Vila Itororó. Autor desconhecido.
Está mesmo na hora de se demitir todos os vereadores, deputados estaduais e federais, além dos senadores, e economizar para o Tesouro uma boa quantia de dinheiro. Afinal, eles não servem para nada. Além de — de acordo com a imprensa dos últimos 188 anos — constantemente aplicarem mal o dinheiro público, eles fazem leis que não são seguidas. Se não são seguidas, eles não servem para nada. Para que fazer leis que não são seguidas nem pelos políticos — ou principalmente por eles?
Basta abrir o jornal hoje. Na cidade de São Paulo, uma lei de 2003 determina que sejam abertas 31 centrais de triagens de lixo reciclável. Não estou aqui discutindo as vantagens ou desvantagens delas. Mas o fato é que elas não foram criadas, sete anos depois. Então, para que a lei? Também está escrito que o presidente Lula foi multado pela quinta vez por fazer propaganda política indevida. Ora, se ele já descumpriu a lei cinco vezes, o que faz pensar que ele não descumprirá mais? Principalmente porque a punição é a multa — que os políticos, sabe-se, jamais pagam. Enfim: para que serve essa lei? É melhor não gastarmos dinheiro pagando para pessoas fazê-las.
Ainda no jornal, a remoção das famílias que moram na Vila Itororó, na rua Martiniano de Carvalho, na Bela Vista. Tombada pelo Patromônio Histórico, construída nos anos 1920, era uma vila de casas tão comum (essa, na verdade, não era "comum", era diferente das outras, por suas características arquitetônicas únicas) então na cidade e habitada por diversas famílias. Está malcuidada, mas continua sendo habitada por moradores. Pô-los para fora por quê? (serão removidos para um prédio da COHAB ali perto.) O local vai ser transformado em centro cultural. Para quê? Se centro cultural desse cultura, o povo brasileiro seria o mais culto do mundo, pois tudo que é prédio velho, estação ferroviária, armazém, fábrica velha, vira centro cultural. E não somos cultos, não...
Enfim, se a função da vila é abrigar moradores, que os deixemos lá morando. Apenas coloquemos ordem na bagunça: sujeira e criminosos (se é que existem ali), não. E pronto, tudo resolvido, e que se abra para visitas de quem queira a vila. Afinal, vilas são públicas. Transformá-la em cinema e centro cultural, embora mantenha sua arquitetura, o que é ótimo, vai descaracterizá-la.
Seguindo adiante, pichadores foram surpreendidos emporcalhando um prédio na Consolação. A polícia foi chamada e um deles caiu no chão e foi levado ao hospital. Não morreu. Porém, o jeito que a imprensa publica essas coisas dá a nítida impressão de que os culpados são os policiais e quem os avisou, não esses idiotas que arriscam a vida para sujar e enfeiar a cidade. E o site da UOL de ontem condenava uma repórter de televisão que havia usado esse termo para se referir aos pichadores.
Enfim: é ótimo ler jornais pela manhã. Nós sempre nos surpreendemos com as coisas que cada vez parecem mais absurdas que lemos.
sábado, 5 de junho de 2010
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Ralph. Muito divertida a sua crônica. Mas, como trata de coisas séria, não resisto a tecer comentários breves. Em poucas coisas se vê tão cabalmente a displicência pública, quanto no caso da coleta seletiva. A chance de ser resolver (ou adiantar bastante) o problema dos excluídos do centro e periferia... Mas preferem colocar na mão das Loga e Cavo - empreiteiras com compromisso de encher o bolso e mais nada. Um crime!! Quanto á Vila Itororó... lembro quando a vi pela 1ª vez e fiquei estupefado (?), há uns 30 anos. E a última vez, em que "moradores" me impediram de fotografar. Desculpe Ralph, mas penso que os moradores devem ser retirados para imóveis mais adequados, e aquilo tudo se transformar num belíssimo... Centro Cultural. Por que não? Escrevi demais! Abraços.
ResponderExcluirSim, como eu falei... manter moradores desde que cuidem (o que não fazem hoje) e sejam receptivos a visitas no local. De qualquer forma, já está decidido que eles sairão.
ResponderExcluirPara quem não entendeu o que escrevi sobre a vila Itororó: eu sou a favor da restauração, claro. Apenas acho que deveria continuar sendo o que sempre foi: um lugar para se morar.
ResponderExcluirComo estudante de arquitetura, me surpreende o quanto a "criatividade" transforma tudo em centro cultural e salas multi-uso. O melhor, quando possível, é evidentemente o uso original. O problema é que às vezes (como no caso de moradias) parece dar trabalho demais. Poltronas estofadas vermelhas e holofotes atraem mais a atenção dos arquitetos.
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