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O país se desmanchando com o péssimo governo (que foi reeleito - só mesmo no Brasil estas coisas acontecem) e eu, aqui, junto com um grupo de ingênuos, ficamos preocupados com a preservação de linhas e de construções ferroviárias que também estão se desmanchando ao sol, à chuva. à ignorância e ao vandalismo.
No Paraná e em Santa Catarina, onde a consciência cultural sempre foi uma das maiores do País, pelo menos em termos de estradas de ferro as coisas se igualam ao resto do Brasil. Nos últimos dias, dois e-mails chegaram-me às mãos: um como um comentário de um amigo, outro como reportagem do G1. Por aí percebemos que a situação é bem ruim em várias linhas.a Grossa, a
Em Ponta Grossa, a estação "nova" (que é de 1900), depois de ter vários usos desde que a linha foi desativada em 1989, depois de ter sofrido uma reforma no início do século XXI para abrigar a Biblioteca Municipal, está de novo abandonada, vandalizada, pichada, etc.. Um belo prédio, jogado às traças.
"Para a Estação Saudade, há estudos para oficializar uma Parceria Público Privada (PPP) e recuperar o prédio" (*G1). Esqueceram-se de dizer que é outra vez. Quantas vezes já gastaram dinheiro nesse edifício, uma das maiores e mais bonitas ex-estações ferroviárias do Paraná? Estação Saudade é apenas um nome idiota para mostrar que as pessoas têm saudade? Pode ser, mas os pichadores têm liberdade para agir livremente.
A estação "velha", prédio bem mais simples que funcionou como tal apenas entre 1894 e 1900, sobrevive até hoje. Mas as restaurações também se acumulam. Idem para a locomotiva a vapor que fica junto a ela. Distância entre as duas estações? Uns trezentos metros, talvez. A praça entre elas, que fica onde até 1989 trens manobravam para seguir para Curitiba, Porto Alegre e São Paulo, é enorme e merecia melhor sorte.
Faz alguns anos que não vou a Ponta Grossa, terra de meu saudoso pai. E, quando estive a última vez, os dois prédios estavam sendo ocupados por órgãos do governo. Todos os prédios, mais a locomotiva, são tombados pelo Estado e a ele pertencem. A reportagem mostra, através do que conta uma mestre em história interessada na cidade, que os prédios históricos da cidade estão sendo demolidos uns atrás dos outros e muito rapidamente.
Mais ao sul, no norte de Santa Catarina, na linha férrea entre as estações de Mafra, no km 212, e a Estação de
General Brito, no km 254, na linha tronco entre Mafra e União da Vitória que
seria o caminho á antiga linha Itararé-Uruguai, existem hoje, literalmente
parados, quase 600 vagões acidentados estacionados, cerca de seis km de sucata
parada.
Desta forma o acesso a União da Vitória – desativado há anos - é hoje
impossível de ser feito via trilhos, inclusive para o trem lastro entrar e
efetuar os inúmeros reparos no trecho da entre Porto União e Marcelino Ramos,
conforme ordena a notificação da ANTT para a concessionária do trecho.
Mesmo que existam nesse enorme lote de vagões (muitos com certeza sem
condições de reparos pelo alto custo) devido aos inúmeros acidentes na malha
sul (bitola métrica), muitos também, com um pouco de boa vontade e reparos
simples e médios, poderíam voltar à frota. Pior que não é só aqui na região
entre Paraná e Santa Catarina, pelo país afora existem muitos cemitérios de
vagões igualzinho a esses. Há muitos vagões graneleiros acidentado, vagões gôndolas
para uso transporte de lastro (pedra brita). Tempos atrás, por falta desse tipo
de vagões, utilizou-se graneleiros tipo HFD para transportar brita, carga que estraga
muito os citados vagões.
A quase totalidade desses vagões foram comprados pela extinta RFFSA com
recursos públicos e ao que me parece não somos país rico que se possa dar ao
luxo de uma situação dessas.
O trecho encontra-se abandonado pela atual concessionária, a ALL,
lembrando que há uma notificação da ANTT a ela para que o mesmo seja deixado em
condições iguais às que foram passadas à antiga FSA-Ferrovia Sul Atlântica S/A
em março/1997, comprazo de termino em dez/2016. Não vai sair. É mais fácil
chover na Cantareira, aqui em São Paulo (agradecimentos a Paulo Stradiotto).
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