quarta-feira, 1 de junho de 2011

VIVENDO DE SONHOS

Os velhos trens da SPR, TUD (trens unidade diesel), como o velho "Estrela" apodrecem em Paranapiacaba depois de 40 anos ligando São Paulo a Santos
E as notícias sobre trens de passageiros continuam no Brasil. Porém, muita palavra e pouca ação.

Em São Paulo, a CPTM avisa que manterá seus estudos para os trens de passageiros para as cidades mais próximas das áreas metropolitanas, como Sorocaba, Santos e Campinas. Anuncia que o projeto para Santos terá início logo. Vamos esperar. Por outro lado, a mesma CPTM fala de um trem turístico entre São Paulo e Campos do Jordão, com baldeação em Pindamonhangaba. Na verdade, o trem entre estas duas cidades já existe e é diário - turístico, desde os anos 1970. A novidade é que em fins de semana a linha do antigo ramal de São Paulo poderá ser utilizada para ligar por trem todo o percurso. A esperança é que esta linha traga um trem diário para o Vale do Paraíba.

Há também planos da mesma empresa para ligar São Roque a São Paulo em trens turísticos. São Roque fica no caminho de Sorocaba. Aliás, até 1998, a cidade de Mairinque era o ponto final dos trens de subúrbio - os atuais metropolitanos - da CPTM. Não se sabe exatamente por que, foram retirados de circulação, mantendo-se-os apenas até Amador Bueno, que fica 27 km antes de Mairinque. Hoje, aliás, o trem da CPTM está chegando até a estação de Itapevi, 6 km antes de Amador Bueno. Esses 6 km estão sendo reformados e a promessa é que os trens voltem até setembro. Pelo andar da carruagem, o prazo não será cumprido. Má notícia, está dando a impressão de que não volta mais.

No Rio, a Supervia ficou com o trecho Magé-Guapimirim, ou seja, o trecho que sobrou da antiga E. F. Teresópolis e que estava nas mãos da lamentável operadora CENTRAL, que nada tinha a ver com a Central do Brasil. Deve melhorar, mas que não se espere muito. É uma linha não eletrificada e que não tem planos para isso. Já a cidade de Macaé espera por seu VLT que percorrerá as linhas de concessão da FCA, mas sem utilização já há um bom tempo.

O trem entre Magé e Petrópolis, que não é político, mas iniciativa de um grupo que se mata embrenhando-se entre os matagais da burocracia e os pântanos da má-vontade governamental, segue avançando devagar. Pode até sair, mas com sangue, suor, lágrimas e muitos sacrifícios mais. Quando? Talvez acelerado pelo mesmo combustível que recentemente vem aquecendo a grita: excesso de trânsito. Um trem entre o Rio e Petrópolis tem atualmente o mesmo impulso que o São Paulo a Santos da CPTM. Trens que jamais deveriam ter acabado, mas sim, evoluído com novas tecnologias para não se tornarem a obsolescência que eram quando foram desativados, respectivamente em 1964 e em 1995.

No Ceará, o Estado opera o VLT - atualmente, o único no País - entre Crato e Juazeiro. Excelente iniciativa, mas ainda pouco para as necessidades. O trecho é bastante curto.

Tem ainda o TAV Campinas-Rio-São Paulo, que não sai nunca, mas este com muita vontade política governamental.

A grita por trens de passageiros segue no país todo, porém, parece mais coisa política do que realmente um movimento visando alguma coisa. Surgem mil notícias de trens turísticos, que não servem para nada. A intenção é sempre usar locomotivas a vapor e carros antigos reformados para literalmente enganar o povo.

E seguem andando os dois trens da EFVM (Vitória-Minas e Carajás) e o da E. F. Amapá, além do Curitiba-Paranaguá e o já citado da E. F. Campos do Jordão, este já citado acima. São turíticos, mas, como são diários, dá para enganar dizendo que são regulares... o brasileiro sempre viveu de sonhos.

7 comentários:

  1. Ralph, os trens da EFVM, um que sai de Belo Horizonte e outro de Vitória todos os dias, não são turísticos, são trens de passageiros mesmo. Aliás os únicos diários que sobraram no Brasil.
    O da EF Carajás também não é turístico, mas não é diário, roda dia sim dia não.
    A Vale promete para um futuro não tão distante melhorar essas linhas, inclusive com carros de passageiros novos, mas fabricados na China...

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  2. Mario, eu sei disso. Os turisticos que são diarios são o Curitiba-Paranaguá e o Campos do Jordão.

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  3. Pelo que ouço falar por aí, os trens para Amador Bueno não voltam mais. Isso tudo foi política de um deputado da região. Amador Bueno não tem tanta demanda para trens, e infelizmente a população lindeira não cuidava bem da linha, ainda por cima que era gratuito. Para a CPTM, ao que parece, não compensa manter um trem até lá. Diferente de Estudantes, Amador não tem "nada".

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  4. Prezado Ralph
    Estava fazendo uma pesquisa sobre trens quando me deparei com seu texto em
    onde eu vi uma declaração minha com a informação de "relator desconhecido".
    Trata-se de uma história que eu conto sobre uma revista O Pato Donald comprada na banca de revistas dentro da estação de Santos.
    Você poderia alterar e colocar o meu nome?
    Obrigado e um abraço

    Antonio Cesar de Oliveira Brito
    arquiteto e urbanista
    pós graduado em transportes urbanos

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  5. Ralph, agradeço imensamente a sua consideração e coloco-me à sua disposição.
    Muito obrigado!!

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  6. Eu estava dentro do trem, que aparece na foto principal, em sua última viagem. Num sábado, nos meados da década de 1970, partiu às sete da manhã da Estação da Luz em direção a Santos. Tratava-se de uma viagem expressa. Na estação de Rio Grande da Serra colidiu com outra composição, de carga, que estava parada. Pelo que me lembro, apenas o maquinista se feriu. Cláudio Almeida Lima (DF)

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