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sábado, 27 de janeiro de 2018

1923: A VARIANTE DA NOROESTE E AS TERRAS


O mapa invertido que foi publicado em 1923

O jornal O Estado de S. Paulo publicou, em março de 1923, uma matéria paga que estabelecia confrontos de terras na chamada Alta Noroeste.

O curioso é que a variante ainda nem tinha tido sua construção iniciada - a variante que hoje ainda é a linha principal da ferrovia e que liga Araçatuba a Jupiá pelo sul, no divisor de águas entre os rios Tietê e Aguapeí.

Mais curioso ainda, o mapa era publicado invertido, ou seja, o sul onde deveria ser o norte e vice-versa.


O mapa correto: norte para cima
Na matéria, publicada por alguém que discordava dos termos do anúncio (os termos estão dentro do próprio mapa aqui mostrado), ele divergia das pessoas que estavam vendendo essas terras, bem como as empresas envolvidas, que, por sua vez, afirmavam que ali eram terras ideias para plantar café e para se explorar petróleo.

A linha futura da variante está desenhada no mapa, como limite de boa parte das terras, que envolviam cinco fazendas. Nessa época, praticamente toda a área abrangida pelas fazendas era subordinada ao município de Araçatuba. Praticamente tudo florestas. Em razão disto, nem as futuras estações apareciam ali marcadas - possivelmente, nem eram conhecidas ainda.

O que aconteceu depois disto, em termos de quem ficou e quem loteou as terras, é algo que não posso responder. Mas as trocas de correspondência e de matérias nos jornais entre as partes interessadas continuou sendo notícia por muitos meses, pelo menos. Possivelmente, anos.

O primeiro trecho da variante, entre Araçatuba e Guararapes, somente foi inaugurado em agosto de 1929, seis anos depois.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A ESTRADA DE FERRO EM ARAÇATUBA

A estação "nova" de Araçatuba atualmente - foto Roberto Garcia

A postagem "Um trem corr(ia) para o oeste" de ontem neste blog levou a um comentário de Roberto Garcia, por e-mail, mas fora dos comentários da postagem.

Ele enviou um mapa feito a partir do Google Maps mostrando o traçado velho por dentro da cidade de Araçatuba e sua desativação, quando da entrega da estação "nova" - a quarta"! - na cidade. Aliás, fora da cidade.

Comentou ele que eu esqueci de Araçatuba ontem, mas eu na verdade concentrei-me nas estações da Companhia Paulista naquele caso, embora a referência ao livro "Um trem corre para o oeste" de Fernando de Azevedo referisse-se à linha da Noroeste, no ano de 1948, e não às da Paulista. Ambas, porém, seguiram para o oeste, assim como também a Sorocabana e a E. F. Araraquara.

Roberto enviou-me fotos da estação abandonada de Araçatuba, a que foi aberta em 1992. Como os trens de passageiros entre Bauru e Campo Grande acabaram em janeiro de 1993, o uso dessa estação deve ter sido por pouquíssimo tempo - fora a dificuldade de os passageiros se deslocarem até ela, em local ermo e distante.
Do Google Maps, as linhas velha, nova e o ramal de Lussanvira - amplie para ver o que houve em Araçatuba, a cidade do Brasil que possivelmente mais teve estações (quatro) diferentes com o mesmo nome, uma depois da outra.

Por isso, a declaração da época da retirada dos trilhos da linha velha da Noroeste dada pela prefeita da época não teria sido exatamente o que ela falou em um panfleto de 17 de dezembro de 1991 que anunciava o início dessa retirada. Lá, fala-se das vantagens da retirada, com a eliminação de diversas passagens de nível, de melhora do tráfego na cidade e que isso era um dos anseios da população.

Tenho dúvidas. Mesmo numa época em que os poucos trens de passageiros que ainda existiam no Brasil estavam fadados ao desaparecimento pela cegueira dos dirigentes, ele ainda tinha serventia, principalmente para a camada mais pobre da população, que ainda não se importava de tomar trens malcuidados e lentos, sem horário a cumprir.

Note-se que, desaparecendo linhas, entravam em seu lugar avenidas - prefeitos adoram avenidas.

Enfim, gastou-se muito dinheiro para se construir uma estação e mudar uma linha férrea (que economizou, é certo, mais de 4 km de percurso com a variante) para ter, 19 anos depois, um prédio inútil e abandonado e uma linha em mau estado de conservação percorrida por raros trens cargueiros na região.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

SUD MENNUCCI E O RECENSEAMENTO DE 1940


Quem deu a chefia do Estado de São Paulo para o Recenseamento Geral de 1940 para meu avô Sud Mennucci sabia o que estava fazendo. Ele provavelmente sorriu como um bebê quando vê um doce ao receber a notícia.

Depois de vinte anos sem se fazer o recenseamento, Getúlio Vargas tomou esta nova contagem como algo muito sério para o Brasil. Ele não estava errado. E, pelo menos em São Paulo, entregou o serviço para quem entendia do assunto e, não somente isso, gostava de viajar e, antes de viajar, conhecia com a palma da mão o que ia ver. Sud viajou para boa parte das cidades-sede do censo e promoveu-o como se fosse a sua vida em jogo. Não é esta uma afirmação vazia. As notícias da época e seus relatos e entrevistas a jornais, as fotos que ele e seus colegas tiraram dessas viagens, muitas delas guardadas no seu belo arquivo, provam tudo isto.

A cada viagem sua, os jornais promoviam a epopéia. Afinal, viajar por um Estado onde metade dele não tinha ainda nem trinta anos de povoamento era realmente algo desafiador. Não acredito que meu avô conhecesse todos esses locais, apesar de viajar muito. No papel, sabia muito sobre eles. Conhecia a geografia e a hidrografia de cidades próximas e das muito afastadas como se as tivesse conhecido in loco. Era sopa no mel.


Para muitas delas ele foi de trem, meio de transporte ainda principal e mais confortável, confiável e rápido da época. A fotografia acima foi tomada da frente da antiga estação ferroviária da cidade de Ourinhos - Sud, seus amigos, colaboradores, curiosos e puxa-sacos aparecem nela.


Para uma ou outra, de avião - mais veloz que o trem, é verdade, mas caríssimo e ainda não tão confiável. As fotografias tomadas na pista do aeroporto de Araçatuba mostram um desembarque de meu avô saindo do avião, cercado de curiosos (acima) e descendo a escada de acesso à pista passando no meio de um túnel de gente. Avião se esperava na pista mesmo. Bem diferente de hoje em dia, quando na maioria dos aeroportos a gente não tem vista para a pista por questão de segurança dos passageiros... leia-se terrorismo (mesmo assim, é bom lembrar que viajei de Ponta Grossa a São Paulo em 1993, portanto somente 17 anos atrás, e esperei o avião na pista. O prédio estava abandonado!!!).


Muitas fotografias foram tiradas também dos escritórios locais. Nesta, acima, o carro do recenseamento aparece estacionado em frente ao escritório da cidade de Rio Claro.

Sem computadores, os resultados levaram anos para serem publicados. Porém, em 1941, já se tinha uma ideia do que havia sido contado e catalogado. Sud adorava dar explicações e entrevistas para os jornais, falar do crescimento das cidades paulistas, etc. Não conheço a organização do censo de hoje, mas não duvido que a empolgação por fazê-lo seja muito menor do que naqueles tempos de - ainda - grandes descobertas.

sábado, 4 de setembro de 2010

SÃO PAULO EM 1908


Esta semana chegou-me às mãos, ou melhor, ao meu computador, um mapa do Estado de São Paulo publicado na revista O Imigrante, de 1908. Como sempre gostei de mapas, parei para analisá-lo da melhor forma possível dentro do meu conhecimento.

Ao cotnrário de outros mapas que mostram estradas de ferro, este está, salvo alguma falha na minha percepção, rigorosamente correto: realmente, nesse ano de 1908 - considerando o início do ano - o mapa mostra os pontos terminais das linhas principais exatamente onde estavam. A Paulista acabava em Bebedouro e, no oeste, em Agudos; a Mogiana, já pronta, apenas preparava os últimos ramais. A Noroeste ainda estava para chegar em Araçatuba.

É esse também o primeiro mapa que mostra claramente as colônias de imigrantes - basta ver as estrelas vermelhas. A única coisa - importante, aliás - que notei que não está atualizada foi que o mapa não mostra algumas cidades mais novas, porém já então existentes e já municípios, principalmente no oeste paulista, o "oeste bravio", como Bauru - mas mostra a já quase desaparecida sede anterior desse município, extinta em 1896, Espírito Santo (da Fortaleza) - e São José do Rio Preto, bastante afastada, mas já nessa época município. Notei também a falta de alguns municípios menores em outros pontos.

Como em outros mapas anteriores a 1920, a hidrografia ao sul e norte do alto Tietê era praticamente desconhecida e não mapeada. Não havia cidades a oeste do Salto do Avanhandava.

Enfim, para mim pelo menos, uma maravilha tomar conhecimento desse mapa.