quarta-feira, 16 de outubro de 2013

OS DEZ MAIORES ERROS NA HISTÓRIA DA CAPITAL PAULISTA

Anhangabaú e os Palacetes Prates, hoje desaparecidos (www.piratininga.org)
Em minha modesta opinião, São Paulo é o que é hoje, depois de mais de 450 anos, por causa de uma série de acasos, acertos e erros de decisão.

Claro que, depois de ver a relação que fiz abaixo, muitas pessoas poderão e deverão discordar de minha lista e eventualmente dos comentários que eventualmente haja.

Sem maiores delongas, vamos a eles - não estão necessariamente em ordem de importância:

1) A canalização e eventualmente encanamento dos grandes e pequenos rios que cruzam a cidade, juntamente com a infestação de construções nas suas várzeas originais. (Afinal, se o Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, os três maiores cursos d'água, houvessem sido mantidos em seus cursos originais e as inundações continuassem com seus espaços para ocorrerem, elas não avançariam sobre as ruas e construções, pois estas não haveriam. As Marginais deveriam ter sido construídas ou contornando por fora as grandes curvas originais dos rios, ou, talvez, cruzando-as em nível mais alto e com pontes que passariam sobre essas curvas. E nada de construções nas várzeas!)

2) A destruição do Parque do Anhangabaú, depois da construção do Teatro Municipal e palacetes nos anos 1910 (uma das mais belas visões nos 450 anos da cidade).

3) A destruição ou "viadutização" do Parque Dom Pedro II, construído sobre a antiga Várzea do Carmo nos anos 1920.

4) A impermeabilização excessiva da cidade, com o asfaltamento de ruas e construção de pisos externos e internos para um número excessivo de edifícios.

5) A desativação de inúmeras linhas de ônibus elétricos, especialmente os do corredor Nove de Julho-Santo Amaro e do corredor da rua Augusta e suas continuações (o ônibus elétrico não polui e é silencioso ao extremo).

6) A desativação e não modernização dos bondes paulistanos, especialmente da linha que passava pelas avenidas Ibirapuera e Conselheiro Rodrigues Alves (esta, a atual Vereador José Diniz), pelos seus canteiros centrais.

7) A desativação do Tramway da Cantareira (que deveria ter sido modernizado e tornar-se uma linha da atual CPTM. Há que se lembrar, no entanto, que uma parte de seu percurso original tornou-se linha de metrô).

8) A urbanização da cidade feita sem planejamento, apenas preenchendo os vazios que existiam entre os córregos e as velhas estradas transformadas em avenidas (as ruas abertas não seguiam qualquer norma de alinhamento e não se confrontavam com as ruas dos loteamentos vizinhos).

9) A construção do Minhocão - não por ser uma via elevada, mas sim por ter sido construída em avenidas relativamente estreitas e com baixa altura, o que possibilitou o uso das suas partes baixas como moradia de mendigos e focos de sujeira, degradando todo o seu entorno (porém, essa degradação acabou por conservar praticamente todas as construções antigas ao seu lado, o que manteve a memória nesse trecho. E não tem sentido demoli-lo, pois ele serve ao trânsito, apesar dos pesares).

10) Abandonar inúmeras edificações, antigas e novas, grandes ou pequenas, residenciais ou não, sem dar incentivos para que elas, reformadas, possam abrigar novos moradores ou escritórios sem perder sua estética exterior. (Ao mesmo tempo, tombar construções sem dar qualquer tipo de compensação aos proprietários).

9 comentários:

  1. Acho que o problema é que 10 são pouco, e pior continuam acontecendo como o projeto de urbanização da água branca que vai permitir construções com mais de 42 m de altura em lugares planos e que ainda tinha espaços livre e abertos.

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  2. Concordo plenamente contigo, Ralph! Alguns pontos você tocou muito bem, como a questão dos bondes (manutenção e modernização) e outros fatos, todos relevantes. Como você sabe muito bem, o grande vilão da cidade foi o prefeito Prestes Maia e outros, como Paulo Maluf, por exemplo, que prestigiaram (rabo preso, lobby, comprometimento, corrupção, falcatruas) SÓ os automóveis e outros veículos poluidores, abandonando a questão da hidrovia, dos ônibus elétricos, dos bondes, do metrô, das ferrovias, etc) os quais além de não serem meios de transporte poluidores, são meios de transporte coletivo, coisa que hoje a cidade tanto necessita. Há quase um século as indústrias automobilísticas, petrolíferas, pneumáticas "fizeram a cabeça" (corrupção) dos administradores, dos tomadores de decisão, para prestigiar somente os carros de passeio, cancro capitalista usado como pseudo modo de crescimento, conceito que nada tem a ver com desenvolvimento. Enfim, a cidade ficou deformada, sufocada pela política automobilística, como vemos na recente ampliação das pistas nas marginais do Tietê (inclusão das pistas centrais, além das expressas e locais) que não resolveram nada, enfeiaram ainda mais a cidade, deram dinheiro para as empreiteiras fazerem obras de arte, etc. etc. Sempre o verde é sacrificado para a ampliação dos leitos carroçáveis, comprometendo a qualidade de vida do paulistano.

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  3. Muito boa avaliação, concordo com você Ralph, e concordo com a resposta do Vovô!! Lastimável São Paulo nunca ser governado por alguém que realmente gostasse da cidade e de seus cidadãos.

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  4. Ralph, antes de mais nada um abraço bem forte e parabéns pela sua luta na preservação da memoria paulistana. Concordo em tudo exposto as várzeas e o Elevado Costa e Silva foram as maiores aberrações que São Paulo fez. E cada ano que se passa soluções mais absurdas acontecem tudo por uma questão politica mas maiorias dos investimentos do dinheiro publico só visando o eleitorado e não o bem comum

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  5. Será que se não tivéssemos prefeitos como Washington Luis, Prestes Maia e Paulo Maluf, as coisas teriam sido diferentes?

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  6. Só discordo quanto ao Minhocão. Deveríamos transformá-lo num jardim ou parque suspenso, como foi feito em Nova Iorque. Quanto ao trânsito, o próprio Minhocão inviabilizou a construção de linha e estações de metrô na área. Por isso ele é indefensável mesmo por esse ponto de vista.

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    1. Concordo, Alexandre. Hoje não sou mais a favor da demolição do Minhocão. Ao contrário, acho que ele devia ser mantido, mas desde que fechado para os carros e aberto para os pedestres com um jardim suspenso, compensando o pouco verde da região. Hoje é minhocão aos domingos é um dos raros espaços para se caminhar livremente na cidade.

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  7. O minhocão pode e deve ser demolido e com um plano de preservação do que sobrou...

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