sexta-feira, 18 de junho de 2010
PÃO E CIRCO
Em fevereiro de 1912 faleceu o Barão do Rio Branco. O homem era bom de diplomacia. Conseguiu inúmeras vitórias em questões de limites para o país.
O que me surpreendeu (em princípio) foi ver a comoção em torno de sua morte. Inúmeras reportagens em jornais e revistas - e até em comentários em cartas trocadas por meu avô na época - falam de um verdadeiro choro do povo por causa disso, muita gente triste.
Terá mesmo sido assim? É verdade que fotos como a que é vista acima, do cortejo fúnebre do Barão, no Rio de Janeiro, mostram um afluxo anormal do povo. Mas terá sido espontâneo? Ou será que o povo foi "chamado" a participar, meio que na marra? Não... acho que não. Considerando-se que, na época, não havia grandes coisas divertidas para fazer, principalmente numa grande cidade como o Rio, ainda bem maior do que São Paulo, esse era o pão-e-circo do dia.
Imagine se hoje algum político que morra atrai tudo isso. Talvez um presidente da República... o atual, com certeza, pois é um grande demagogo. Mas não há dúvida que tem muito carisma. Acho que uma boa parte da população vai até deixar de ver a novela das oito para ver o morto passar...
Bom, fizeram isso com Getúlio - este era outro carismático - e com Tancredo. Já com Mário Covas... Pão-e-circo, hoje, é televisão, "viradas culturais", shows de conjuntos (seja qual for). Comício de político? Nem a pau. Só em cidade pequena e pobre - e olhe lá. Político só atrai grande quantidade de gente hoje se falar muito bem e se tiver música ao redor - os famosos "showmícios".
Realmente, era outro Brasil, esse de 1912. Rio Branco não teve, em toda a sua carreira, nenhum cargo de governo. Era um ministro, basicamente. Portanto, não aparecia para o povo. Porém, naquele tempo, e até a época de Getúlio, políticos eram endeusados, em geral. Inclusive secretários, por exemplo. Basta ler os jornais da época.
Hoje, ninguém quer saber o que o secretário da educação visitou ontem. Nem ponha isso no jornal, pois ninguém está interessado. Já há 70, 80 anos atrás... era o que os jornais mostravam.
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É que não apareceram os patrulheiros de esquerda por aqui (ao menos ainda não), para comprovarem que na verdade o endeusamento de políticos ainda existe por aqui — desde, claro, que esses políticos pertençam a um certo partido.
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