quarta-feira, 15 de novembro de 2017
1924: AS RODOVIAS ESTADUAIS DE SÃO PAULO
Mapa das rodovias paulistas na região mais próxima a São Paulo (aproximadamente 130-150 quilômetros de raio a partir da Capital), publicado em O Estado de S. Paulo de 28/12 1924.
Essas rodovias eram ainda todas em terra batida, nenhuma era asfaltada, macadamizada ou concretada.
O que já existia não mudou tanto assim em termos de percurso.
A São Paulo-Itapetininga é a atual Rodovia Raposo Tavares.
A São Paulo-Conchas é hoje a Rodovia e bastante recente. O primeiro trecho (São Paulo-Itu) havia sido inaugurado dois anos e meio antes (1922) e hoje chega até o rio Paraná, com o nome de Marechal Rondon - se bem que este nome hoje somente existe a partir de Itu para o interior. O trecho de 1922 não tem mais esse nome há anos. Parte dele (Barueri-Pirapora) chama-se Estrada dos Romeiros.
Já a São Paulo-Limeira não é hoje a Anhanguera, que foi construída nos anos 1940 em trajeto próximo à antiga estrada, mas não ocupa os leitos desta.
domingo, 12 de novembro de 2017
SÃO PAULO: A PRAÇA DA SÉ E A RUA SANTA TEREZA EM 1924
O anúncio de dezembro de 1924 publicado no jornal O Estado de S. Paulo mostra dois prédios de lojas da época (Casa Pinto e Casa A. Pacheco) no lado par da rua Santa Tereza.
Esta rua ainda existe, embora seja, na prática, parte da Praça da Sé atual, pois somente tem os prédios construídos no seu lado ímpar, ou seja, em frente aos prédios do anúncio.
Os dois prédios mostrados sobreviveram até serem demolidos e ali construído o Edificio Mendes Caldeira. Após a demolição deste em anos 1975, ali foi construída entre 1975 e 1978 parte da estação Sé do metrô, particularmente as escadarias elétricas para acesso às bilheterias e entradas para o trem. Embora o metrô tenha sido inaugurado em 1975, a estação Sé somente foi-o em 1978.
A catedral, ao fundo, ainda era em 1924 uma obra crua.
Nas outras ruas mostradas do mapa havia também casarões que simplesmente não foram mostrados no anúncio. Alguns deles ainda estão em pé hoje, como os da rua Marechal Floriano, no Pateo do Colégio.
A rua 11 de Agosto desapareceu no trecho em que aparece no mapa de 1924. Somente sobrou o trecho mais acima, ao lado do Tribunal de Justiça.
(Esta postagem foi atualizada no dia 15de novembro de 2017, às 12h20)
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Praça da Sé,
rua Santa Tereza
sábado, 11 de novembro de 2017
CURIOSIDADES SOBRE A VELHA SÃO PAULO
Mapa publicado no jornal em 17/11/1924 (O Estado de S. Paulo)
Conferindo num mapa da cidade publicado no mesmo ano do mapa pequeno (1924) e que infelizmente não pude reproduzir nesta postagem, a rua que passa ali seria a rua São José. Neste mesmo mapa, a rua São José começa na avenida Brigadeiro Luiz Antonio e termina na avenida Doutor Arnaldo, no Sumaré. Ah! Mas então essa é a rua Oscar Freire da época! Realmente: em mapas anteriores, a rua São José aparece no lugar da rua Oscar Freire. Porém, não em todo esse trecho que o mapa maior de 1924 mostra, mas sim no trecho Rebouças-Doutor Arnaldo (que, aliás, ainda se chamava avenida Municipal).
Mapa da Sara Brasil, de 1930 - não há passagem para a Oscar Freire entre a rua Salvador Pires (atual Nove de Julho) e a rua Pamplona.
(Para mostrar como era (e ainda é) confuso olhar mapas antigos, a avenida Municipal, realmente, ocupava o local da atual Doutor Arnaldo somente entre a rua da Consolação e a rua Cardoso de Almeida. Além desta, já se chamava estrada do Araçá, que depois virou Heitor Penteado, mas somente a partir exatamente do entroncamento da atual Oscar Freire. Entre a Cardoso de Almeida e a Oscar Freire, então, a rua atual também se chama Doutor Arnaldo...)
Voltando à Oscar Freire, até essa época (ainda 1924), já havia mapas, mesmo anteriores a esse ano, que nominavam a rua, entre a Rebouças e a atual Nove de Julho, como alameda Iguape. Vejam que o mapa pequeno para vender lotes, no entanto, não chamava a rua paralela à Lorena nem de São José, nem de alameda Iguape, mas de Oscar Freire... e, hoje, mais de noventa anos depois, aquele trecho de rua se chama rua Guarará!
O que houve, afinal, foi que, em algum momento, a rua São José, ou a alameda Iguape, ou a rua Oscar Freire, foi renomeada, entre a rua Pamplona e a avenida Brigadeiro Luiz Antonio, de rua Guarará - que é o nome que tem hoje.
Google Maps, 2017 - Situação atual das ruas Oscar Freire, Cravinhos e Guarará.
Sobram ainda dois pequenos trechos que não existem hoje. Um é o trecho da Oscar Freire, ou São José, ou Iguape, entre a Nove de Julho atual e a Pamplona, que desapareceu... e outro, entre a Casa Branca e a Nove de Julho, que virou rua Cravinhos... que, aliás, é totalmente desalinhada com a Oscar Freire e com a Guarará de hoje.
É por isso que, para interpretar a história de São Paulo, há que se conhecer mapas velhos e também reconhecer que esses mapas não representam a realidade da época - trechos e nomes de ruas ali colocados podem ou não ser a verdade da época...
Entre diversas perguntas, finalmente, existe a primeira que me vem à cabeça: qual seria o nome real da rua Oscar Freire, entre a Pamplona e a Campinas, em 1924? Rua São José? Alameda Iguape? Rua Oscar Freire? ou já seria rua Guarará? A segunda pergunta era: era possível, fisicamente, cruzar o brejo da rua Salvador Pires (atual Nove de Julho, entre o atual túnel e a rua Estados Unidos)? Ou nem caminho de terra barrenta existiria ali nesse tempo? E uma terceira: por que a atual rua Cravinhos está tão deslocada em relação aos mapas antigos, em relação às ruas Oscar Freire e, mais à frente, da rua Guarará de hoje?
Finalmente: a rua "nro. 2" de 1924 e a rua Igarahy de 1930 é a atual rua Haiti.
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
FIM DA LINHA PARA TRÊS ESTADOS BRASILEIROS
Em Branquinha, norte de Alagoas, na época da inundação de 2010: os trilhos da ferrovia arrancados e a destruição e a sujeira imperando (foto Luiz Castello Branco).
Não era isso que se esperava de uma concessionária de ferrovias brasileira. A Transnordestina, que nasceu CFN em 1997 para gerir toda a malha entre Alagoas e Maranhão (mais especificamente, 7 Estados: Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão), jogou a toalha e entregou toda a rede que já, na verdade, não operava havia um bom tempo nos Estados de Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Nestes três, sobram hoje apenas as linhas da CBTU, em curtos percursos e com desempenho sofrível.
O fato foi noticiado pelo jornal A Tribuna Hoje, de Alagoas.
O fato está relacionado, neste Estado pelo menos, à destruição de boa parte da malha por uma grande inundação em 2010. Já na Paraíba, Estado onde ela chegou a operar algumas linhas até alguns anos atrás, e no Rio Grande do Norte, onde ela praticamente nunca operou, o motivo foi o descaso mesmo.
Em Pernambuco, ainda há alguma operação. Muitas linhas, porém, estão também abandonadas também neste Estado.
Em país em que concessionárias somente se importam em ter algum lucro e nada com a necessidade de cargas serem transportadas por trens, combinado com o desprezo total dos órgãos federais pela fiscalização eficiente, só podia dar nisso mesmo.
Curioso: embora o Nordeste do País seja longínquo do Sul e Sudeste mais ricos. ainda assim causa-me surpresa que, desde o dia 14 de outubro, quando o artigo foi publicada, não encontrei nenhuma reação a tudo isso.
Transcrevo a seguir o artigo inteiro para que cada um tire suas próprias conclusões.
Transnordestina
põe Alagoas fora dos trilhos do transporte de cargas no Nordeste
14/10/2017 - Tribuna Hoje
Matagal a perder de vista, ferros retorcidos e carcomidos pela ação
do tempo e animais que passeiam soltos sobre linhas férreas. Este é o quadro de
quem se depara para observar algumas centenas de quilômetros de ferrovias de
Alagoas e que contrasta com o discurso de sete anos atrás de que o
Estado seria um dos ‘trilhos’ do desenvolvimento da propalada Trasnordestina
— malha ferroviária destinada ao transporte de cargas de trem e a
ligar (integrar) o porto de Suape, em Pernambuco, aos estados de Alagoas, Piauí,
Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba —, possibilitando o escoamento de
produções agrícolas e minerais, entre outros produtos, a preços competitivos no
mercado de cargas, como forma de turbinar a economia de vários municípios
alagoanos.
A Tribuna Independente teve acesso esta semana, com exclusividade,
ao anúncio de forma oficial de que o sonho alagoano de integrar a
Transnordestina virou sucata junto com o que ainda restava de material
ferroviário (pedaços de trilhos e de vagões) por cerca de 125 km de
ferrovia dos cerca de 300 km destinados ao Estado e que cortava Alagoas de
Porto Real do Colégio, no extremo sul do Estado, até o Norte e Zona da Mata,
entre Rio Largo (Lourenço de Albuquerque), Murici, União dos Palmares e o
município de Quebrangulo, antes de chegar a Pernambuco.
A obra já havia sido finalizada e, às vésperas da inauguração, no
fatídico dia 19 de junho de 2010, as estradas de ferro e pontes foram
fortemente atingidas pelas enchentes que danificaram seriamente os 125 km de
ferrovias alagoanas destinadas à Transnordestina.
Dessa forma, atualmente, junto com ferros e vagões carcomidos com
ação do tempo e da enxurrada de 2010, se afogou também o sonho alagoano de
integrar a concorrida malha ferroviária do Nordeste.
Em Alagoas, R$ 120 milhões em ferro foram para o ralo com enxurrada
de 2010
Em nota à Tribuna Independente, a assessoria da Ferrovia
Transnordestina Logística (FTL), com sede em Fortaleza, no Ceará — empresa
privada que transporta cargas ferroviárias há 18 anos e que tem a concessão da
Malha Nordeste da antiga Rede Ferroviária Federal S.A. —,
explicou a razão do fechamento de sua filial em Alagoas e confirmou a demissão
dos trabalhadores que ainda alimentavam o sonho de ver se tornar realidade a
malha ferroviária de cargas do Estado.
Diz o comunicado à reportagem:
“A Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) comunica o
encerramento das atividades de suas filiais nos estados de Alagoas, Paraíba e
Rio Grande do Norte. A operação comercial da ferrovia já estava suspensa nesses
estados, em função da inviabilidade econômica. É importante lembrar que as
chuvas registradas em 2001 danificaram fortemente a ferrovia, impossibilitando
a continuidade do tráfego. A empresa investiu cerca de R$ 120 milhões para
recuperação da ferrovia, especialmente entre Pernambuco e Alagoas, porém em
2010, quando tudo estava pronto para ser reinaugurado, outra calamidade
destruiu novamente a malha ferroviária, impedindo o tráfego e causando enormes
prejuízos à ferrovia e as cidades atingidas pelas enchentes daquele ano” (...)
E continua a resposta: (...) Apesar de ter despendido
todos os esforços possíveis para retomar a operação e de ter sempre honrado os
compromissos com os colaboradores daquelas localidades, a empresa optou por
fechar as filiais, procedendo o desligamento das equipes. A FTL continua
fortalecendo o transporte ferroviário, por meio de sua operação no trecho que
conecta os estados do Maranhão, Piauí e Ceará, totalizando 1.190 quilômetros.
Atualmente, possui 1.020 colaboradores diretos, 214 terceirizados e gera
empregos indiretos na cadeia de transporte ferroviário nos estados onde atua
transportando granéis líquidos, sólidos e carga geral”, finaliza a nota da FTL.
A linha ferroviária da Trasnordestina em operação atualmente, com
1.190 km em bitola métrica, liga os portos de Itaqui (São Luis/ MA), Pecém (São
Gonçalo do Amarante/ CE) e Mucuripe (Fortaleza/ CE), promovendo a integração e
dinamizando a economia regional. A FTL movimenta cargas com 92 locomotivas e
1.434 vagões.
Vagões e linhas tragados pela água
A Tribuna fez um périplo pelos locais mais atingidos pelas
enchentes e por onde estavam traçadas as então ‘bem-sucedidas’ linhas dos trens
de cargas e constatou total abandono no sonho alagoano de integrar o Nordeste
pelos trilhos.
No município de Rio Largo, a 27 km de Maceió, no bairro de Lourenço
de Albuquerque, um dos trechos mais atingidos pela enxurrada de 2010 e aquele
onde seria o início da Transnordestina do lado ao Norte e Zona da Mata do
Estado, as imagens ainda impressionam. Uma sucata de ferros-velhos e de restos
de vagões ainda boia no Rio Mundaú, que corta a cidade.
Foi lá que a reportagem encontrou o homem que ‘constroi e destroi
linhas’, como ele se autodenomina. É seu Antônio Felipe, 63 anos, já
aposentado, e dos quais 25 deles foram dedicados à função de feitor de linhas,
no quadro de funcionários da antiga Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN),
filial Alagoas. “Meu filho, ainda hoje me procuram para construir e destruir
linhas férreas por todo este Nordeste, de Pernambuco ao Ceará, porque tenho
muita experiência”, informa. “Mas é muito triste ver que esse trecho
aqui de Rio Largo tá tudo assim, abandonado desde aquela cheia. É muito
dinheiro jogado na água e no mato e que poderia levar desenvolvimento”, lamenta
o feitor de trilhos, que mora vizinho onde hoje ao invés de Transnordestina só
se vê ferro-velho e mato.
“Trabalhei tanto construindo linha neste local para ver essa
situação aí. É lamentável, mas espero que esses homens mudem de ideia e retomem
a obra”, completa Antônio.
Mesmo aposentado, seu Antônio informa que ainda presta serviços de
construção de linhas para a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
“Tenho uma pequena equipe, de doze pessoas, que me ajuda neste trabalho”, diz
Antônio.
Prédio de estação vira clube de futebol
No futebol, há um linguajar bem comum entre os boleiros que é o de
‘entregar os pontos quando a vaca já foi para o brejo’. Ou seja, é se conformar
com a derrota quando esta já não pode mais ser revertida para um dos lados da
disputa. E como prova de que o trecho do município de Rio Largo ‘já entregou os
pontos’ faz tempo em relação à Transnordestina, a reportagem flagrou no prédio
que servia de base de apoio aos trabalhadores contratados pela antiga CFN e
atual empresa Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) agora ocupado como sede
de um time de futebol. “É o Falta de Ar Futebol Clube, que se reúne nos fins de
semana para bater uma bolinha. Virou vestiário onde os jogadores guardam seus
pertences”, revela um dos ajudantes de seu Antônio, o jovem Leonardo Luís,
eletricista.
Atualmente, o único movimento que lembra movimentação em linha
férrea em Rio Largo é o vaivém do moderno Veículo Leve sobre Trilho (VLT), da
CBTU, para passageiros comuns que se dirigem diuturnamente à capital
Maceió.
Casebre, mato e animais: donos do pedaço
E as surpresas atuais nos cenários que dariam passagem ao sonho
alagoano da Transnordestina por Alagoas não param de revelar-se. Já na cidade
de União dos Palmares, esta a 73 km de Maceió e localizada na Serra dos
Quilombos do herói Zumbi dos Palmares, a Tribuna se deparou com o tradiconal matagal,
animais e até um casebre construído em cima da linha onde estava o traçado para
os trilhos do desenvolvimento por meio de cargas de trens.
“Meu filho, essa casinha aí em cima da linha é um rapaz que
construiu para guardar as coisinhas dele. Faz muito anos que não passa trem
nenhum por aqui, e depois daquela cheia aí é que sumiu tudo mesmo”, diz Eleuza
Cândido da Silva, de 60 anos, e que mora quase que em cima do trilho onde
passaria o sonho alagoano, ao informar sobre a quem pertenceria o casebre que
serve de despensa a um de seus vizinhos, este sim, literalmente construído
sobre os trilhos.
Em Murici quadro também é desolador
A dezenas de quilômetros dali, no município de Murici, a 44 km da
capital e já na Zona da Mata alagoana, o quadro da ‘quase’ Transnordestina
também em nada lembra o que seria uma das passagens para o desenvolvimento da
economia do Estado. O trilho está quase que totalmente coberto pelo mato e, ao
invés de trens, galos, galinhas e cachorros é que trafegam tranquilos sobre os
trilhos.
“Amigo, isso aqui parou de vez em 2010 com aquelas chuvas e,
depois, nunca mais”, assevera Cícero Ramos, encarregado de obras de uma empresa
terceirizada que prestava serviço para a FTL no município de Murici, por onde
passaria a Transnordestina.
Atualmente, Ramos trabalha em outra empresa da construção civil em
Murici, onde também reside, e diz que trabalhou entre 2004 e 2009.
Na Laje, literalmente é o fim de linha
Já no término da trilha percorrida pela Tribuna, a sensação era de
fim de linha, literalmente, no derradeiro município visitado in loco pela
reportagem, apesar da mistura de um pouco de organização na maioria do percurso
do trilho. Mas, como que um canto dos cisnes da sonhada Transnordestina, ao
final de seis quilômetros de trilhos na cidade de São José da Laje o que se vê
é o resto dos restos do que se poderia chamar de linha férrea, totalmente
abanonada e que em nada lembra a passagem do progresso por aquele rincão
encravado na Zona da Mata alagoana.
O último trecho da viagem do que seria a Transnordestina foi na
cidade de São José da Laje, pertencente à Mesorregião do Leste alagoano e à
Microrregião Serrana, distante cerca de 98 quilômetros d capital do Estado. Por
lá, perto da Usina Pedra Grande poeira e restos de trilhos, em estado
paupérrimos e inteiramente cobertos por mato.
Era, de fato, naquele trecho, o fim da linha tanto para a
reportagem como o da Trasnordestina por lá.
Presidente da Transnordestina chegou a garantir obra em Alagoas
Corria o ano de 2011 quando o então governador Teotonio Vilela
Filho recebia no palácio o então presidente da Transnordestina Logística, Tufi
Daher, que foi anunciar a retomada da recuperação do trecho da malha Nordeste
no Estado depois do desatre natural de 2010, que danificou cerca 130 km de
ferrovia alagoana.
Daher afirmou à época que seriam aplicados R$ 60 milhões em Alagoas
e Pernambuco, sendo R$ 45 milhões para o Estado de Alagoas, que sofreu maiores
danos na ferrovia. O início das obras estava previsto para janeiro de 2012, mas
nem começou.
À època, falava-se que a mineradora Vale Verde, instalada
recentemente no Estado, era uma garantia na segurança da logística de
transporte da produção, atraindo também novos empreendimentos e gerando
emprego.
O fato é que, com as obras paralisadas, os danos causados pelas
enchentes que atingiram Alagoas na época contabilizaram prejuízos e não
concluíram os 330 km (quilometragem total) que cortam Alagoas e vão do
município de São José da Laje até Porto Real do Colégio – e que beneficiariam
outros 17 municípios no decorrer do percurso.
Outra verdade é que o projeto faz falta não só a Alagoas, como aos
outros Estados do Nordeste, principalmente aos setores que dependem de um
transporte mais barato para aumentar sua produtividade ou se expandir. Em média
o transporte ferroviário custa 30% mais barato do que o preço do frete cobrado
nas estradas.
Outro fato recorrente são as denúncias de irregularidaes na obra
com revisões de projeto, orçamento inicial quase triplicado, problemas com
empreiteiras, denúncias de prejuízos sociais e ambientais.
Em São José da Laje, trecho está intransitável e revela o que
sobrou do sonho
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) ainda não
aprovou o orçamento da obra, mas R$ 6 bilhões já foram investidos, e a Transnordestina
Logística diz que o valor atual da construção é de R$ 11,2 bilhões. O prazo
mais recente para o término do empreendimento era 22 de janeiro deste ano. Uma
vez mais, o cronograma não foi cumprido.
A Tribuna tentou ouvir o ministro dos Transportes, Portos e
Aviação, Maurício Quintella, mas não obteve êxito.
E dessa forma, com tantos problemas, para Alagoas parece mesmo ser
o fim de linha neste sonho.
Sindicato ainda alimenta sonho de reverter decisão de fechamento
A esperança é última que morre, já diz o ditado popular. E é crente
neste adágio que 11 trabalhadores que ainda creem ter vínculo empregatício com
a atual concessionária, a Ferrovia Transnordestina Logística (FTL),
lutam para reverter a decisão da empresa de fechar a filial em Alagoas,
mesmo com o anúncio já oficializado.
No pico das obras, antes de 2010, o trecho de Alagoas da
Transnordestina, que compreende os municípios de Porto Real Colégio, no extemo
sul fronteira com Sergipe, e São José da Laje, extremo norte fronteira com Pernambuco,
chegou a ter cerca de 600 trabalhadores no canteiro de construção das linhas.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas
Ferroviárias do Estado de Alagoas, Luciano Gama, diz que, apesar de já ter sido
comunicado do fechamento da empresa em Alagoas, não vai desistir até encontrar
uma solução.
“Infelizmente eles foram demitindo, antes mesmo das chuvas de 2010,
e depois foi uma calamidade total porque em 2013 mudaram a razão social da
empresa e demitiram em massa, até sobrar esses onze de hoje, que são os
trabalhadores com imunidade sindical”, explica Gama.
Como um dos últimos cartuchos da entidade para preservar o sonho da
construção e a manutenção dos empregos, o vice-presidente do sindicato,
Raimundo Correia, esteve em Brasília, e as notícias não são animadoras. “Estive
no Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] junto à
Confederação Nacional de Trabalhadores de Transportes Ferroviários de vários
Estados para comunicar o que está acontecendo em Alagoas e não fui recebido por
ninguém”, lamenta Correia.
Luciano Gama diz que não vai desistir de lutar mesmo demitido
O que ainda move a esperança dos atuais trabalhadores que restam é
uma questão administrativa: “A empresa diz que fechou a filial em Alagoas,
mas o contrato feito com os trabalhadores foi com a razão social da
antiga Companhia Ferroviária do Nordeste e este ainda está ativo”, garante o
sindicalista.
“Não vamos desistir. Esperamos agora ter uma conversa com o
ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella”.
Como se sabe, Quintella é alagoano.
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quarta-feira, 8 de novembro de 2017
1924: LOTEANDO GUARULHOS - VILA SÃO RAFAEL
O mapa publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 1924 mostra o loteamento com a posição norte apontando para o leste...
Dos diversos loteamentos que foram criados no ano de 1924 na área que atualmente é a Grande São Paulo, houve um que foi implantado em Guarulhos, na divisa do município de São Paulo e encostado nos campos que, naquele tempo, haviam sido utilizados pelo aviador Edu Chaves: era a Villa São Raphael.
Para facilitar a comparação com os mapas atuais, aqui o mapa de 1924 aparece com o norte correto
Aqui dá para ver o loteamento com suas ruas no dia de hoje. Note-se que algumas ruas também trocaram de nome, outras mantiveram os nomes originais. Outras desapareceram e uma ou outra foi criada no loteamento posteriormente à data de venda. (Google Maps)
Uma das divisas do loteamento era o Córrego do Cabuçu, ou Cabuçu de Baixo, que já era a divisa entre os municípios de São Paulo e de Guarulhos. Cerca de 30-40 anos depois, a construção da Rodovia Fernão Dias acompanhou, naquele ponto, o córrego. Por causa desta estrada, uma parte da Villa São Rafael, junto ao rio, parece ter sido sacrificada com desapropriações - basta comparar o mapa original do loteamento com o mapa de hoje.
No centro do loteamento, a mata mostra partes que continham lotes e que hoje continuam sendo parte da varzea do córrego que ali cruza - cujo nome não sei.
O Parque Edu Chaves, a oeste da Vila São Rafael de hoje, aparece do outro lado do rio e da rodovia como tendo ruas em forma de circunferência.
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