segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

PARAPUÃ, SP

Você conhece Parapuã? Eu também não. Já estive próximo: cheguei a Marília e, noutra vez, também de carro, cheguei a Tupã, mas vindo por Lins.
Mas, espere! Eu já passei, sim, por Parapuã. De trem. O ano era 1977. Ele certamente parou na estação, mas eu não vi, ou não prestei atenção. Ou vi e me esqueci. Afinal, foi há trinta e quatro anos. Devia ser, talvez, entre oito e nove da manhã, visto que o carro-leito em que viemos, eu e a Ana Maria, foi desengatado em Marília às oito e dali seguimos viagem pelo carro da primeira classe.
Sim, Parapuã fica na Alta Paulista. Era uma estação feita de madeira, como o eram algumas nessa região com madeira abundante naquela época em que os trilhos ali chegaram, 1949. Já era município então, que cresceu esperando a linha chegar, como todos os da Alta Paulista e que cresceram mais ainda com a linha. Em 2000, tinha mais de 11 mil habitantes. Em 2010, só dez mil e oitocentos. Certamente estagnado, como todos dessa área. Cresceram com a ferrovia e regrediram com seu declínio.
Os trens de passageiros pararam em 1998, mas a estação já estava abandonada nessa época. Em 2009, pegou fogo. O que sobrou foi levado embora. Ficou somente a plataforma e a sua cobertura, bem maior que o antigo prédio. Esta está com a armação de madeira podre e caindo. Basta ver as fotos que o Denilson me enviou esta manhã.
Nem trens de carga passam mais por lá. Até algum tempo, eles seguiam até Tupã por uma parte do ano para carregar açúcar. Hoje em dia, nem isso. Muito de vez em quando, um trem de capina química visita a cidade, segue até Panorama e volta. É para bater o ponto, dizem.

Se depender do trem, a cidade nunca mais se recuperará.
As fotografias são de Denilson Credendio e mostram as sobras do pátio, além de uma placa na estrada que ainda relembra os dias da Fepasa.

6 comentários:

  1. Ralph será que com essa frente parlamentar para ferrovias, essa situação mudará? Porque é lamentável todo esse patrimonio abandonado por todas as cidades do país. Depois do laçamento dessa frente você teve mais alguma notícia?

    Abraços

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  2. Glaucia, eu não faço parte da frente. Somente fui convidado para a abertura. Não acredito que e frente mude muita coisa, pois, para isso, terá primeiro que conseguir que S. Paulo fique com a malha ferroviária do Estado, o que não é tão fácil e rápido assim de se conseguir.

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  3. É cheguei a conclusão que a ferrovia trouxe desenvolvimento e formou cidades ao redor delas.
    Mas os malditos políticos esquecem disso e arrancam os trilhos sem querer saber do passado que muitos deram o sangue e suor
    para construir as cidades e claro a ferrovia.
    São Paulo é um estado que necessita recuperar suas estradas de ferro o quanto antes.
    Fico decepcionado quando vejo que cidades como esta Parapuã por exemplo progrediu com a ferrovia e reduziu seu numero de habitantes por causa do abandono dela.
    Andei lendo na internet não me lembro agora qual site que foi,mas falando justamente da falta de empregos em algumas dessas cidades e alguns moradores iam até a linha do trem com baldes e sacolas para pegar açúcar que caia dos vagões para vender.
    Uma pena ver pessoas assim numa situação tão decadente digo o mesmo das ferrovias.

    Clayton
    Ribeirão Pires-SP

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  4. Ralph, morei em Parapuã, meu pai era ferroviário. Morava exatamente nas casas da colonia ferroviária. Na época brincava constantemente na área da estação com outras crianças.
    Ai passei parte de minha infância e inicio de minha adolescência. Próximo ao páteo da estação havia um enorme gramado onde jogavamos futebol. Em frente as casas da colônia, havia um pomar com muitas mangueiras, laranjeiras e outras árvores frutíferas. Muitas vezes ia até essa caixa d'agua.
    Meu pai era portador e me lembro bem quando a estação fechou. Primeiro, fechou a noite, depois de um tempo fechou definitivamente.
    Vivi ai por doze anos, é difícil esquecer.
    A estação ficava cheia de gente para ver o trem passar, tudo vinha por ele dos malotes do correio até os rolos dos filmes para as sessões de cinema do Cine Parapuã.
    Até para ver os trens boiadeiros com suas gaiolas de gado as pessoas iam a estação.
    Estranho nenhum morador da cidade deixar um comentário aqui, porque naquela época havia muita vida nesse local e é impossível não se lembrar.
    É muito triste ver todo esse abandono. Infelismente é a identidade da gente sendo destruida.
    Abraços

    Luiz
    Araraquara-SP

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    1. Luiz, quando exatamente fechou á noite e quando fechou de vez? Obrigado

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    2. Ralph, desculpe a demora pela resposta.
      Não me lembro com precisão da data, mas me lembro que em 1976 funcionava normalmente a estação, já em 1977 me lembro de um dia que embarquei no trem para Marília por volta da meia-noite, e, embora o trem parasse na estação, o escritório estava fechado a noite, sendo que a viagem era acertada dentro da composição. Acho que no final de 77 ela foi fechada, pois minha família se mudou para a vizinha Oswaldo Cruz onde meu pai foi transferido para trabalhar naquela estação.
      Abraços.

      Luiz
      Araraquara-SP

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