sexta-feira, 11 de novembro de 2016

DE TREM ONTEM E DE CARRO HOJE (1918-2016)

Trajeto de trem em 1918 e de carro em 2016

A data deste relato deve estar errada. O ano citado (1919) deve ser 1918, pois o relator cita que fez o percurso final sem usar a ferrovia, mas ela estava aberta no trecho (Indiana-Prudente) desde janeiro de 1918 - comprovado no relatório da Sorocabana e nos horarios e anuncios publicados em jornais da época. Além disso, a roça de milho que ele cita estava ali em março de 1918, de acordo com o livro de onde tirei o texto abaixo.

Vale a pena ler. Isto é para quem reclama que "tem de fazer 245 quilômetros de ônibus para ir de uma cidade a outra" hoje em dia - esta é a distância entre São Paulo e São Carlos, hoje em dia, mesma distância por rodovia que hoje tem o percurso que ele fez em 1918 - por ferrovia. O pessoal sofria. Não com o transporte (o trem) em si, mas com as baldeações e a baixa velocidade.

Vejam o relato feito por migrantes que vieram em 1918/19 da região da Araraquarense para Presidente Prudente - que, pelo que pesquisei, em março de 1918 não tinha nem esse nome.

O pioneiro e araraquarense Luiz Colnago veio da estação de Cedral, perto de São José do Rio Preto, atraído pela fama das boas terras da região Alta Sorocabana. Acompanhavam-no 18 companheiros, entre portugueses e italianos. Eles comprarm do Coronel Goulart terras num total de 1.000 alqueires que custaram 50 contos à vista. A viagem dessa turma se fez em 6 dias. Saíram de Cedral na noite de 19 de março de 1919 (nota: mantive a data, mas comentei o possível erro acima), no trem da Araraquarense. Foram até Campinas, onde pousaram. Partiram da estação de Guanabara para Itu. De Itu a Mairinque para pegar a linha tronco da Sorocabana. De Mairinque a Salto Grande, onde o trem pernoitava. De Salto Grande a Assis, onde morava o Coronel Goulart e onde entabularam negócios. De Assis a Indiana, de trem. E de Indiana a Presidente Prudente pela Estrada Boiadeira. Ficaram acampados debaixo de uma figueira perto da (futura) estação. O quadrado delimitado pelas 4 avenidas era uma roça de milho onde ainda estavam os paus calcinados da queimada.

Do livro: "Formação História de uma Cidade Paulista: Presidente Prudente", de Dióres Santos Abreu, lançado em 1972 pela Feculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente

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