Para mim, a última viagem de trem foi em 13 de maio de 1998. Peguei o carro, deixei num estacionamento perto da estação de Sorocaba e comprei um bilhete no hall da estação para pegar o trem das seis (o único, aliás, que saía dali) para Apiaí. Curiosamente, esse trem não tinha nem um ano de idade – foi a última linha criada pela Fepasa, no final de 1997. Era diária e era um trem de longo percurso regular de passageiros.
Nessa época ainda existia o trem Julio Prestes-Presidente Prudente, também diário. Em Presidente Prudente se podia tomar outro trem para Presidente Epitácio. Na linha da ex-Sorocabana, eram só estes.
O trem para Apiaí saiu às seis pontualmente (é, de vez em quando eles ainda eram pontuais). A primeira estação onde ele parou foi Iperó. Nenhuma antes. Ali ele saía para o ramal de Itararé. Parou em Tatuí, Morro do Alto e chegou a Itapetininga. Lá soltaram a elétrica (uma Loba) e engataram uma diesel. Algum problema deu. Muitas pancadas e 45 minutos mais tarde, ele partiu para o interiorzão.
Parou em Rechan – como em Itapetininga, muita gente estava esperando o trem nessa estação que ficava num pequeno bairro rural. Eles estavam ali só para ver o trem chegar e partir. Um ou outro embarcou e desembarcou. O trem estava quase cheio. Era um sucesso. Conversando com passageiros, eles em sua maioria afirmavam que tomavam o ônibus para Sorocaba de manhã, faziam o que tinham de fazer e voltavam de trem.
Era um carro restaurante e dois de passageiros. Confortável. Tinha o bilheteiro, que checava, uniformizado, as passagens de quem entrava. Conversando com ele, soube que ele morava em Peruíbe. O trem parou também em Engenheiro Hermillo, Angatuba e Buri, Itapeva, também. Toda as estações com muita gente. Mesmo a de Itapeva, já perto da meia-noite.
Aí parou em Nova Itapeva, já no ramal de Apiaí. De Itapeva para Itararé, os trilhos já estavam nessa época cobertos de mato, sem movimento havia anos. Depois de Nova Itapeva, ele parou em uma ou duas estações antes de Apiaí: Entroncamento e Nova Campina, esta, na verdade, uma plataforma de concreto sem nada. Um Volkswagen estava esperando às duas da manhã uma senhora que desceu ali. A esta altura o trem já não estava cheio, mas estava longe de estar vazio.
Em Apiaí ele chegou às duas e meia. Desci na estação, fora da cidade, e fui dormir no banco da estação. Uma hora mais tarde, ele partiu novamente. Antes, claro, subi no trem e dormi até acordar em Itapeva, onde esperamos mais de meia hora para que se tirasse um cargueiro do desvio principal em Buri. A estação de Itapeva estava já em início de deterioração, mas estava aberta e tinha chefe. Dormi de novo, para acordar não muito depois com o nascer do sol perto da estação de Engenheiro Bacelar. Uma maravilha.
Na volta, mais conversa, parando nas mesmas estações e vendo um grupo de pequenos estudantes entrar em Tatuí para fazer uma excursão a Sorocaba. Antes, já havíamos trocado outra vez de locomotiva em Itapetininga, desta vez uma troca feita em apenas 15 minutos. Chegamos em Sorocaba pouco depois do meio-dia. Peguei o carro e fui para São Paulo.
Depois disso, somente trens turísticos e da CPTM. Pena. Mas valeu muito a pena. Esse trem ainda durou até março de 2001. Foi um dos quatro últimos do Estado a ser cancelados pela FERROBAN nesse dia.
Nessa época ainda existia o trem Julio Prestes-Presidente Prudente, também diário. Em Presidente Prudente se podia tomar outro trem para Presidente Epitácio. Na linha da ex-Sorocabana, eram só estes.
O trem para Apiaí saiu às seis pontualmente (é, de vez em quando eles ainda eram pontuais). A primeira estação onde ele parou foi Iperó. Nenhuma antes. Ali ele saía para o ramal de Itararé. Parou em Tatuí, Morro do Alto e chegou a Itapetininga. Lá soltaram a elétrica (uma Loba) e engataram uma diesel. Algum problema deu. Muitas pancadas e 45 minutos mais tarde, ele partiu para o interiorzão.
Parou em Rechan – como em Itapetininga, muita gente estava esperando o trem nessa estação que ficava num pequeno bairro rural. Eles estavam ali só para ver o trem chegar e partir. Um ou outro embarcou e desembarcou. O trem estava quase cheio. Era um sucesso. Conversando com passageiros, eles em sua maioria afirmavam que tomavam o ônibus para Sorocaba de manhã, faziam o que tinham de fazer e voltavam de trem.
Era um carro restaurante e dois de passageiros. Confortável. Tinha o bilheteiro, que checava, uniformizado, as passagens de quem entrava. Conversando com ele, soube que ele morava em Peruíbe. O trem parou também em Engenheiro Hermillo, Angatuba e Buri, Itapeva, também. Toda as estações com muita gente. Mesmo a de Itapeva, já perto da meia-noite.
Aí parou em Nova Itapeva, já no ramal de Apiaí. De Itapeva para Itararé, os trilhos já estavam nessa época cobertos de mato, sem movimento havia anos. Depois de Nova Itapeva, ele parou em uma ou duas estações antes de Apiaí: Entroncamento e Nova Campina, esta, na verdade, uma plataforma de concreto sem nada. Um Volkswagen estava esperando às duas da manhã uma senhora que desceu ali. A esta altura o trem já não estava cheio, mas estava longe de estar vazio.
Em Apiaí ele chegou às duas e meia. Desci na estação, fora da cidade, e fui dormir no banco da estação. Uma hora mais tarde, ele partiu novamente. Antes, claro, subi no trem e dormi até acordar em Itapeva, onde esperamos mais de meia hora para que se tirasse um cargueiro do desvio principal em Buri. A estação de Itapeva estava já em início de deterioração, mas estava aberta e tinha chefe. Dormi de novo, para acordar não muito depois com o nascer do sol perto da estação de Engenheiro Bacelar. Uma maravilha.
Na volta, mais conversa, parando nas mesmas estações e vendo um grupo de pequenos estudantes entrar em Tatuí para fazer uma excursão a Sorocaba. Antes, já havíamos trocado outra vez de locomotiva em Itapetininga, desta vez uma troca feita em apenas 15 minutos. Chegamos em Sorocaba pouco depois do meio-dia. Peguei o carro e fui para São Paulo.
Depois disso, somente trens turísticos e da CPTM. Pena. Mas valeu muito a pena. Esse trem ainda durou até março de 2001. Foi um dos quatro últimos do Estado a ser cancelados pela FERROBAN nesse dia.
É ótimo ler esses relatos. Num primeiro momento, pelas lembranças ferroviárias. Mas também são válidos para percebermos o quanto a falta de planejamento estratégico foi nociva. A falta de investimentos sistemáticos nas ferrovias (pra mim com cara de sabotagem) produziam tantos atrasos, baldeações, troca de locomotivas. E ainda assim o trem estava cheio. E isso era bom até para quem não gostava de viajar de trem: rodovias menos cheias, passagens de ônibus menos caras.
ResponderExcluirMinha última viagem de trem foi no antigo trecho da Mogiana (então FEPASA) entre Uberlândia e Uberaba, em 1997. Foi extinto um mês depois. Já era o final do processo de desmanche para a privataria.
É, no caso, a baldeação existia porque em Itapetininga era o fim da linha eletrificada. Só diesel poderia continuar. Isso vinha desde 1951 naquele ponto. O problema é que a mudança era rapida. Para ser em 45 minutos, havia algum barbeiro como maquinista. E na volta 15 minutos também era um tempo extenso demais. Mas houve sabotagem em alguns trens da fase "pré-final dos tempos", sim.
ResponderExcluirAliás, desculpe-me: escrevi rapido demais. Havia troca de locos ali mas não baldeação. - Ralph
ResponderExcluirNUnca tive a oportunidade de fazer essas viagens, mas sempre sonhei com isso.
ResponderExcluirCopiamos tantas coisas dos EUA e da Europa e não tivemos a capacidade de copiar o sistema ferroviario deles.
So nos resta ter esperanças.
PArabéns pelo site e pelo blgo
eta esse trem de apiai eu viagei nele em 22/02/1998,tenho muitas fotos dessa viagem...nessa viagem que minha namorada teve minha primeira filha,eu estou muito emocionado com esse história que li.
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