sexta-feira, 12 de abril de 2013

VLT DE MACAÉ MOSTRA O DESPREPARO E O DESCASO COM O DINHEIRO PÚBLICO

Macaé. Ao centro, a linha da velha Leopoldina, por onde passaria o VLT. Foto Carlos R. Almeida - 2012

Boa parte do que está escrito neste blog foi extraído de uma notícia no portal G1 publicada há dois dias atrás. Não é uma simples transcrição, existem comentários meus no meio do texto original, que, aliás, nem está transcrito integralmente. Realmente, quando parece que a coisa vai, volta para trás. E perde-se dinheiro a rodo sem que o projeto do VLT de Macaé sequer tenha começado a operar, embora já tenha composições compradas e trilhos colocados - aliás, trilhos que estão ali faz mais de cem anos.

O projeto do Veículo Leve sobre Trilhos, no Norte Fluminense, pode não sair do papel. O projeto inicial, orçado em aproximadamente R$ 25 milhões para aquisição das quatro composições, não foi para frente e, como resultado, após um ano da aquisição do primeiro trem, foram acumulados apenas prejuízos. Os trens chegaram a ser testados em 2012. Engenheiros e técnicos fizeram demonstrações, mas, desde então, os dois adquiridos ficaram parados em frente à única e antiga estação da cidade. Nenhuma parada foi construída, ou qualquer obra foi realizada nos trilhos.

Os gastos mensais de R$ 10 mil a R$ 20 mil só para mantê-los parados e em bom estado são uma realidade. Em um ano o valor pode chegar a R$ 240 mil. Uma comissão foi criada para avaliar a viabilidade do serviço e as primeiras análises, segundo afirma o secretário Mauro Figueiredo da Rosa, levam a conclusões preliminares de inviabilidade técnica e econômica, o que pode significar o descarte definitivo das ações para funcionamento do VLT. Eu tenho sérias dúvidas sobre estas análises. A verdade é que a política no sentido contrário, ou seja, o lobby das empresas de ônibus, sempre existe e quase sempre prevalece sobre os dirigentes governamentais.

Além do mais, transportes não se medem somente em ser ou não lucrativos, porque isto mede somente a operação em si e não os benefícios que o transporte mais rápido e mais macio - caso dos VLTs - proporciona a usuários e à própria infraestrutura. Foi baseado em premissas daquele tipo que boa parte da rede ferroviária brasileira foi exterminada. E mais: pela afirmativa dos atuais administradores da cidade - que assumiram há três meses apenas - a preocupação "é apenas em zelar pelo patrimônio público. Colocaram (o governo anterior) o carro na frente dos bois comprando as composições e assim fica difícil trabalhar. Não tem trilho, estação, não tem onde levar e transportar”, argumenta o secretário. Como sempre, tentando colocar a culpa de algo que talvez nem seja verdadeiro na culpa do governo anterior. Típico dos políticos brasileiros. E eu não apoio nem um governo nem outro. Nem sei os nomes deles, lá em Macaé.

Na reportagem do G1, os atuais governantes seguem apresentando provas e mais provas de que o transporte é inviável. Pode até ser, mas nada soa muito sério nesta história. Na verdade, ninguém se preocupa com o conforto dos usuários, mas sim em favorecer (ou desfavorecer) eventuais terceiros.

2 comentários:

  1. A região dos lagos, onde fica Macaé, é de "propriedade" da JCA, grupo de transporte rodoviário que tem o quase monopólio da ligação rio SP e domina a totalidade do transporte no norte fluminense.
    Além da JCA votam contra o trem, as imobiliárias que querem os terrenos da RFFSA, a própria prefeitura que vai torrar milhões alargando avenidas, a FCA e EBX que agora querem o leito de volta para usar na ligação ferroviária do porto do Açu, e por incrível que pareça a odebrecht/supervia que receberia do estado os trens de Macaé de graça, para utilizar em suas linhas de bitola métrica. Com um Lobby desses alguém ainda acha que vai ter metrô em Macaé?

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    1. Complementando, olha o estado manobrando para entreguar o vlt a supervia http://memoria718.blogspot.com/2013/04/secretaria-de-transportes-ira-implantar.html

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