Há 25 dias no hospital, sem pôr o pé na rua, nem mesmo vê-la, pois as janelas são vedadas e em volta o que se enxerga são prédios e mais prédios: o mundo lá fora parece que desaparece para mim. Há Internet aqui, e, claro, televisão. É um contato um tanto precário com o interior, mas valido até certo ponto.
Ontem, por exemplo, “deu na TV e na Internet” que Michael Jackson havia morrido. Minha reação: e daí? O que ele fez de decente? Para mim, meia dúzia de músicas, talvez o dobro, músicas das quais jamais comprei um CD. Sujeito que ganhou muito dinheiro na vida, mas que gastou em bobagens. Exemplo para alguém, só se tiver sido para alguns americanos malucos.
Ontem ouvi expressões como a ”morte da maior personalidade musical do século XX”. Não dá para entender. E Beatles, Rolling Stones, Queen? Quando eu comprara um “elepê” dessa turma, era a certeza de ter todas as faixas de qualidade. Jackson era o contrário: ele era a certeza de se ter no máximo duas faixas boas e um restante de mediocridade.
Nem vamos falar nas personalidades do século XIX, como Beethoven e outros. Não há comparação.
Será coincidência ter havido um enfermeiro que entrou ontem em meu quarto para me levar de cadeira para uma tomografia, à uma hora da tarde, cantando Guilherme Arantes: “Vivi um dia de Sorocabana, bebi cada quilômetro medicinal”, as duas primeiras estrofes da bela música composta em 1970, nos últimos estertores da saudosa Sorocabana. Ele fez isso, pois sabia da minha paixão por ferrovias.
A gente vai se acostumando à vida no hospital. Mas, como num paradoxo, também não vê a hora de cair fora daqui, ir para casa. A esposa não larga de mim, este é um reconhecimento maravilhoso de seu amor por mim. Os filhos e a nora aparecem quase todos os dias. O neto, o querido Willi, com apenas (quase) nove meses, aparece também, distribuindo seus lindos sorrisos para todos verem e se deliciarem.
Mesmo assim, torço para que a vida aqui no hospital acabe logo. A quem me visitou, ou telefonou, ou enviou e-mails, ou apenas pensou em mim, os meus sinceros agradecimentos e as desculpas por não conseguiu por causa desta internação o cumprimento de escrever uma mensagem por dia.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
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Logo passa. Logo você volta para o conforto de casa e vai até sentir falta do enfermeiro gentil (até parece, né?). O importante é que você e a família continuam bem.
ResponderExcluirE Michael Jackson também não me faz falta neste mundo, embora eu adore acompanhar os noticiários e capas de jornais do dia seguinte, toda vez que acontece um fato de repercussão mundial. Beatles, Stones e Queen certamente contribuíram muito mais para a música pop e o rock'n'roll.
abraço,
Não. Desculpe-me, mas não gostar de Michael (e eu não gostava de seu estilo atual) é uma coisa, agora, não reconhecer seu talento como tudo que foi, inclusive reinventor de si mesmo, é injustiça. Alguém que morre e provoca manifestação até do sisudo Governo Japonês não pode ser injustiçado só porque...não gostamos! Afora isso, também prefiro Queen. Mas nas longíquas noites de fria garoa da década de 70, na Zona Leste de SP, acredite: Era a música dele que nos fazia sonhar, nós todos, negros ou não, mas todos pobres. "One day in your life..."
ResponderExcluirSe eu estivesse relmente correto e fosse o dono da verdade, a mídia não responderia da forma como está fazendo. Mss esta foi sempre a minha opinião sobre ele. Abração - Ralph
ResponderExcluirSeu Ralph, você pensa que com o transito nas rodovias Castelo Branco, Bandeirantes e outras na entrada de São Paulo, vai acabar provocando um movimento que faça, que por mal, pois por bem eu acho meio dificil, ter de volta trens regionais que façam linhas São Paulo-Sorocaba, São Paulo-Campinas, São Paulo-Santos e outras no futuro proximo?
ResponderExcluirGostaria que o senhor aborda-se o assunto assim que fosse possivel.
Obrigado,
Saudações,
Alberto
Oi Ralph, sou como voce e muitos outros , apaixonado por ferrovias, tava querendo postar no "estações ferroviarias" algumas fotos de minha autoria, vi agora que vc está hospitalizado, saúde e que saia logo dessa oficina e volte aos trilhos, sua home é um ícone e já estamos com saudades.
ResponderExcluirFábio Paixão
Olá Sr.Ralph !
ResponderExcluirPrimeiramente, digo que estamos todos aqui torcendo muito pela sua rápida recuperação, e também pelo seu retorno ao comando do site e dos seus constantes e interessantes tópicos aqui no Blog.
Mas infelizmente hoje vim discordar do Sr. em um ponto: Michael Jackson. Gosto é gosto claro ... eu aprecio muito suas músicas, não digo que a pessoa dele era um exemplo porque não era (tirando os anos 70 e 80, pelo seu esforço juvenil , criatividade (sério !) e determinação, talvez). Milhões de pessoas foram felizes ouvindo suas músicas (fato mostrado pelo recorde de vendas de álbuns, e inclusive que eu tenho em LP), vendo suas apresentações e tentando repetir suas coreografias (eu nunca consegui ...). Concordo em um ponto: não foi exemplo pra ninguém, assim como Cazuza, que também aprecio pelas músicas, mas não pela pessoa; mas com certeza suas músicas foram marcantes ... para quem gostava do estilo, claro.
Forte abraço e rápida recuperação ao Sr. !