domingo, 12 de julho de 2015

DE PINDAMONHANGABA A CAMPOS DO JORDÃO

A parada de Mombaça, assim como diversas que já existiam no trecho onde corre o subúrbio de Pindamonhangaba, foi reconstruída e entregue nos últimos dias (Foto EFCJ - 9/7/2015)
 
Campos do Jordão era praticamente apenas um sanatório em 1914, quando a Estrada de Ferro Campos do Jordão ali chegou com seus trilhos e locomotivas a vapor. Era uma iniciativa de um médico, Emilio Ribas, para facilitar o internamento de tuberculosos da região em seu hospital, localizado a mais de mil metros de altitude e não muito distante do Vale do rio Paraíba.

Dez anos depois, a ferrovia foi totalmente eletrificada, melhorando ainda mais o acesso à Serra da Mantiqueira. Isto faz com que a cidade deixe de ser simplesmente um local de tratamento e convlescença de doentes e se torne também um lugar para férias das famílias mais abastadas do Estado.

É curioso como não se encontram muitos relatos da ferrovia que ligava a cidade a Pindamonhangaba, no vale do Paraíba, pois ela foi muito utilizada nos anos que se seguiram. As estradas de rodagem eram então muito ruins e as de serra, piores ainda. Porém, já nos anos 1950 era possível ir a Campos do Jordão por estradas bastante razoáveis e já pavimentadas, sendo a principal delas a que ligava a cidade a São José dos Campos.

A ferrovia, como todas as outras, começou a perder sua hegemonia e, nos anos 1970, já se tornava praticamente uma ferrovia turística. Não se sabe exatamente quando isto aconteceu, mas nos anos 1980 não existiam mais trens de linha. A ferrovia era deficitária e vivia agora de trens turísticos que faziam o percurso todo, parando somente na estação de Eugenio Lefevre, na cidade de Santo Antonio do Pinhal. Aliás, essa é a única estação, e não parada, na serra. Fora esta, havia a estação inicial em Pindamonhangaba, as do subúrbio (três) e as três finais em Campos do Jordão. E havia ainda os bondes em Campos do Jordão e os trens de subúrbio do vale, em Pindamonhangaba.

E o grande milagre: nada disso acabou. Tudo existe e funciona ainda hoje, praticamente sem grandes interrupções. Bondes, subúrbios, trens de passageiros diários (embora turísticos) e a própria eletrificação.

Nos últimos dois a três anos, a ferrovia foi restaurada em grande parte: via permanente, carros, estações e até paradas. Prova de que uma administração competente, com gente que gosta do negócio e que se importa em manter tudo funcionando bem, é sempre muito melhor do que gente em que faz as coisas apenas como obrigação, sem ter o conhecimento da história da ferrovia.

Afinal, quantas ferrovias estatais (esta passou a ser propriedade do Estado de S. Paulo desde um ou dois anos após sua inauguração) existem funcionando ininterruptamente há cento e um anos com trens que transportam gente e não carga em todo o seu percurso original?

Um comentário:

  1. No Estadão de 26.04.1916, página 6, saiu uma longa notícia sobre a encampação da Estrada de Ferro Campos do Jordão:
    http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19160426-13637-nac-0006-999-6-clas

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