domingo, 2 de dezembro de 2012

OS (MEUS) ANOS 1960

Pois é, eu estou ficando velho. Eu vivi os anos 1960. E na cidade de São Paulo, claro.

Nos anos 1960, eu comecei com oito anos de idade e fui até os dezoito.

Eu estudei numa escola de arquitetura muito bonita, o Colégio Visconde de Porto Seguro, que ocupava então o belo prédio (abaixo), que existia deali desde a sua construção no ano de 1913 na rua Olinda, em frente à Praça Roosevelt. A rua Olinda, como diversos outros logradouros de São Paulo, mudou de nome e hoje é a rua Guimarães Rosa (mudou por que? Alguém explicaria isso racionalmente?).

No ano de 1968, o colégio, com excesso de alunos então, havia alugado o palacete que existia ao lado (foto abaixo, tomada quando ele ainda estava inteiro)...

...que era ocupado por uma escola de datilografia antes disso. Nesse ano, tirei lá algumas fotografias, ainda como estudante (foto abaixo, onde quem era da escola nessa época, poderá reconhecer os quatro colegas). Esta foto foi tomada na parte traseira do sobrado.

No início da década, fiz a primeira comunhão na capela Cônegas de Santo Agostinho, do colégio Des Oiseaux, atrás do prédio do Porto Seguro e na rua Caio Prado, hoje demolida - a capela e a escola. A fotografia abaixo é do ano de 1969 e mostra o prédio ainda de pé (foi demolido logo depois), visto ao fundo com um prédio de apartamentos à sua frente. Em primeiro plano, em meio às árvores e atrás das flores, pode ser visto o prédio do Porto Seguro.

Durante a primeira metade dos anos 1960, eu costumava ir, pelo menos uma vez por mês, aonde minha mãe trabalhava, perto de casa, na Faculdade de Medicina da USP, belíssima construção de 1929 na avenida Doutor Arnaldo, a quatro quarteirões de onde morávamos no Sumaré. Eu adorava as escadarias centrais, que podem ser vistas (logo abaixo) em fotos bastante recentes e apresentadas na manhã de hoje no programa Antena Paulista, da Rede Globo.

Também ia, com a mesma frequência, ao prédio da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, na alameda Glette, com meu pai, que lá pesquisava e lecionava, até o ano de 1966, quando a faculdade se mudou para a Cidade Universitária. O prédio (ver foto abaixo), logo depois, foi demolido e em seu lugar hoje existe um estacionamento. Jamais construíram nada em seu lugar. Por que? Alguém saberia responder com coerência?

Agora, mais de quarenta anos mais tarde, já não existem mais as antogas e belas construções do Des Oiseaux e da FFCL-USP. O prédio alugado por poucos anos pelo Porto Seguro, a antiga escola de datilografia, está em ruínas (esta, mostrada em foto abaixo, de 2008).

Enquanto isso, vemos a Rede Globo falar sobre os cem anos da Faculdade de Medicina (não do prédio, mas da Faculdade em si) mostrando em inúmeras cenas as magníficas escadarias centrais. Coincidência? Não, as pessoas sabem o que é bonito. E é raro um prédio desses ainda servir para as mesmas funções para as quais foi criado. O prédio do Porto Seguro ainda existe, ainda é escola, mas não é mais o Porto Seguro, que se mudou para o Morumbi em instalações mais funcionais, mas sem dúvida bem menos bonitas que seu prédio de 1913.

Ainda enquanto isso, peço para meus leitores repararem nos comerciais de automõveis (principalmente estes), que mostram cenas de carros sendo dirigidos na região do Centro Velho de São Paulo, Viaduto do Chá, Praça Ramos, ruas centrais, etc. Afinal, repito: os telespectadores e os que produzem is comerciais sabem o que é bonito. Arquitetura moderna? Só de vez em quando, quando interessa. Afinal, não se comparam mesmo com as velhas obras de arte que foram feitas até o finao dos anos 1930. Demoliram o Trianon para construírem uma lajota de concreto que abriga hoje o Museu de Arte. Dizer que esta é mais bonita do que aquela é estar bêbado. E há muitos outros exemplos.

E eu, Graças a Deus, vivi os anos 1960 em São Paulo, quando a cidade ainda era muito mais calma, humana e bonita.

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