Trem de carga da RFFSA, foto Sergio Magalhães.
No tempo em que ministros de Estado tinham alguma importância e podiam pelo menos apresentar planos e darem palpites - mesmo que fizessem besteiras diversas -, Delfim Neto, Ernane Galvas e Eliseu Resende, ministros do governo Figueiredo em 1982, apresentaram um plano para desenvolvimento das ferrovias do País, que ainda estavam nas mãos do Governo Federal via RFFSA.
Bem, havia um problema, principalmente quando se vê isto hoje, trinta e quatro anos depois: o país estava falido. Por outro lado, era um plano, não uma colcha de retalhos política, como o é hoje, quando qualquer um diz que vai fazer uma ferrovia ligando um ponto a outro, de acordo com as conveniências de qualquer um.
De qualquer forma, era muito dinheiro, muito investimento: praticamente nada foi feito.
O plano, chamado de III Projeto Ferroviário, ou "Projetão da RFFSA", constaria de diversas obras. Sem entrar em grandes detalhes, podemos ver que praticamente nada saiu até hoje.
1) Modificação do trecho Sete Lagoas - Costa Lacerda, MG: saiu mais de dez anos depois.
2) Ampliação da linha de São Paulo a Cubatão: não saiu.
3) Modificação do trecho Arcos, MG - Volta Redonda - não saiu.
4) Corredor de exportação do porto do Rio Grande: se isto foi a ligação entre General Luz e a cidade, não saiu. Se foi a mudança do porto de local com novas linhas na região de Pelotas e Rio Grande, sim, foi feito.
5) Melhorias da rota Uruguaiana - Porto Alegre: não saiu.
6) Melhorias no trecho Rio Fiorita, SC, ao porto de Imbituba: a linha continua igual até hoje.
7) Tronco Sul - este já estava pronto, à época: não consegui maiores detalhes. Pode ser que falassem do trecho de Mafra a Lajes, que precisava - e ainda precisa - de melhorias. Nada foi feito.
8) Reativação do ramal de Cantagalo - já extinto em 1982 - agora com bitola larga (1,60 m) para ligar a Ferrovia do Aço à região cimenteira de Minas Gerais, via Três Rios. Nada foi feito.
9) Melhoria da linha Cachoeiro do Itapemirim a Vitoria. Até hoje se fala disto. E nada foi feito. A linha velha está praticamente abandonada.
10) Linha Belo Horizonte a Brasília - Nada foi feito.
11) Mapele, BA, a Sete Lagoas, MG: A linha existe com bitola métrica e muitas curvas desde 1950. Precisaria ser melhorada. Nunca foi.
12) Juazeiro/São Francisco, BA. Sem maiores detalhes, creio que seria a melhoria da linha então já centenária entre as duas cidades baianas. Nada foi feito. A linha hoje tem tráfego próximo de zero.
13) Linha Alagoihas a Aracaju: melhorias. Nada foi feito.
14) Amplo programa de construção e reforma dos pátios ferroviários do País e programa de modernização de oficinas. Em vez disso, vinte anos depois, começou o desmonte geral promovido pelas concessionárias que chegaram em 1997/98.
Enfim, era tudo praticamente relacionado a minérios em geral (ferro, gesso, cimento, carvão, calcário) e alguma coisa com produtos químicos e contâiners. Carga, enfim.
Não entrei em detalhes por que não valeria a pena. Afinal, quase nada foi feito.
Se alguém estiver interessado em saber mais sobre o assunto, veja o jornal O Estado de S. Paulo de 18 de fevereiro de 1982, página 20.
terça-feira, 5 de abril de 2016
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Sobre o ramal de cantagalo:
ResponderExcluirhttp://alerjln1.alerj.rj.gov.br/scpro0711.nsf/1061f759d97a6b24832566ec0018d832/5858a6cda73eff8b8325774a00624559?OpenDocument
Ralph,
ResponderExcluirTem algum mapa desse novo ramal cantagalo? Alguns dias atrás um colega tinha falado dele, acho estranho essa ligação de cantagalo via três rios.
Vitor, eu jamais havia ouvido falar dessa linha. A primeira vez foi por esse artigo que citei.
ExcluirEm 1980 eu como vendedor técnico atendia as fabricas de Cimento localizadas em Euclidelandia, Cantagalo na ocasião um grupo de engenheiros liderados pelos da Votorantin, propôs refazer a estrada de ferro que ligava Cantagalo - Friburgo e Rio de Janeiro passando por Guaxindiba e montar próximo a Guaxindiba um gigantesco conjunto de armazéns cujo objetivo seria o de estocar material da fabrica de Guaxindiba e das fabricas de cimento de Cantagalo com o objetivo de dali distribuir o produto para Rio, Niterói, São Gonçalo e Baixada Fluminense e também por tem atender a Campos e Vitoria. Não foi a frente pelo monopólio da RFFSA que também não teve interesse. Essa ferrovia seria para carga e passageiros. Em 1982 Brizola então eleito resolveu asfaltar a RJ-148. Novamente esse povo quis em parceria com o GERJ reconstruir a estrada que saia de conselheiro Paulino e ia até alem paraíba, dessa vez com bitola de 1,60 para levar o cimento até a linha de centro e levar o cimento tanto para BH como para SP. Brizola não teve interesse no projeto. Isso eu vivenciei
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