Monotrilho Morumbi-Aeroporto de Congonhas. Autor desconhecido.
No Brasil, o governo (federal, estadual, municipal) cobra multas extorsivas e também juros e correção monetária, isto quando não cobra despesas advocatícias (que muitas vezes não existem) dos contribuintes, pessoas físicas e jurídicas, quando estes não pagam os impostos e taxas em dia.
Vale ressaltar que o limite de multa de 2% para atrasos de pagamentos não vale para os impostos e taxas dos governos. Por que? Ah, porque eles sim, podem te extorquir; já as empresas às quais você deve, estão não podem cobrar "altas multas".
Cabe assinalar também que há outros motivos além de você ser safado e não pagar os impostos: em boa parte das vezes, você não paga porque você não tem o dinheiro para fazê-lo. Numa situação como a de hoje, quando você passou os últimos anos sem um governo de verdade, e tinha dívidas, de quem foi a culpa de você ter "quebrado" e não poder pagar seus impostos? A culpa foi somente sua, que pode ter sido incompetente na hora de gerir seus negócios ou a economia de sua família?
Bom, vamos então ver o outro lado. A lista é extensa em termos de dinheiro mal administrado pelos governos. Tão extensa que ser-me-ia absolutamente impossível colocá-las todas num artigo só. Primeiro, por que eu jamais conseguiria ter acesso às obras não pagas, em atraso ou simplesmente não feitas pela União, Estados e municípios. Segundo, por que se as soubesse todas, não teria tempo para listá-las. Terceiro, o artigo ficaria absurdamente longo, a ponto de você precisar de meses para poder lê-lo inteiramente.
Então, vamos listar alguns deles, reportados nos últimos dias, que versam sobre obras ferroviárias no país.
Antes, porém, vou falar sobre uma avenida que estão construindo aqui no município onde moro, Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo. Aliás, esta avenida também tem uma parte que está sendo construída no município de Barueri. Como ela fica próxima à minha casa, passo praticamente todos os dias por esta obra, percorrendo inclusive parte dela que já está parcialmente pronta.
Vamos lá. A obra é de responsabilidade da Prefeitura de Santana de Parnaíba e do Governo do Estado de São Paulo, com informação de diversas placas colocadas ao longo da tal avenida. Não encontrei, ainda, nenhuma placa que diga que a Prefeitura de Barueri participa com alguma coisa (embora as obras também tenham parte neste município).
As placas do Governo do Estado informam que a obra foi iniciada em 1o de dezembro de 2014 e têm prazo de um ano para ficarem prontas - portanto, já estão atrasadas. Já as placas de Santana de Parnaíba dizem que a obras foram iniciadas em 2014 e não dão prazo para ficarem prontas.
Embora passe por lá diversas vezes, é bastante raro encontrar pessoal trabalhando. Às vezes vejo alguns, manobrando tratores, fazendo guias e sarjetas e outros quetais. Em muitos dos dias em que por lá ando não vejo absolutamente ninguém trabalhando.
Do serviço que já está pronto, vejo calçadas muito mal cimentadas, asfalto vagabundo já com remendos, desnível do asfalto nos bueiros (ótimos para quebrar rodas e furar pneus), pequenos aterros já desmoronando, canteiros quadrados (com árvores no meio, que já existiam ao longo da rua que já existia e que agora está sendo alargada) tão mal feitos que é impossível se achar um igual ao outro em tamanho e em alinhamento, etc.
Parece-me haver fiscalização das obras precaríssimas. O custo informado pelo Estado é de pouco mais de 6 milhões de reais, em dinheiro de dezembro de 2014. Quanto já terá sido gasto? Quem pagas os dias e horas não trabalhadas? Qual o gasto até agora? É quase certo que, com tudo que relatei, o orçamento já tenha estourado. Houve mais de dez por ceno de inflação desde que a obra se iniciou. Enfim, o preço a ser pago por esta obra que está longe de acabar será certamente mais alto do que o previsto. Quem vai pagar pelo excesso? Eu. Você.
Entrando nas ferrovias, há atrasos no VLT de Santos (que, embora já tenha começado a operar, tem um grande trecho ainda por ser entregue); no VLT de Fortaleza; no VLT de Cuiabá, sendo que este último deveria ter sido entregue pronto na Copa de 2014 e até hoje não tem um metro de linha sequer colocada. Há quase dois anos se briga por diversos motivos e a obra ficou parada por este tempo.
Os dois monotrilhos que estão sendo construídos na cidade de São Paulo (Estação Morumbi-Aeroporto de Congonhas e Oratório-Cidade Tiradentes) estão com obras lentas. O preço desta última linha já está em 70% a maior que o previsto. Na do Aeroporto, subiu 83 por cento. Além disso, nesta última, há um terminal de ônibus debaixo do monotrilho e junto ao cruzamento das avenidas Roberto Marinho (Águas Espraiadas) e Engenheiro Luiz Carlos Berrini que, depois de pronto, teve de ser refeito, pois descobriu-se que há um trecho em que os ônibus não conseguiriam fazer as curvas. Da mesma forma, no monotrilhos do Oratório, descobriu-se ano passado que havia um córrego em parte do seu percurso que não foi "descoberto" durante o projeto. A obra teve de ser interrompida para reprogramação.
No Rio de Janeiro, uma das linhas do metrô não consegue financiamento para sua construção, pois a Prefeitura tem débitos com o BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento. Quando construir, se construir, o preço já será outro.
Quem está pagando toda esta incompetência no Rio, São Paulo, Mato Grosso e Ceará? Eu. Você. O que vai acontecer com o pessoal que está construindo tudo isto - Prefeitos, governadores, presidente da República? Nada. Quem vai bancar isto? Eu. Você. Os mesmos que têm de pagar multas altíssimas porque não conseguiram liquidar suas dívidas com o governo, porque a economia do país vai mal e você está desempregado.
E fique feliz por que eu não consigo relacionar o resto das obras com problemas.
Mas não fique preocupado, porque o Governo já deu aumento de salário para os seus funcionários. Mas como você e eu não somos funcionários públicos e nem temos empregos, vamos ficar somente babando.
sexta-feira, 3 de junho de 2016
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