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segunda-feira, 1 de junho de 2015

A NORTE-SUL - QUARTA VERSÃO

Mapa publicado em jornal não identificado, por volta de 1945 para a "terceira versão" da Norte-Sul. Vejam os dois percursos sugeridos a partir de Santo Antonio (aparentemente a estação de Iaçu), uma para Fortaleza (mas não existiam os trechos Itaiba-Barra - que acabou saindo em 1953, e o M. Lopes (?)-Crato, que jamais saiu) e outra para Natal (a ponte entre Propriá e Colegio saiu somente em 1956). Acervo Sud Mennucci/Ralph M. Giesbrecht).

De todas as versões (pelo menos as mais conhecidas) das "Ferrovias Norte-Sul" que o Brasil pensou em construir nos últimos 160 anos, apenas uma delas efetivamente saiu - mas jamais foi utilizda como se acreditava na época de sua implantação (1950).

A "primeira versão" pode ser considerada a ideia que a Cia. Mogiana de Estradas de Ferro teve no final do século XIX. Os trilhos da linha-tronco da empresa chegaram a Araguari, próxima à fronteira Minas-Goiás, em 1896. A previsão era chegar a Belém do Pará. Tal jamais aconteceu. Um dos motivos foi a Mogiana ter desistido de seguir adiante de Araguari (ia até Catalão, GO), abrindo mão de sua concessão para o que viria a ser a E. F. Goiaz.

Notar que a linha que ligava a estação de Jaguara, na fronteira MG-SP, na continuação de sua linha-tronco (de Ribeirão Preto a Jaguara chama-se Linha do Rio Grande), chamava-se Linha do Catalão - embora jamais atingisse esta cidade.

Mais ou menos na mesma época, a Central do Brasil buscava atingir o rio São Francisco, na região de Pirapora. Dali foi surgindo a ideia de seguir para Belém. Em 1910 chegou a Pirapora e em 1922, depois de construir a ponte sobre o rio, atingiu a estação de Independência, na verdade muito próxima a Pirapora, na outra margem. Nos anos 1940, surgiram os projetos de seguir para Belém a partir de Buritizeiro (nome posterior de Independência). O leito chegou a ser iniciado e seguiu por aguns quilômetros. Mas nada foi efetivado.

Em 1942, o Brasil declarou guerra à Alemanha, principalmente por causa dos ataques de submarinos alemães na costa brasileira, detonando diversas embarcações. E este era o problema: a navegação cargueira e de cabotagem, que eram a forma de transporte entre o Norte e o Sul, foram interrompidas. E o país não tinha estradas que prestassem ou ferrovias que fizessem a ligação entre o Sul e o Norte. A enorme parte da produção estava no sul.

Resolveu-se, numa decisão a toque de caixa, reativar uma ideia que vinha de alguns anos, de uma ferrovia que ligaria a estação de Monte Azul, ponta da linha do Centro da Central do Brasil no norte de Minas Gerais, e a estação de Contendas, no sul da Bahia.

O problema é que era uma ligação de ferrovias, ao sul, melhores, mas com variação de bitolas, e ao norte, não tão boas e com excesso de curvas e falta de pontes - entre Alagoas e Sergipe, em Propriá, não havia ponte ferroviária. Nem entre Juazeiro e Petrolina, na linha da Leste Brasileiro. E havia, no norte, alguns trechos a serem completados.

Numa das versões sugeridas, havia de se fazer duas ligações ainda não existentes: entre o sul do Piauí e o sul do Ceará e completar a linha de ligação entre Senhor do Bonfim e Iaçu. Na outra versão, aproveitar-se-ia a ligação já existente entre Salvador e Natal (com o problema da ponte em Propriá).

E para chegar a Fortaleza, a ligação entre Patos e Campina Grande teria de ser feita. A ferrovia só foi inaugurada em 1958.

De qualquer forma, a ligação Monte Azul-Contendas passaria por uma região montanhosa, na divisa de Minas com a Bahia. Com a tecnologia da época e a falta de dinheiro devido à Guerra, somente se inaugurou a ligação em 1950, Pronto. Apesar dos pesares, curvas, bitolas e montanhas, e de as obras tersm sido interrompidas muitas vezes, a Central e a Leste Brasileiro estavam ligadas. O Sul e o Norte.
A atual Norte-Sul: ficará pronta um dia? (Autor desconhecido - fonte: Internet)
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E a quarta versão? A quarta versão começou a ser construída no Governo de José Sarney (com o perdão da má palavra). A ferrovia foi ligada entre Açailandia e Imperatriz, no Maranhão, no primeiro trecho construído no distante 1987. Depois disso, foi prolongada até Palmas, TO, e mais tarde, até Anápolis, GO. E aí parou. Porém, nisso, foram 28 anos. 28 ANOS!!!!

Deve continuar até Estrela do Oeste, SP, e mais ainda para o Rio Grande do Sul. Quando? Sabe Deus. Por enquanto, a ferrovia Norte-Sul é apenas a Norte-Centro. Corre o risco de estar obsoleta daqui a alguns anos, sem estar pronta. Bitola? Agora ela é larga (1,60 m).

Estão aí as quatro versões. O que aconteceu com a terceira? Bom, na prática, não existe mais. Vários trecho foram abandonados. É o Brasil.

domingo, 26 de outubro de 2014

A HISTÓRIA SECRETA DOS MUNICÍPIOS PAULISTAS - PARTE VI (POMPEIA)

Região de Pompeia e Marilia em 2014 - Google Maps
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Na verdade, esta postagem é uma continuação do artigo de anteontem (parte V). Começo este, então, com a cidade de Pompeia, na Alta Paulista, conforme Sud escreveu:

"Pompéa, por exemplo, já está em condições  de ser municipio. O districto rende cerca de 120 contos de reis e como tem de ser promovido junto com Varpa (nota deste autor: o distrito de Varpa, naquela época crescendo bastante com uma colônia leta recém-chegada, hoje é parte do município de Tupã e embora ainda distrito, local bastante decadente), o municipio já tem renda certa de 170 contos, desde que Varpa arrecada mais de 50. Além disso, a séde do districto já conta mais de 2.000 hanitantes e a Paulista está para inaugurar o trafego do prolongamento até aquella localidade por todo o correr deste mez de Fevereiro.

Seria, contudo, uma crueldade e um grave erro administrativo criar o municipio sem lhe annexar os districtos de paz de Herculanea (antigo Santa Anna) (nota deste autor - Herculanea é hoje o municipio de Herculândia) que fica a 20 kms. de distancia e Tupan, que fica a cerca de 50, ambos pertencentes ao municipio de Glycerio, e situados sobre o espigão Aguapehy-Peixe, e a serem attingidos pela Companhia Paulista dentro de dois annos. São dos taes casos que não demandam dialecticos para justifical-os. Um simples mapa resolve a contenda.

No mesmo caso está o districto de paz de Villa Fortuna (nota deste autor - hoje municipio de Oscar Bressane, cuja sede está na SP-421, estrada que liga Paraguaçu Paulista a Marilia), do municipio de Campos Novos, que precisa ser annexado tambem ao novo municipio por ser esta a localidade que lhe fica mais proxima. E neste caso, o novo municipio de Pompéa teria renda certa bem superior a 200 contos de reis."

Note-se que Sud está falando de Pompeia em fevereiro de 1935. A vila original, que surgira deois de 1922 quando se soube que estaria no caminho da linha da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, foi desmembrada como patrimônio de Otomânia, que pertencia a Campos Novos, e incorporada ao município de Marilia, criado em 1928. Em 1938, Pompeia tornar-se-ia município.

(Continua...)