Ainda no hospital na alameda Santos, sigo aguardando a operação de amanhã e vou pensando sobre os últimos lugares onde estive mais recentemente.
No início de janeiro fui a Araraquara para assistir à posse de meu amigo Domingos Carnesecca como Coordenador do Patrimônio Histórico da cidade. Ele havia sido convidado pelo novo prefeito para o cargo. Houve uma posse formal com vários convidados, por volta das seis e quinze da tarde. Meu filho Filipe foi comigo: ele gosta da cidade.
Depois de quase quatro anos, chegamos à cidade por volta das seis horas da tarde, indo direto para a Prefeitura. Sempre gostei de lá e é sempre um prazer voltar. Depois do evento fomos para o Sun Hotel, na Sete de Setembro. Era o melhor hotel da cidade, mas desta vez fiquei sabendo que finalmente a cidade abriu um novíssimo Eldorado, reformado depois de anos de decadência.
O Municipal, de 1922, pequeno, simpático e central, na Rua 3, também foi restaurado. E o recém-aberto Comfort na frente do Shopping Jaraguá, na avenida 36. Araraquara chegou à modernidade.
À noite, um jantar com o Domingos e família num restaurante japonês na Bento de Abreu. Ele fica numa antiga moradia, simpática, mas está de mudança. Não como comida japonesa e tive de passar com bife e fritas, muito bons, por sinal. A filha do Domingos estava comemorando a entrada na faculdade, na Capital, e eu fui de carona. O Filipe não: ele saiu com um amigo que mora lá e foi ao Olívio, um bar montado num antigo posto de gasolina numa esquina que tinham uma bomba debaixo de um segundo andar com janelas antigas.
Por acaso, na volta do restaurante, o Domingos passou à frente dele enquanto me contou sua história. E ele fica ao lado de uma fachada que é tudo que sobrou do antigo estádio municipal de Araraquara. Mas é por ali que ficam os barzinhos da cidade e o grande movimento das noites. Alguns deles têm mesas e pessoas ocupando até metade das ruas por volta da meia-noite de uma quinta-feira.
Na manhã seguinte, saí e fui direto para a estação a pé. Fui ver o museu ferroviário inaugurado às pressas no final do mandato do prefeito que acabara de deixar o cargo em 31 de dezembro. Ainda não tinha acervo, pois faltavam instalações elétricas. Mesmo assim, o museu foi aberto, com poucos móveis da estação, algumas revistas e uma ou outra fotografia. No fundo, todo o pátio da estação é um museu. Às vezes passava o comboio da ALL buzinando a baixa velocidade na segunda linha. Na primeira, junto à plataforma, diversos vagões-tanque aguardavam ser tracionados.
Na linha da antiga Estrada de Ferro de Araraquara, que sai ao lado, a “fila da morte”. Para quem não sabe, esse é o nome que se dá à fila com diversos vagões, locomotivas diesel e carros de passageiros, estes ainda com o logotipo da extinta Fepasa, depredados, depenados, descascados e sujos. Uma tristeza, principalmente porque a fila era vista da rua bem ao lado da calçada.
Para completar, o prédio foi repintado e tem vigilância no hall da entrada, com a escada e o poço do elevador de metal que foram ali colocados destoando da arquitetura da estação e fazendo com que tenha sido necessário serrar a bela grade de madeira do segundo andar para completar a escada.
No segundo andar ainda vazio, apenas uma sala com pinturas ferroviárias de um artista nativo. O piso de madeira não era o original, mas ainda há uma parte com piso hidráulico original.
Saí pela rua em frente à estação no sentido da cidade. O velho Hotel São Bento, na esquina exatamente em frente à estação, estava fechado e para alugar. Uma senhora, bem vestida, me olha e diz: “Que homem bonito, bem vestido! Parece um filósofo”. Muito engraçado.
Mais para baixo, quase sobre o pontilhão da rua ao lado do horroroso terminal de ônibus, outro hotel, este aberto, com um pássaro como símbolo e uma bela porta de entrada com um toldo metálico bonito na entrada.
Depois de visitar o antigo Clube Araraquarense e a estação do Ouro, mais abandonada do que nunca, voltamos para São Paulo.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
tenho fotos daquelas locomotivas encostadas, é lamentavel que algumas locomotivas da araquara estejam sem os motores de tração, algumas ainda é possivel reforma, enquanto isso ainda temos em nosso pais a falta de trens de passageiros em que vivemos ainda um caos aereo e pedagios abusivos, espero que vc se recupere rápido de sua cirurgia, por que recuperar os trens de passageiros estão cada vez mais dificil e impossivel.
ResponderExcluir