Belo sobrado na rua Homem de Mello. Foto Ralph Giesbrecht, em fevereiro de 2010.
É sabido por muita gente que a confusão nos nomes dos logradouros da cidade de São Paulo (e também em quase todas as cidades do Brasil, mas o caos é pior aqui, pois a cidade é grande demais) é um fator que ajuda a piorar as condições de trânsito, além, claro, do excesso de carros, falta de fiscalização, falta de educação, falta de manutenção dos veículos e das ruas etc. etc. etc.
Há casos curiosos neste assunto. Além de uma mesma rua ter dois ou mais nomes por toda a sua extensão - os exemplos são vários, mas vamos citar aqui somente com as Marginais e com a rua Augusta -, existem as praças minúsculas que têm nome, a falta de placas em algumas esquinas... e outros fatores no mesmo assunto. Para mim, o mais estranho é o das "ruas interrompidas", ou seja, ruas que, de repente, desaparecem - supõe-se que acabem - e depois descobrimos que elas reaparecem, "lá do outro lado".
Existem várias, mas sempre me lembro de três exemplos desta situação: as ruas Monte Alegre e Homem de Mello, nas Perdizes, e a avenida Angélica, em Higienópolis.
A rua Monte Alegre começa (seguindo o sentido da sua numeração) na avenida Francisco Matarazzo e segue até um pouco além da rua Wanderley, onde acaba, de repente. Não no mapa, mas "na vida real". Depois do seu "fim", existe um barranco, o qual somente dá para seguir por uma escadaria lateral na calçada, com a rua reaparecendo no vale, ali embaixo, de um antigo córrego, continuando a sua pavimentação até a rua Ilhéus, quase no Sumaré.
A rua Homem de Mello era contínua originalmente - isto, até 1966, quando começaram as obras da projetada (havia décadas) avenida Sumaré. Como o córrego da Água Branca passava pelo leito da rua Homem de Mello, fizeram a avenida entre a rua Ciro Costa e um ponto mais à frente, onde o córrego saía do alinhamento da antiga rua. Com isso, o último quarteirão da rua Homem de Mello ficou separado do resto, bem como há um enorme hiato na numeração - na verdade, o leito da rua e da avenida se confundem por pouco mais de um quarteirão. Quem mora no último quarteirão deve ter dificuldade para explicar a localização de sua casa para o entregador de pizza.
A avenida Angélica, antiga rua Itatiaia, começa na rua da Barra Funda e acaba na Paulista? Errado. Na verdade, acabava na Doutor Arnaldo, bem no início desta. Quando construíram a ligação rebaixada da avenida Paulista com a Doutor Arnaldo - se não me engano, no final dos anos 1960 - o leito contínuo da avenida Angélica passou a terminar na Paulista, enquanto dois pedaços da rua, um próximo à Paulista e outro, perto da Doutor Arnaldo - desapareceram em meio à demolição necessária. Ficou o trecho do meio, que somente pode ser alcançado hoje por alguém que saia da rua da Consolação, rua à qual o trecho perdido ficou ligado. A numeração e o nome ainda são mantidos como avenida Angélica. Outro problema para o entregador de pizza.
sábado, 12 de junho de 2010
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Olá, Ralph!
ResponderExcluirA rua na qual eu moro é um ótimo exemplo. Fica no Alto da Boa Vista. Pouco antes de eu me mudar para o bairro, a Rua General Osório teve o seu nome alterado, em toda a sua extensão, para Rua Ministro José G. R. Alckmin. Poucos anos depois, um trecho desta rua (ela é dividida pelo amplo terreno da estação Alto da Boa Vista da SABESP) foi rebatizado, recebendo o nome de Rua Ministro Roberto Cardoso Alves. Ou seja, parte da antiga Rua General Osório, rebatizada como Ministro José G. R. Alckmin, teve o seu novo nome mantido, a outra parte teve o seu nome mais alterado uma segunda vez, em poucos anos! Resultado: confusão garantida!
Sim, esse caso também conheço, por acaso. É uma zona total.
ResponderExcluirRalph, boa noite,
ResponderExcluirCá no Rio temos alguns exemplos desses. O mais famoso é o da rua Marquês de Sapucaí. É ela mesma, a Passarela do Samba. O trecho mais conhecido começa no Canal do Mangue, na Avenida Presidente Vargas, e vai até a rua Frei Caneca, no bairro do Catumbi. Este trecho contém as arquibancadas, frisas e camarotes do Sambódromo. Até os anos 1980, mais ou menos, ali foi o endereço de uma fábrica da Companhia Cervejaria Brahma. Mas o curioso é que a Sapucaí tem um lado desconhecido da imensa maioria dos cariocas: ela "atravessa" o Mangue, os trilhos da Central, a meio caminho entre D. Pedro II e as oficinas de São Diogo, e reaparece no bairro do Santo Cristo. Neste trecho há vilas de casas, um armazém, uma birosca... São os moradores da Sapucaí. A rua é muito antiga mesmo, muito provavelmente mais até do que os trilhos da então EF D. Pedro II... Um abraço do Leandro, Niterói-RJ.