Audiencia pública para a ferrovia Rio-Vitoria: antigamente isso não existia. Rigorosamente, não serve para nada, apenas para atrasar tudo. E notem que esse mapa usa o trajeto da Leopoldina.
É realmente muito difícil acompanhar o que acontece no Brasil em relação à construção de ferrovias. Melhor seria dizer "em relação aos projetos de ferrovias", já que, na prática, discute-se muito e faz-se praticamente nada.
O pior é ter de acreditar somente no que dizem os jornais, pois não temos acesso a relatórios das empresas que as estudam e constroem. Se é que há relatórios.
Porém, pelos jornais dá para se perceber que o que existe é uma grande bagunça, uma grande indecisão. Em resumo: incompetência.
Existem, pelo que li hoje, pelo menos quatro projetos para ferrovias de escoamento da soja matogrossense, incluindo-se o prolongamento da que já existe: a Ferronorte (Santos-Rondonópolis). A opinião do escritor da matéria (Folha de S. Paulo de hoje, sobre esse problema) é que existem projetos demais para pouca soja. Ou seja, seria impossível construir-se todas.
Notemos que, por outro lado, outra ferrovia existente foi jogada no lixo da história - a velha Noroeste do Brasil (Santos-Bauru-Corumbá). Ah, mas dirão: essa corria pelo Mato Grosso do Sul e a maioria da soja estaria no Mato Grosso (no Norte). Outros dirão que é melhor construir todas as ferrovias projetadas e reativar a Noroeste, ligando-a de alguma forma com as ferrovias projetadas para o MT. Afinal, ferrovia pronta e nova chama mais safra, mais produção. O problema é que as concessionárias querem tudo na mão e não estão a fim de procurar novos investimentos. Veja-se o caso da Norte-Sul entre Tocantins e Anápolis, já pronta... e que ninguém quer.
Não é somente no MT que se discutem ferrovias (e não as fazem). A bola da vez agora é a ferrovia Rio-Minas. Ué, mas ela já não existe? Não era da Leopoldina? Onde ela está? Está no lugar, mas com os trilhos em péssimas condições, em vários pontos cobertos de terra. É antiga? É, mas ninguém quer. E não seria mais barato adaptar essa "antiguidade" à realidade de hoje? Realmente, não sei, mas poder-se-ia pelo menos avaliar isso. Note-se que as cargas principais da ferrovia da Leopoldina que existiam no tempo da RFFSA eram combustível da REDUC para Campos, cimento de Cachoeiro do Itapemirim para a Praia Formosa e tubos para a Petrobras em Macaé - segundo Nicholas Burman. E a FCA assumiu e jogou tudo para o alto.
Passageiros nessas linhas, nem pensar, de acordo com a filosofia de nossos governos nos últimos quarenta anos.
Enfim, acompanhar as notícias, quando elas saem - não são diárias e supondo que são todas rigorosamente corretas - não adianta quase nada. Basta ter um pouco de paciência e ler os jornais de dez anos atrás, os projetos de ferrovias anunciados para a década 2005-2015 e ver o que realmente se tornou realidade. Resposta: não só muitos poucos quilômetros, tão necessários foram construídos, quanto diversas ferrovias pelo Brasil inteiro foram abandonadas, mesmo concessionadas há quase vinte anos já.
Porém, se você ler os investimentos ferroviários na China no mesmo período, ficará com vergonha de ser brasileiro. Lá se projeta, se constrói e rápido.
Aliás, nem precisa ir longe. Basta ler os jornais do Brasil de cem anos atrás e ler especificamente o período 1905-1915. Você poderá querer voltar no tempo.
quarta-feira, 1 de julho de 2015
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