quarta-feira, 22 de junho de 2011

ENTREVISTAS NA TELEVISÃO

Acidente ferroviário nos anos 1950

Hoje pela manhã ocorreu um acidente na Ferrovia do Aço, no seu quilômetro 273, em Minas Gerais. Infelizmente houve três mortes e vários feridos: uma composição da MRS pegou um ônibus escolar que capotou depois da batida.

Eu fiquei sabendo do acidente pelo rádio, de manhã, e depois vi alguma coisa na Internet. O acidente ocorreu numa passagem de nível na zona rural da ciade mineira de Entre Rios.

Pelo que pude analisar de longe e sem muitas informações, a culpa foi do ônibus. Afinal, cruzar uma passagem de nível onde passam trens pesados que tem um tempo de frenagem bastante longo exige que se tenha cuidado acima do normal. Esperar que o trem freie a tempo é inútil, ele simplesmente não consegue.

Porém, convencer leigos que um comboio de diversas toneladas de peso, mesmo a baixa velocidade (numa das reportagns que vi foram citados 70 km/hora, mas, hoje em dia, poucos trens conseguem andar a esta velocidade, dada a condição das linhas) - baixa velocidade seria a velocidade normal de uma composição nas linhas paulistas, todas em petição de miséria, onde eles andam a 15-20 km/hora - para imediatamente após o acionamento do freio, como ocorre com um automóvel bem mais leve, não é fácil.

Então, levantam-se sempre as mesmas questões: "o trem é perigoso, a linha de trem é perigosa, o maquinista corre muito, o maquinista não freou", etc.

Por volta de 13:30 de hoje, uma equipe da TV Bandeirantes (Band) me telefonou para que eu pudesse dar uma entrevista sobre o assunto "cancelas e passagens de nível". Eu disse que sim e eles foram até meu escritório, onde gravaram a entrevista. Um pequeno trecho dela foi transmitido durante a reportagem do Jornal da Band que começou às 19h20 de hoje.

É sempre arriscado, no entanto, falar sobre um assunto desses. Primeiro, eu não estava lá no momento do acidente, não havia visto fotos do mesmo, não sabia o que realmente aconteceu... apenas reafirmei que em mais de 90% dos acidentes onde uma composição ferroviária atinge um ônibus, caminhão ou automóvel (ou o contrário), o culpado é o motorista do veículo e não o maquinista do trem. O que é óbvio para quem acompanha frequentemente o assunto ferrovias no Brasil.

Apesar dos riscos, é sempre uma honra participar de entrevistas como estas.

7 comentários:

  1. Olá Ralph,

    no acidente em questão, é bem possível que o trem esteja nessa velocidade, a ferrovia do aço tem uma velocidade alta (para padrões nacionais), pelas notícias a composição era de apenas 7 locomotivas (sem vagões), então acredito que sejam helpers voltando para buscar outro trem.

    Bem provável que seja culpa do motorista do ônibus, mas segundo informações das reportagens existia neblina no horário e existem também maquinistas que não são muito chegados em apitos e 7 locomotivas (provavelmente só uma ligada) não fazem muito barulho, se for descida, você só percebe a presença a poucos metros, então existe uma possibilidade pequena de não ter sido culpa do ônibus...

    ResponderExcluir
  2. Não se sabe, também, se os faróis da locomotiva estavam acesos. Mesmo durante o dia alguns maquinistas acendem-nos, outros não. Além de tudo, surge a polêmica da passagem de nível sem cancela.

    ResponderExcluir
  3. Eu já andei por aqueles lados de Entre Rios de Minas e realmente os trens trafegavam numa velocidade maior, a ferrovia estava em ótimos padrões (principalmente se comparada as demais do Brasil). Há muitos túneis e pontes. O intervalo entre as composições também era bem pequeno. Falam que a passagem em nível era clandestina. Falam que havia neblina. Falam que a locomotiva não buzinou. Falam que o motorista não observou a via. Vai dar trabalho descobrir quem foi o culpado, mas lembrando pelos casos recentes (um deles, no RJ, quando jornais em rede nacional repetiam bobagens do tipo "a composição não respeitou o sinal de parar" dá pra prever que a opinião pública se posicionará contra o trem).
    Parabéns pela entrevista. Eu estava assistindo esse canal, mas aqui no Triângulo estava passando o noticiário local.

    ResponderExcluir
  4. No geral pela opinião publica e geralmente a impressa puxa para esse lado o trem é errado.

    ResponderExcluir
  5. Pode ter neblina, pode tar chovendo, pode tar o tempo que for. O maquista pode ter acionado a buzina, acendido os farois, pode ter feito o que quiser, a verdade e uma so, o trem nao vai sair dos trilhos pra passar em cima de veiculo rodoviario, esse acidente como tantos outros aconteceram por falta de atençao do motorista do onibus.
    todo motorista aprenda na auto escola que veiculo ferroviario tem preferencia de passagem, fora a sinalizaçao, ou sera que nunca ninguem le o que esta escrito na cruz de Santo Andre "PARE, OLHE, ESCUTE" se todos seguirem isso, nao aconteceria esse tipo de acidente.

    ResponderExcluir
  6. Douglas,

    geralmente é culpa do veículo rodoviário, mas nessas circunstâncias pode ter acontecido:

    O motorista, parou, olhou e não viu (por causa da neblina e farol apagado), não escutou (7 locomotivas, provavelmente uma ligada, se em descida, não houve mesmo some a isso maquinista não apitar), avançou e aconteceu o pior.

    Lugar errado, na hora errada. Existe essa possibilidade. Se não houvesse neblina não teria nem o que se discutir, mas com neblina, a história tem uma chance remota de ter sido diferente da maioria dos casos.

    T+

    ResponderExcluir
  7. Todos os comentários são verdadeiros; porém, se houvesse cancelas no local (hoje não existem em lugar nenhum do Brasil, praticamente), colocadas por prefeituras e/ou concessionárias com vergonha na cara (artigos em falta hoje no mercado nacional), isso não aconteceria.

    ResponderExcluir