quinta-feira, 17 de outubro de 2013
NOMES DE RUAS COM SENTIDO... HOJE OU ONTEM.
Saí da praça da Sé, entrei na rua Direita, mas ela era torta. Aí virei na São Bento, mas não havia nenhum bendito santo. Cheguei na rua da Boa Vista, mas ali não havia vista nenhuma - só prédios enormes colados uns aos outros.
No Pátio do Colégio, não havia colégio algum. Na rua da Quitanda, nenhuma quitanda. No largo do Tesouro, nenhum tesouro (nem piratas). Na avenida da Liberdade, não me senti livre e, no largo da pólvora, não havia pólvora. Desci a ladeira Porto Geral, mas não encontrei nenhum porto.
Curioso, não? Todos esses nomes fazem parte de uma São Paulo muito antiga, onde todos eles tinham uma razão para denominarem esses logradouros.
A estação da Luz, que ficava no bairro da Luz, que tinha este nome, dizem, por causa da existência de uma usina geradora de eletricidade no século XIX. Na verdade, ainda existem resquícios dela na rua João Teodoro, bem perto da estação.
A rua Direita nunca foi direita, mas tinha esse nome porque levava "direto" à igreja de São Pedro (hoje demolida). A rua de São Bento levava ao mosteiro do mesmo nome (ainda leva). A rua da Boa Vista tinha um de seus lados num penhasco e, com isso, tinha realmente uma boa vista.
O Colégio dos Jesuítas ficava no pátio do Colégio. A rua da Quitanda tinha uma quitanda e o tesouro da província ficava no largo do Tesouro. Havia um paiol no largo da pólvora e um porto no final da ladeira do Porto Geral, porque o Tamanduateí passava ali.
Mais longe, existe a rua da Balsa, que levava à balsa no rio Tietê. A rua do Bosque, que passava por um bosque.
Enfim, poucas ruas em São Paulo têm nomes que realmente significam alguma coisa para o logradouro. Outros exemplos são os nomes das avenidas construídas sobre antigos córregos, porém quase todas mudaram de nome: Traição (Bandeirantes), Águas Espraiadas (Roberto Marinho), Cupecê e várias outras. Rua Caminho do Engenho, que era apenas Caminho do Engenho, pois levava a um... engenho.
No mais, fora as que não me lembrei, têm nomes de pessoas que ou não têm fama alguma ou têm a fama ou nenhuma relação com o local.
E algumas perguntas: no Alto da Boa Vista, em Santo Amaro, há uma rua que se chama rua da Fraternidade. A primeira paralela a ela se chama hoje Irineu Marinho, mas até alguns anos era a rua da Liberdade. A rua seguinte se chama Nove de Julho. Se tem este nome, não poderia tê-lo antes de 1932, por motivos óbvios. Teria esta se chamado rua da Igualdade? Afinal, as terras ali, diz a história, eram de um francês. Nunca consegui esta resposta. Como se chamava a rua Nove de Julho antes de ter este nome?
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Ralph, moro na região. Santo Amaro foi anexada a São Paulo em 1935 logo é possivel este nome de rua. Até anos atrás quem tinha uma enorme área ainda verde e nativa na região era um espanhol que veio a falecer. O terreno foi vendido para uma incorporadora que discretamente desmatou quase tudo e agora encontra - se sob júdice.
ResponderExcluirEle falou antes de 1932...e não 1935! Portanto, não tem como, antes de 1932 se chamar nove de julho, pois é uma data histórica do ano de 32. Não se sabe o nome da av ANTES de 1932 e não após.
ExcluirSobrou da antiga usina da Luz a torre que lançava a fumaça da queima de material, e numa parte de suas ruínas pode-se ainda ler "luz "electrica", assim mesmo, com um "c" e sem o acento.
ResponderExcluirSempre achei engraçado que onde morava, em Itaquera, a minha rua não era realmente uma "paisagem noturna" e não havia nenhum índio ali que justificasse uma travessa dela se chamar "dança do fogo".
Erivelto, esses nomes sao culpa do Banco de Nomes da prefeitura paulistana, que batizou as vias com titulos de poemas, nomes de musicas obscuras, personalidades estrangeiras, elementos quimicos, etc. Tenho um blog sobre isso: ruasestranhas.wordpress.com
ExcluirE a propria prefeitura tem o Dicionario de Ruas, ligado ao arquivo historico.
Sobrou da antiga usina da Luz a torre que lançava a fumaça da queima de material, e numa parte de suas ruínas pode-se ainda ler "luz "electrica", assim mesmo, com um "c" e sem o acento.
ResponderExcluirSempre achei engraçado que onde morava, em Itaquera, a minha rua não era realmente uma "paisagem noturna" e não havia nenhum índio ali que justificasse uma travessa dela se chamar "dança do fogo".
Rua Diógenes Ribeiro de Lima - Alto de Pinheiros - SP...chamava-se Estrada da Boiada...pq levava a um Matadouro (de acordo com a tradição)
ResponderExcluirÓtimo blog e ótimo texto! Mas o bairro da Luz não tem esse nome por causa de uma antiga capela de Nossa Senhora da Luz?
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