segunda-feira, 15 de agosto de 2011

UM TREM CORR(IA) PARA O OESTE

Parapuã

Parece que a lista de estradas de ferro abandonadas no Brasil é infindável. O pior é que, como já escrevi aqui, muitas delas foram dadas em concessão e mesmo assim não são utilizadas. Parafraseando Fernando de Oliveira, um trem NÃO corre mais para o oeste.

Marília

O velho tronco oeste (também chamado por muitos anos de "Ramal de Jaú") da Companhia Paulista de Estradas de Ferro ligava Itirapina, na região de São Carlos, a Panorama, numa extensão de 536 quilômetros, maior que o tronco principal (Jundiaí-Colômbia), este com 506 km.

Até o final da FEPASA, em dezembro de 1998, tinha trens de passageiros bastante cheios, pois passava por uma região (entre Bauru e Panorama) que surgiu em razão desta linha. Mesmo cargas eram ainda levadas pela FEPASA nessa época, embora já em quantidade não tão grande quanto antes.

Assumiu em 1999 a Ferroban, que largou de vez. Obrigada a manter o trem de passageiros por dois anos, entregou em péssimas condições um trem sem horário, duas vezes por semana, sujo e sem banheiros e carros- restaurante em março de 2001. Fiscalização por parte do governo, zero. Cargas desapareceram. O porto de Panorama, com formidável infraestrutura, foi completamente largado, no rio Paraná. A ALL assumiu a linha em 2006 e o máximo que fez foi chegar uma vez ou outra no ano para transportar açícar de Tupã, muito antes de Panorama.

Iacri

A linha virou mato. De quando em vez, um trem de capina química passa pela linha para inglês ver. Uma vergonha, como tudo na ALL paulista.

Rafael Asquini esteve na região nestes últimos dias e mandou fotografias de alguns locais: Marília, Iacri, Osvaldo Cruz e Parapuã. Nem nos tempos finais da FEPASA a situação era tão de abandono quanto hoje. O fato é que as prefeituras em geral também pouco se preocupam com a situação: não limpam, deixando isso para as concessionárias, que também não o fazem. E pelo visto o povo não reclama também.

Osvaldo Cruz

Somente em Osvaldo Cruz, das quatro localidades visitadas, a limpeza é razoável. Em Marília, mato, enquanto a estação, hoje centro de saúde, é mesmo assim muito mal cuidada, sendo que, do lado da plataforma, juntam-se dezenas de drogados durante todo o dia, pois as janelas do centro são vedadas para este lado.

3 comentários:

  1. Ola Ralph

    De vez em quando "viajo" por estas regiões e da para perceber que o tal trem de capina ha muito tempo não passa, tem lugares que parece que os trilhos e dormentes não são mais utilizáveis...
    acho que jamais terão o trem sobre eles....

    Daniel

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  2. Fernando Henrique Cardoso, Mario Covas, obrigado... Os passageiros de toda região OESTE agradecem..... inclusive os pedagios e o preço alto das conduções.

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  3. Notícia publicada no jornal "Diário" aqui de Tupã no último dia 16 de agosto:

    "Transporte ferroviário: Sistema está desativado já faz 30 meses

    Trinta meses se passaram desde que o último trem passou por Tupã. E pelo jeito, não haverá mais transporte ferroviário de cargas nem de passageiros por aqui.
    Para a maior parte dos moradores da região, o transporte ferroviário é coisa do passado. Diante dessa realidade, o ideal seria logo fazer a remoção dos trilhos, que estão importunando, uma vez que não têm utilidade alguma.
    A medida traria para Tupã, por exemplo, uma nova conjuntura urbana, uma vez que os trilhos cortam a cidade.
    E já que a América Latina Logística (ALL), que administra a concessão da Ferroban, não tem demonstrado interesse algum em reativar o transporte ferroviário na região, se mantendo indiferente à situação de completo abandono em que se encontram os trilhos, muitos moradores já começam a considerar oportuna a solicitação por parte de autoridades políticas locais, de retirada dos trilhos que cortam a cidade.
    Já que os trilhos não estão sendo utilizados há dois anos e meio, não havendo qualquer expectativa de reativação do transporte ferroviário, a retirada dos mesmos poderia permitir muitas melhorias na área urbana.
    Alguns anos atrás, com a volta da circulação do trem de carga, ainda que timidamente, no trecho entre Bauru e Tupã, por medida de segurança a Prefeitura chegou a obstruir as passagens clandestinas. A intenção era evitar acidentes na linha férrea. Todavia, o trânsito de trens pelos trilhos da região de Tupã encontra-se paralisado há dois anos e meio, não tendo sido reativado nem mesmo com a safra da cana-de-açúcar.
    No início deste ano, a ALL anunciou que retomaria o transporte de cargas ainda no primeiro semestre de 2011, com a finalidade de aproveitar a safra da cana-de-açúcar. Mais uma vez, não cumpriu com a promessa.
    Por considerar que a linha férrea não representa mais nenhum perigo de acidente, as passagens clandestinas voltaram a ser utilizadas pela população, ainda que precariamente.
    Apesar de não haver nenhuma sinalização de retomada do transporte ferroviário, há quem ainda sonhe com a possibilidade de que o trem de carga volte a ser utilizado para o transporte de açúcar.
    A coleta do produto é feita na unidade da Ceagesp (Companhia de Entreposto e Armazém Gerais do Estado de São Paulo) de Tupã.
    Mas como o transporte ferroviário está suspenso, os silos da Ceagesp de Tupã também não estão sendo utilizados, pelo menos por enquanto, para o armazenamento de açúcar."

    Pelo visto, já começam a enfiar nas pessoas que o melhor é acabar com os trilhos de uma vez...e desse jeito, nunca mais teremos trens por aqui. O Brasil não tem jeito mesmo. Enquanto os outros avançam, nós regredimos...

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