Lendo jornais de sessenta e cinco atrás, podemos notar algumas coisas interessantes.
Muita coisa mudou; já a política... as manchetes não eram muito diferentes das de hoje. A roubalheira comia solta, apesar de os noticiados serem sempre apresentados como "Sr.".
Interessante.
Mas o que me chamou a atenção na edição do dia 17 de abril desse longínquo ano de 1947 - nem eu era nascido ainda - foi um mapa do Vale do Paraíba ali publicado. É o que está no topo deste artigo.
As ferrovias ainda tinham o mesmo destaque das rodovias. Vejam São Paulo ligada a Pindamonhangaba (onde o mapa termina) pela Central do Brasil, e até Santos pela E. F. Santos a Jundiaí. A via Anchieta ainda não estava pronta; a estrada oficial da época para o litoral, o Caminho do Mar, nem aparece.
Não aparece também a Estrada Rio-São Paulo; ainda não era a Dutra, que surgiria pronta cinco anos depois. Porém , como ela acompanhava a ferrovia de perto, assim como também o fazia a Santos-Jundiaí, as estradas não são mostradas. A ferrovia ainda era mais importante.
Na verdade, aparecem apenas três rodovias: a Taubaté-Ubatuba, a São José-Caraguatatuba e uma outra, metade dela em projeto, ligando Mogi das Cruzes ao lugarejo de Varginha. Existirá lá hoje alguma estrada?
A importância das cidades também era algo interessante. São José começava a crescer diante das outras cidades da região: até pouco tempo antes, era uma pequena cidade, enquanto Taubaté e Jacareí sobressaiam-se muito mais. Mogy das Cruzes ainda estava junto à estrada Rio-São Paulo e hoje não está mais. A cidade hoje é mais cidade-dormitório do que outra coisa, apesar de ter uma quantidade razoável de indústrias. Mas não tem a mesma importância do passado, assim como Jacareí.
O porto de São Sebastião continua pequeno e alimentado apenas pelos oleodutos da Petrobrás. Carece de muita coisa ainda, tanto o porto quanto a cidade. Vila Bela, a Ilhabela de hoje, continua o que sempre foi: uma ilha ligada apenas por balsas e com zona urbana espremida entre a montanha e a praia, lugar sossegado.
Outras cidades que aparecem são decadentes: Salesópolis, Cunha, São Luiz do Paraitinga... Enquanto isso, a ferrovia tornou-se apenas cargueira, com exceção dos trechos dentro da área metropolitana de São Paulo, que ainda abriga os trens metropolitanos da CPTM. A via Dutra cruza a região e, da Capital a Taubaté, há ainda a Ayrton Senna, rodovia estadual que acompanha a Dutra até lá.
Para Santos, a Anchieta já é a estrada "velha", o Caminho do Mar não funciona mais e a Imigrantes domina o maior trânsito, sempre infernal. É o ciclo da vida.
Como será daqui a sessenta e cinco anos?
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
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Em 1979 percorri, junto com amigos, o trecho "Varginha-Mogi das Cruzes" via Salesópolis e Biritiba-Mirim, vindo de Caraguatatuba. Era uma forma de se evitar o congestionamento da Dutra na volta de um fim de semana. Entre Varginha e Salesópolis a estrada era de terra e passava por uma região bem acidentada. A partir de Salesópolis pegamos um asfalto de má qualidade. Mas parece que hoje essa estrada foi totalmente asfaltada e continua sendo usada como alternativa para quem circula entre o Litoral Norte e Mogi das Cruzes.
ResponderExcluirEssa Salesópolis - Varginha deve ser correspondente à atual SP-88, que hoje em dia funciona como caminho "alternativo" para quem é da Grande SP quando o trânsito nas estradas maiores fica mais pesado.
ResponderExcluirO bairro de Varginha tinha esse nome por ficar em uma parte mais "aberta" (vargem) no meio do mar de morros da região. Hoje ele não existe mais, foi submerso pela represa nos anos 70, igual foram as antigas sedes de Redenção e Natividade da Serra, além de uma usina hidrelétrica feita antes da atual por Felix Guisard para fornecer energia a suas fábricas em Taubaté.
http://site.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/usinashidreletricas-N2-2001.pdf
Discordo do texto quando cita Mogi das Cruzes como cidade-dormitório. A cidade é um centro regional, com indústrias, comércio e serviços em profusão. É também um centro universitário, com diversas instituições de ensino superior.
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