segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

CEM ANOS ATRÁS

Ferrovias do Estado de S. Paulo em 1935
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Em 29 de dezembro de 1914, a guerra assolava a Europa. Mais tarde , seria chamada de Primeira Guerra Mundial, com a entrada de países de outros continentes, como os Estados Unidos - o que, em grande parte, decidiu a guerra - e até do Brasil, que chegou a mandar soldados tardiamente, tendo eles aportado no Velho Continente poucos dias após o fim da guerra em 1918.

Aqui na terrinha, havia a escassez de produtos, que pioraria bastante nos quatro nos seguintes, pois quase tudo era importado.

Mas, fora a Guerra do Contestado, travada quase toda ela no atual território de Santa Catarina e uma ou outra pequena evolta contra as oligarquias estaduais, o Brasil seguia sua vida, mais ou menos tranquilo.

Nos meus amados trens, podia-se fazer inúmeras viagens, era só escolher. Ir de Jundiaí a Santos, passando pela estação da Luz; tomar na Luz trens da Paulista que levavam nossos avós e bisavós a cidades como Rio Claro e Descalvado, pontas de linha em bitola larga e portanto das melhores viagens. E seguir, trocando de trens, para atingir outras pontas de linhas e ramais, como Barretos, Pontal, Santa Eudoxia, Ribeirão Bonito, Vassununga, Moema (Bento Carvalho), Jaú e Piratininga.

Pela Sorocabana, partindo da estação São Paulo, ou da Sorocabana, atual prédio ao lado da Julio Prestes que foi o DOPS, podíamos chegar até Sussuí (em Palmital), entrando por ramais para alcançar Santa Cruz do Rio Pardo, Piraju, São Pedro, Tietê, Itu, Salto, Bauru e Itararé.

Pela Mogiana, partíamos de Campinas e chegávamos a Araguari, no norte do Triângulo Mineiro, quase Goiás. E por ramais, a Amparo, Serra Negra, Socorro, Monte Alegre do Sul, Monteiros, Guatapará, Espírito Santo do Pinhal, Sapucaí (já em Minas), Guaxupé (Minas), Canoas (em Mococa), Francisco Schmidt (em Pontal), Serrinha (Serrana), Arantes (Cravinhos), Poços de Caldas.

Em Santos, a Southern São Paulo Railway oferecia viagens até Manoel da Nóbrega (em Prainha, Miracatu).

A Douradense levava viajantes de Ribeirão Bonito a Ibitinga, Dourado, Jaúdourado e Bariri.

A Central do Brasil levava-nos da estação do Norte (Roosevelt) até o Rio de Janeiro.

A Noroeste do Brasil seguia de Bauru a Porto Esperança, não tão cerca de Corumbá, mas em pleno Pantanal.

Em Lorena tomávamos o trem para Piquete. Em Cruzeiro, para Três Corações, Varginha e Sapucaí, todas em Minas.

Em Sapucaí, tomávamos o trem da Viação Spucaí para Barra do Piraí, com inúmeras possibilidades de entrar por outros caminhos.

Em Pirassununga, podíamos ser levados a Campos do Jordão, ainda em trem a vapor.

Em Barra Mansa, RJ, podíamos seguir para Bananal, em territótio paulista, da mesma forma que, em Resende, também Estado do Rio, podíamos seguir para São José do Barreiro, assim como Bananal, duas das "Cidades Mortas" de Monteiro Lobato.

Em Itararé, divisa com o Paraná, podíamos seguir para Curitiba, Ponta Grossa, Joinville, Porto Alegre, Santa Maria, Uruguaiana. Até Montevideo e Buenos Aires.

Enfim, naquela época podíamos chegar até Pirapora, no rio São Francisco, para Vitória, no ES, Governador Valadares, MG  e muitos outros lugares.

Durante os anos seguintes, até 1960, a ferrovia se expandiu por São Paulo e pelo Brasil. Vieram as locomotivas Diesel, as elétricas, as modernizações, os carros de metal e de aço inox.

Hoje, tudo isso acabou, fomos morrendo aos poucos. Foi tudo destruído, como se estivéssemos travando uma guerra contra o nosso próprio governo. Pensem nisso.

Tirem suas próprias conclusões..

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