quarta-feira, 23 de março de 2011

OS CEGOS E INCOMPETENTES NÃO VÊEM O ÓBVIO

Estação de Ana Dias, abandonada em 2009. Foto Marcos Nobrega
O ramal ferroviário que ligava as cidades paulistas de Santos e Juquiá atravessa(va) diversos municípios do litoral sul paulista, sobe (subia) e desce (descia) o divisor de águas entre os rios Itanhaém e Ribeira de Iguape e acompanhava o rio Juquiá, afluente do Ribeira, até a cidade de Juquiá.

Construído na primeira metade dos anos 1910 pela Southern São Paulo Railway, empresa que tinha ligações acionárias com o grupo Brazil Railway de Percival Farquhar e Hector Legru, serviu de colonizdor em toda a região e tornou-se praticamente o único meio de ligação não marítimo entre os antiquíssimos municípios de Santos e de Itanhaém.

Em 1925, foi absorvido pelo governo paulista e entregue de mão beijada à ferrovia estatal Sorocabana. Até 1938, era uma ferrovia isolada, não tendo ligação com as ferrovias do planalto. Somente neste ano ligou-se à Mairinque-Santos, entregue nesse ano com festas a que esteve presente o presidente Getulio Vargas, detestado pelos paulistas, mas sempre presente para absorver parte da glória de uma inauguração.

É (era) uma ferrovia com grandes trechos de linhas retas, tanto ao acompanhar as praias de Santos a Peruíbe quanto ao acompanhar o vale do Juauiá entre as estações de Pedro de Barros e de Juquiá. Por essa linha trafegaram trens de passageiros entre os anos de 1913 e 1997, com um brece intervalo entre os anos de 1977 e de 1982.
Parada de Bandeirantes e trilhos cobertos de mato em 2009. Foto Guilherme Moreira Silva
Foi uma das raras ferrovias que teve o tráfego de trens de passageiros extinto e que foi restabelecido. Desde 1971 era administrado pela FEPASA. Com o fim dos trens de passageiros em novemrbo de 1997, continuou dando passagem a trens cargueiros da FEPASA e a partir de 1999 da Ferroban. Em 2003, cada vez mais esparsos, acabaram de vez. A linha foi tomada pelo mato e diversas estações e paradas seguiram no abandono a que já estavam relegadas desde 1997.

A linha está lá até hoje. Trilhos enferrujados, algumas invasões, alguns trechos com asfalto por cima, outros com trilhos roubados. Mas é uma linha com um leito excelente para receber novos trens, com a facilidade de atravessar por grande parte - mais da metade de sua extensão -zona urbana e de ter trechos com retas que permitem velocidades maiores. Ela segue paralela a duas grandes rodovias: a popular "Pedro Taques", cujo nome real é Manoel da Nóbrega e que faz parte da BR-101 e da SP-55 (encavaladas) e a Regis Bittencourt (BR-116).

Foi uma das poucas linhas que ainda na época da sua extinção ainda apresentava grande número de passageiros, mesmo com trens mal cuidados. Houve protestos, pois com a sua desativação os habitantes de toda uma zona que depende fundamentalmente da cidade de Santos passaram a depender somente de ônibus de linha que trafegavam já nessa época por estradas congestionadas e cheias de lombadas. Hoje a situação é pior.

Desde então, diversos políticos da região, tanto da área municipal quanto da estadual, falam todos os anos em reativar a linha de passageiros, seja na região metropolitana de Santos, seja na região mais distante. O fato é que não sai nada. Recentemente, queria-se implantar uma linha de VLTs entre Santos e São Vicente (acho que até Samaritá, não ficou claro). Foi cancelado. No mesmo dia do cancelamento, feito pelo Sr. Alkmin, governador que tem como objetivo na vida eliminar tudo que seu antecessor, Sr. Serra, fez, sejam estas obras boas ou más, desistiu do VLT, mas anunciou que a CPTM estava já fazendo estudos para implantar um trem até a Praia Grande. Na verdade, isto foi anteontem.

Ponte da ferrovia em Mongaguá em 2009 - Foto Thiago
A ideia da CPTM é boa - só não é melhor porque não usa a linha toda até Juquiá (claro que há demanda!). Mas já deu para perceber que ninguém quer é nada, os políticos não são sérios.

Cumpre-me informar também que a partir de 1973 a FEPASA passou a operar um prolongamento dessa linha de Juquiá a Cajati. Ali, somente com cargueiros, os passageiros nunca passaram de Juquiá. Hoje, há muita demanda para passageiros até Cajati, com certeza. Ao lado, as duas rodovias citadas por mim mais acima vivem congestionadas constantemente há anos.

Eu gostaria de ter uma resposta decente do nosso governo, dono das ferrovias, para a pergunta: por que extinguiram os trens de passageiros entre Santos a Juquiá? Por que não se os reimplantaram até agora com trens mais modernos quando há estradas tão congestionadas acompanhando a linha? Por que políticos só brigam entre si em vez de trabalhar e fazer o que é necessário?

Ah, e não vale dizer: "ah, Ralph, você não sabe nada, não tem ideia das dificuldades para se fazer tudo isso, visto de fora por um amador como você, tudo é fácil".

Ora, nada é fácil para vocês por que são uns incompetentes e só olham para o seu próprio umbigo. O Brasil precisa de gente que trabalhe e não faça demagogia. Que briguem (muito) menos e ponham (muitas mais) mãos à obra. Bando de incompetentes.

Um comentário:

  1. Desenvolvimento com políticas ambientais sustentáveis, não são coisas antagônicas. Qualquer pessoa com um mínimo de noções culturais sabe que investimentos em transporte, saneamento básico, urbanismo e infra-estrutura só trazem o progresso por onde passam. Os fatos refletem isto, o atual trajeto Rodo ferroviária Sul não permite ligações periféricas secundárias em seu contorno, e que atravessa inúmeros mananciais, e o futuro norte estão levando em conta estas importantíssimas questões. Com todo respeito, acreditar que o único caminho viável é deixarmos do jeito que está, é no mínimo falta de informação.
    Dentre as obras do PAC uma que deveria estar incluída e ser priorizada antes do TAV é Ligação Rodo Ferroviária Parelheiros–Itanhaém, uma vez que o porto de Santos ultrapassou seu limite de saturação com filas de navios em de mais de 80 unidades, das quais podem ser avistados da Vila Caiçara em Praia Grande, além de que a Via Anchieta por ser a única via de descida permitida para ônibus e caminhões tem registrados congestionamentos e acidentes graves semanalmente, como este de hoje 22/02/2013 em que uma trompa d’agua na baixada paulista deixou o sistema Anchieta / Imigrantes em colapso, e o transito só foi restabelecido na madrugada do dia 24 seguinte, e em épocas de escoamento de safras também a Dom Domenico Rangoni (Piaçaguera–Guarujá) se torna congestionada diariamente, ao contrário da Manoel da Nóbrega, onde somente se fica com problemas em épocas pontuais na passagem de ano, ao porto de Santos, e os futuros portos de Itanhaém / Peruíbe.
    Acredito também, como munícipe, que a estrada mitigaria as condições de estagnação que as cidades vivem, com ruas sem pavimentação, ocupação desordenada do solo, entre outras. Uma ligação da cidade com a região sul da capital traria muitos benefícios, fornecendo mais opções, melhorar a qualidade de vida dos moradores da capital e baixada. Muitas pessoas voltariam a fixar na cidade, inclusive eu. A cidade poderia nos dar mais retorno frente aos impostos que pagamos. Investimentos em Parques Temáticos, Porto, Aeroporto, Ferrovia ligando com a existente, enfim muitos projetos que alavancariam a região como um todo, bem como o desenvolvimento global de toda a região.
    Enquanto outras cidades turísticas litorâneas avançam principalmente no norte fluminense, Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe se voltam ás primitivas cidades sazonais caiçaras sem interesse em desenvolvimento e com metas e avanços financeiros presentes apenas nas mãos de alguns.
    Já passou á hora de ver nossa geração e de nossos filhos se enraizarem na região com bons empregos e educação ao invés de tentar uma melhor condição social em São Paulo, pois Santos também já ultrapassou o limite de saturação.
    Com relação Parelheiros, esta região rural situada ao sul do município de São Paulo, que possui uma carência de saneamento básico, ajudaria enormemente uma fiscalização, urbanização e preservação dos seus mananciais.
    Sinto que o potencial destas cidades não são utilizados, com foco noutros que beneficiam uma minoria retrógrada. Não vejo senão, o apoio irresponsável e egoísta aos interesses escusos.

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