neste campo e vira e mexe a iniciativa afunda. Aliás, quanto mais eles se metem, mais os empreendimentos afundam.
Só para constar: esse trem turístico anda num trecho da linha de bitola métrica da antiga Linha Auxiliar, da ex-Central do Brasil e da ex-Leopoldina, e, depois de Cavaru, está completamente abandonada, embora esteja concessionada à FCA, que jamais a usou desde que a recebeu em 1997. Foi sobre essa linha que escrevi há um mês na matéria Linha Auxiliar - Sobras de Guerra.
A outra linha turística anunciada deverá correr entre Itu e Salto, em Sào Paulo. A ferrovia que existia ali foi arrancada há vinte anos, depois que, em 1986, uma variante foi construída entre Campinas e Mairinque. Portanto, qulquer linha que siga entre as velhas estações desativadas das duas cidades (como eles querem), terá de seguir por esse leito e trilhos terão de ser recolocados, via permanente refeita, pontes refeitas... não será fácil.
Prefeitos se enganam, ou enganam o povo, quando falam que "esses trens trazem o turismo". Não trazem. No máximo, eles aproveitam os turistas que vão a esses lugares: Itu pode ser chamada de cidade turística, tendo a vantagem de estar não muito distante da capital de São Paulo. Já Salto... Paraíba do Sul, então, nem se fala.
No chamado "circuito das águas" paulista, na região de Amparo, Socorro, Serra Negra, Lindoia etc. também agora quer-se colocar trens por ali. Difícil. Não há trilhos ali há 40 anos. Por que não se toma a iniciativa de introduzir trens regionais para transportar passageiros e concorrer com as criticadas linhas de ônibus que exercem um oligopólio pelo País afora? Provavelmente por que prefeitos, governadores e governo federal não têm o menor interesse nisso, embora, para "inglês ver", digam que sim.
Trens turísticos, quando não são uma iniciativa particular, somente servem para enganar o povo. Louve-se portanto a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, que põe seus trens para rodar tirando do bolso de seus associados seus investimentos em Jaguariúna, Passa-Quatro, São Lourenço, Rio Negrinho e Marcelino Ramos. Louve-se a FCA, que bem ou mal, por politicagem ou não, mantém linhas trafegando em São João del Rey e Ouro Preto. E até a estatal CPTM, que mantém trens entre São Paulo e Jundiaí, Mogi das Cruzes e Paranapiacaba em finais de semana em suas próprias linhas bem mantidas exatamente para que trens metropolitanas que servem ao público sirvam-no bem.
Mas desprezo a politicagem de "me engana que eu gosto" de prefeitos de pequenas cidades que, em vez de lutarem por seus eleitores para que estes tenham transporte decente, ficam incentivando bobagens como trenzinhos de brinquedo.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
AS PONTES DE TRÊS RIOS

A Central do Brasil, em sua linha do Centro, ou seja, sua linha mais longa, que ligava o Rio de Janeiro a Monte Azul, norte de Minas (embora com quebra de bitola), costeava o rio Paraíba do Sul e o rio Paraibuna durante uma boa distância, na divisa Rio de Janeiro-Minas. Cruzava os rios para lá e para cá para aproveitar o terreno e não ter de fazer cortes e túneis demais. Preferia as pontes.
Próximo a ela, a Leopoldina também passava pela região, misturando-se com a linha da Central em alguns lugares. O município de Entre Rios, a partir de 1943 chamado de Três Rios, era um deles.
Em Três Rios cruzavam diversas linhas. Pelo pátio ferroviário dessa cidade passavam a linha do Centro, vinda de Barra do Piraí e seguindo para Juiz de Fora, a linha da Leopoldina que vinha de Petrópolis e seguia para Ubá e a linha Auxiliar, que vinha de Paraíba do Sul e seguia para Porto Novo do Cunha. E haja pontes na região.
As pontes da Central eram as mais bonitas. As da Leopoldina, nem tanto. Porém, havia uma desta última que era bem bonita. Ela ficava sobre o rio Paraíba do Sul, na linha que ligava Três Rios a Petrópolis. Era a ponte das Garças. Certamente havia por ali muitas dessas aves. A que existe hoje não é a que foi fotografada acima (foto enviada por Jorge Alves Ferreira Jr.): ela foi desmontada e substituída por uma mais recente, de aço. Esta última está lá até hoje, mas não é tão bonita quanto a original. Hoje, sem trilhos, é uma ponte somente para pedestres: está em zona urbana.
A Leopoldina seguia também para o norte, acompanhando o rio Paraibuna, afluente do Paraíba, e cruzando-o em Praia Perdida: aqui estava - e ainda está, também sem trilhos e abandonada - a Ponte dos Ingleses. Ou seja, a maior parte dessas pontes tinha nomes, oficiais ou, como na maioria das vezes, populares.
A citação da Ponte das Garças vem hoje à minha mente pois há alguns dias recebi uma fotografia dela - da original - que mostrava um carro cruzando-a, sobre os trilhos. Era um Ford Victoria, de posse do avô de uma conhecida, a que mandou a foto. Em seguida, ao vê-la, Jorge mandou outra foto da ponte, com fotos da ponte atual e também da ponte dos Ingleses.
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