quinta-feira, 5 de julho de 2012

VARGINHA, MAPAS E LINHA


A estação e o pátio continuam mais ou menos da mesma forma hoje, dez anos depois da fotografia acima

Varginha não tem mapa da cidade. Não tem guia, não tem nada. Eu estou na cidade, preciso de um mapa para facilitar a meu trabalho nestes três dias e somente encontrei três exemplares: um no prédio que um dia foi a estação ferroviária, outro numa das imobiliárias que fui e o terceiro é um mapa pequeno onde somente são mostradas as ruas principais, o que não resolve o meu problema.

Hoje tive de procurar diversos endereços específicos na cidade e tive de ir com explicações dadas por quem tem o mapa na cabeça. Deu-me algumas referências e lá fui eu com o meu carrinho. De todos os locais a que tive de ir, apanhei em todos, especificamente em um deles, que, para achar, perdi cerca de 40 minutos, mesmo com indicações.

A imobiliária diz que recebe da prefeitura para vender para quem quiser. Está bem, mas quando foram buscar um para mim, descobriram que não havia mais exemplares. Na minha opinião, isto ocorre porque a procura deve ser mínima e, quando cedem o último para alguém, nem se lembram de providenciar mais deles. Nas bancas de jornais não se acham mapas. Na prefeitura não havia mapas, pelo menos não na secretaria de cultura (a não ser o único que eles tinham aberto embaixo do vidro da mesa), que, em teoria, seria a responsável pela sua distribuição.

Os mapas que vi na secretaria da cultura (que fica na estação) e na imobiliária são diferentes, ou melhor, de impressões diferentes. Se as bancas não o têm, significa que não há procura. E, para piorar, placas nas ruas são algo meio "mosca branca".

O curioso em Varginha é que a cidade mais velha, aquela que sobreviveu mais ou menos sozinha sem os bairros periféricos de hoje (os bons e os ruins), começa no fim da estrada que vem da Fernão Dias, uma BR (aliás, como todo estado brasileiro, menos São Paulo, quase todas as rodovias são federais). Até hoje é assim, mas a cidade avançou ao longo da estrada. Até 1950/60, a cidade tradicional era quadriculada e seguia de baixo, onde a linha férrea costeava o início dessas ruas, para cima, onde hoje existe uma avenida que, mudando de nome constantemente, é a que acompanha o topo do espigão (mais ou menos como, em São Paulo, o espigão Doutor Arnaldo-Paulista-Bernardino de Campos-Domingos de Moraes-Jabaquara).

Do espigão para lá, a cidade começou seu crescimento real nos anos citados acima. Isto é claro - basta notar o aspecto das ruas e avenidas, o estilo das casas, etc. Eu sempre prestei atenção nisso, dá para ver claramente. A cidade, para lá da linha, também avançou - como avançou, também, para além do Moinho Sul Mineiro, aonde os últimos trens cargueiros da linha chegavam até alguns anos atrás.

Por enquanto, não vi ninguém reclamar dos trilhos, pedindo que fossem retirados: e olhem que não encontrei um viaduto sobre a linha, são todas passagens em nível normais. Hoje não passa mais trem, mas os trilhos e as passagens de nível continuam lá, a maioria com seus sinais de "cuidado", aquele famoso X. Também ninguém fala de implantar trem regional ou VLT aproveitando a linha hoje inútil. E olhe que ela acompanha regiões bastante populadas.

O leito ainda, parece, não foi invadido por nada, e, em alguns pontos próximos à antiga estação, passa sobre o leito de algumas ruas. Somente para ressaltar: o último trem de passageiros passou por ali entre 1976 e 1983 (não consegui até hoje uma data correta). Nos últimos anos, Varinha era estação terminal da linha Cruzeiro à Jureia. Após o moinho Sul Mineiro, a linha foi cortada em 1966, para a construção da represa de Furnas, que inundou boa parte dos trilhos entre Varginha e Jureia. Não adiante: o trem não tem vez mesmo.

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