Bonde em Piracicaba. Esta linha caminhava por um leito entre a rua e a calçada.
Hoje eu estava vendo um site sobre bondes em Piracicaba. Sim, a cidade paulista teve também seus bondes, que, como em quase todas elas, durou uns cinquenta anos, tendo atravessado principalmente a primeira metade do século XX. O site não é o famoso do Allen Morrison, mas é um outro site que copiou com autorização seu texto e fotos.
Bondes foram exterminados no Brasil, com as honrosas exceções das cidades do Rio de Janeiro, onde a linha de Santa Tereza seguiu funcionando, o que ocorreu também em Campos do Jordão e em Santos. Todas têm caráter turístico, e a de Santos, na verdade, voltou no final dos anos 1990 ao centro da cidade - as linhas da cidade que funcionavam regularmente foram todas fechadas em 1971, contra a vontade dos seus usuários - com a simples intenção então de dar o prazer de se poder delas usufruir, para lembrar o passado. Saudosismo?
É sempre bom um pouco de saudosismo. E, convenhamos, todas as cidades progridem. As diversas vidades europeias que mantêm seus bondes funcionando regularmente até hoje usam-no não somente para transporte como também como atração turística. Mesmo cidades pequenas que parece que não mudaram em nada com os séculos, de fato, mudaram: dentro de suas casas há eletricidade, computadores, telefones, etc. Épocas que se misturam e tornam tudo mais bonito.
Voltando aos bondes de Piracicaba, eu sempre considerei inacreditável que nossos governantes não tenham percebido, principalmente em cidades que não são realmente pequenas, mas que estão longe de serem megalópoles, como são, por exemplo, os casos de Piracicaba e São Carlos, tenham eliminado seus bondes nos anos 1960, quando estava mais do que claro que o apego de seu povo pelos simpáticos veículos elétricos queria que eles continuassem rodando por ali.
Havia bondes andando em trilhos no centro das ruas. Nas suas extremidades esquerda e direita. Ao lado das ruas em um leito de terra. Bondes cruzando lado a lado em linhas paralelas. Bondes cruzando rios. Bondes cheios de passageiros pendurados em seus estribos. Bondes no canteiro central de avenidas em leito exclusivo. Bondes abertos e fechados. Bondes de todos os tipos, formas e leitos.
Eu vivi essa época. A eliminação dos bondes foi sofrida, muita gente se lamentava. A convivência deles com os ônibus, ônibus elétricos, automóveis e caminhões era perfeitamente possível. Porém, os governantes inventaram de tudo para eliminá-los, semeando motivos falsos para fazê-lo: "anacrônicos" (exatamente por que, mesmo?), "estragam o asfalto e a pavimentação com paralelepípedos", "automóveis escorregam nos trilhos quando chove", "atrapalha o fluxo dos demais veículos com sua lentidão (esta última é curiosa: com os congestionamentos constantes de hoje, veículos mal andam a velocidades maiores do que dez ou vinte quilômetros por hora).
Era fácil de se perceber que a manutenção dos bondinhos funcionando regularmente teria faria com que se sobrevivesse aos anos - seriam poucos - em que isso seria visto não mais somente como transporte como de forma a ser uma peculariadade. Afinal, comparado com o número de ônibus que hoje existem nas cidades, os bondes seriam responsáveis por uma parcela bem menor do transporte público.
Já imaginaram o que seriam as ruas centrais de Piracicaba e de São Carlos hoje com seus velhos bondes bem conservados rodando por onde sempre andaram até sua eliminação? Para os seus cidadãos deveria ser um orgulho. Para visitantes eventuais ou não, seria uma maravilha. Algo que poderia aparecer e deixar transparecer as duas cidades, tão pouco conhecidas fora de São Paulo e do Brasil.
Como foram e como são cegos nossos governantes. Espero que mudem suas cabeças no futuro. Um futuro que, para mim, não será talvez uma realidade.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
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